A ação da vontade sobre os flui<strong>do</strong>sEis agora arma<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong>s os conhecimentos necessários a explicar como os Espíritos seapresentam revesti<strong>do</strong>s de túnicas, de amplas roupagens, ou, mesmo, de suas roupas costumeiras.Precisávamos demonstrar o poder da vontade fora <strong>do</strong> corp o. Fizemo-lo. Sabemos que os flui<strong>do</strong>s sãoformas rarefeitas da matéria, temos pois, ao nosso alcance, to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos necessários. Aquiestá, agora, a teoria espírita relativa a esse gênero de fenômenos.O Espírito haure, da matéria cósmica ou flui<strong>do</strong> un iversal, os elementos de que necessita paraformar, à sua vontade, objetos que tenham a aparência <strong>do</strong>s diversos corpos existentes na Terra. Podeigualmente, pela ação da sua vontade, op<strong>era</strong>r na matéria elementar uma transformação intima, quelhe dá certas propriedades. Essa faculdade é inerente à natureza <strong>do</strong> Espírito, que muitas vezes aexerce, quan<strong>do</strong> necessário, como um ato instintivo, sem dele se aperceber. Os objetos que o Espíritoforma têm existência temporária, subordinada à sua vontade ou a uma necessi dade. Pode fazê-los edesfazê-los a seu bel-prazer. Em certos casos, tais objetos assumem, aos olhos de pessoas vivas,todas as aparências da realidade, isto é, tornam -se momentaneamente visíveis e, mesmo, tangíveis.Há formação, porém, não criação, porqua nto <strong>do</strong> nada o Espírito nada pode tirar.Nos exemplos que aduzimos, a criação das vestes é atribuível a uma ação inconsciente, masreal, <strong>do</strong> Espírito, que materializou suficientemente aqueles objetos, para os tornar visíveis. A ação éa mesma que nos casos de materialização. É de notar-se, nas experiências de Crookes, que KatieKing se mostra envolta em panos que podem ser toca<strong>do</strong>s, mas que desaparecem com ela., Finda amanifestação.Poder-se-á admitir que o Espírito crie inconscientemente imagens fluídicas, o u, por outra,que seu pensamento, atuan<strong>do</strong> sobre os flui<strong>do</strong>s, possa, a seu mau gra<strong>do</strong>, dar -lhes existência real?Sabemos, de fonte pura, que, voluntariamente, um objeto ou uma criatura podem ser representa<strong>do</strong>smentalmente, de mo<strong>do</strong> bastante real, para que um mé dium vidente chegue a descrever essa idéia.Fomos testemunha várias vezes desse fenômeno e daqui a pouco veremos que experiências feitascom pacientes hipnóticos estabelecem a objetividade dessas formações mentais. Einvoluntariamente, será possível? Os es ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sonho como que indicam de que maneira a ação seexecuta.. Quan<strong>do</strong> temos um sonho lúci<strong>do</strong>, habitualmente nos achamos nele vesti<strong>do</strong>s de um mo<strong>do</strong>qualquer, o que provém da circunstância de estar a idéia de vestes associada sempre, de formainteira, à imagem da nossa pessoa.Se pensamos numa reunião de gala ou numa festa à noite, vemo -nos em trajes de cerimônia,como nos vemos em trajes caseiros se pensamos no nosso <strong>do</strong>micílio. Essa imagem, se exteriorizassebastante, pareceria vestida. Podemos, pois, imagi nar que nos casos de des<strong>do</strong>bramentos, que sãoobjetivações inconscientes, a imagem das vestes acompanha sempre o Espírito e experimenta, comoele, um começo de materialização.O mesmo se dá com os objetos usuais de que costumamos servir -nos: logo que nelespensamos, temos as suas representações mentais, que se pode projetar fluidicamente no espaço. É oque se passa no sonho, com a diferença de que tais produtos da Imaginação, em g<strong>era</strong>l, pouco duram.Há caso, no entanto, em que essas representações mentais per sistem por certo tempo e se objetivam.Um exemplo (228)Um de meus amigos, diz Bodi, viu, certa manhã, ao despertar, de pé junto à sua cama, umapersonagem vestida à moda persa Ele a via tão nitidamente, tão distintamente, como as cadeiras ouas mesas <strong>do</strong> quarto. Esteve, por isso, quase a levantar -se, para verificar de perto o que <strong>era</strong> aqueleobjeto, ou aquela personagem. Olhan<strong>do</strong>, porém, com mais atenção, verificou que, ao mesmo tempoem que via a personagem tão bem quanto possível, igualmente via, com a maio r nitidez, por trásdela, a porta <strong>do</strong> quarto. Ao descobrir isso, a visão sumiu -se. Lembrou-se então o meu amigo de quetiv<strong>era</strong> um sonho no qual o principal papel coub<strong>era</strong> à imagem de um persa. Tu<strong>do</strong> assim se explicavade maneira satisfatória: tornava -se evidente que o sonho fora o ponto de partida da visão e queaquele, de certa forma, continuara depois <strong>do</strong> despertar. Houv<strong>era</strong>, portanto, simultaneamente,percepção de um objeto imaginário e percepção de um objeto real.Essa criação fluídica, essa espécie de fotogr afia mental mais ou menos persistente noespaço, também se revela nos casos seguintes:138
