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A ALMA E IMORTAL - a era do espírito

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Certa noite, vi<strong>era</strong>m chamar o Sr. G..., para ver o primo que caíra de súbito gravementeenfermo de uma inflamação <strong>do</strong>s pulmões. Ninguém nada me diss<strong>era</strong> da gravidade da <strong>do</strong>ença; eu,por tanto, ignorava que o rapaz corria perigo de vida e, por isso, não me inquietava a seu respeito. Anoite, ele morreu. O Sr. G... E sua irmã foram à casa de uma tia, deixan<strong>do</strong> -me sozinha no salão devisitas. Ardia no fogão um fogo vivo e eu, como muitas moças, gostava de estar junto da lareira,para ler à claridade das chamas. Não saben<strong>do</strong> que o meu amigo estava mal, conservava -metranqüila, apenas um pouco aborrecida por não po der ele passar a noite ao meu la<strong>do</strong>, tão só mesentia.Estava eu len<strong>do</strong> calmamente, quan<strong>do</strong> a porta se abriu e Bertie (o meu companheiro) entrou.Levantei-me bruscamente, a fim de aproximar <strong>do</strong> fogo uma poltrona para ele, pois me parecia estarcom frio e não trazia capote, se bem na ocasião nevasse. Pus -me a repreendê-lo por haver saí<strong>do</strong> semse agasalhar bastante. Em vez de responder, ele colocou a mão no peito e abanou a cabeça, o que, ameu ver, queria significar que não sentia frio, que sofria <strong>do</strong> peito e perd <strong>era</strong> a voz, coisa que de vezem quan<strong>do</strong> acontecia. Censurei -lhe ainda mais a imprudência. Estava a falar, quan<strong>do</strong> o Sr. G...entrou e me perguntou a quem me estava dirigin<strong>do</strong>. Respondi: A este insuportável rapaz, que saisem capote, com um resfria<strong>do</strong> tão sério, a ponto de não poder falar. Empreste -lhe o seu capote emande-o para casaJamais esquecerei o horror e o espanto que se pintaram no semblante <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor, porquantosabia (o que eu ignorava) que o pobre rapaz morr<strong>era</strong>, havia uma meia hora, e vinha precisamen tedar-me essa noticia. A sua primeira impressão foi a de que já eu a receb<strong>era</strong> e de que isso meocasionara a perda da razão. Fiquei sem compreender por que me obrigou a sair <strong>do</strong> salão, falan<strong>do</strong> -me como se o fizesse a uma criancinha. Durante alguns momentos t rocamos observaçõesincoerentes, explican<strong>do</strong>-me ele, depois, que eu tiv<strong>era</strong> uma ilusão de óptica. Não negou que euhouvesse visto Bertie com meus próprios olhos; mas, apresentou -me uma explicação muitocientífica dessa visão, temen<strong>do</strong> que me assustasse ou fic asse debaixo de uma impressão aflitiva.Até ao presente, não falei a quem quer que fosse desse acontecimento, em primeiro lugar,porque encerra para mim uma triste recordação e, também, porque temia me tomassem por espíritoquimérico e não me acreditassem. Minha mãe, essa