O fisiologista Gruithuisen teve um sonho em que viu principalmente uma chama violáceaque, durante certo tempo após haver ele desperta<strong>do</strong>, lhe deixou a impressão de uma m ancha amarelacomplementar.O Sr. Galton publicou uma memória sobre a faculdade de ver números, de figurá -losimaginativamente, como se tivesse existência real. Cita notadamente o Sr. Bilder, que fezextraordinários prodígios no tocante a esse cálculo ment al e que, de certa forma, consegue ver,pelos seus centros sensórios, números claramente traça<strong>do</strong>s e coloca<strong>do</strong>s em bem determinada ordem.(229)Eis agora uma série de experiências que parecem deixar firma<strong>do</strong> que a criação fluídica éuma realidade. Essas experiências foram feitas pelos Srs. Binet e Ferré (230), que, entretanto, éocioso dizê-lo, explicam os fatos por meio da alucinação. Teremos ocasião de julgar se hácabimento para semelhante hipótese.Examinemos em primeiro lugar um fenômeno que pode produzir -se em esta<strong>do</strong> normal, oupor uma op<strong>era</strong>ção mental, ou, ainda, por sugestão, e nos será fácil demonstrar que, para a mesmaexperiência, produzida pela mesma causa, a explicação daqueles senhores passa a ser diferente,desde que nelas toma parte o hipnotiza<strong>do</strong> .1 – O esta<strong>do</strong> normal. Sabe-se que, posto um objeto colori<strong>do</strong> diante de um fun<strong>do</strong> preto, se oolharmos fixamente durante certo tempo, em breve a nossa vista estará cansada e a intensidade dacor se enfraquece. Se dirigirmos então o olhar para um cartão branc o, ou para o forro da casa,perceberemos uma imagem <strong>do</strong> objeto, mas de cor complementar, isto é, que formaria o branco, seachasse reunida à <strong>do</strong> objeto. Sen<strong>do</strong> vermelho o objeto, a imagem é verde e vice -versa.2 – O esta<strong>do</strong> mental. Se, com os olhos fecha<strong>do</strong>s, c onservarmos a imagem de cor muito vivafixada por muito tempo diante <strong>do</strong> espírito e se, depois, abrin<strong>do</strong> bruscamente os olhos, os dirigirmospara uma superfície branca, veremos aí, por um instante, a imagem contemplada em imaginação,porém, na cor complementar. O experimenta<strong>do</strong>r chega, pois, a figurar para si a idéia <strong>do</strong> vermelho,de mo<strong>do</strong> muito intenso, para ver, ao cabo de alguns minutos, uma mancha verde sobre uma folha depapel. (231)Para que esta experiência tenha senti<strong>do</strong>, preciso se faz que o Espírito vej a realmente as coresvermelhas, sem o que a cor complementar não aparecerá, pois que o op<strong>era</strong><strong>do</strong>r não está hipnotiza<strong>do</strong>.É indispensável que o olho seja impressiona<strong>do</strong>, como o é normalmente, para dar a corcomplementar. Se não for o olho, será um ponto corresp ondente <strong>do</strong>s centros nervosos. O esforçopara criar o vermelho acaba certamente numa ação positiva, porquanto se traduz objetivamente pelamancha verde sobre o papel.3 – Sugestão. Pede-se ao <strong>do</strong>ente em esta<strong>do</strong> sonambúlico que olhe com atenção para umquadra<strong>do</strong> de papel branco, em cujo centro há um ponto preto, a fim de lhe imobilizar o olhar.Sugere-se-lhe, ao mesmo tempo, que aquele pedaço de papel é de cor vermelha ou verde,etc. Ao fim de alguns instantes, apresenta -se-lhe um segun<strong>do</strong> quadra<strong>do</strong> de papel, tend o também, aocentro, um ponto preto. Bastará, então, atrair a atenção <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente sobre esse ponto, para que eleespontaneamente exclame que o ponto está no meio de um quadra<strong>do</strong> colori<strong>do</strong> e a cor que indica é acomplementar da que se lhe mostrou por sugestão.Ainda neste caso dizemos que há produção real da cor, ou diante <strong>do</strong>s olhos <strong>do</strong> hipnotiza<strong>do</strong>,ou nos centros cervicais que lhes correspondem, porquanto ele ignora absolutamente a teoria dascores complementares. Se essa teoria se acha assim verificada, como de fato acontece, é que a corsugerida existe na realidade, quer exteriormente ao paciente, quer interiormente, se o preferirem.Uma idéia abstrata não pode afetar os centros visuais e dar -lhes a impressão da realidade. Houve,pois, criação fluídica de uma cor vermelha e esta, se bem que produzida pela vontade, atua como sefosse visível para toda gente.Pode-se chamar alucinação a essa sensação; mas, será preciso então acrescentar que é umaalucinação verídica, como a das aparições, visto que determinada por uma cor que tem existênciaprópria, embora seja invisível para seres cujo sistema nervoso não se ache em esta<strong>do</strong> de percebê -la.Examinemos agora as outras experiências. Dizem textualmente os Srs. Binet e Ferré:O objeto imaginário que figura na alucinação é percebi<strong>do</strong> nas mesmas condições em que oseria, se ele fosse real.139
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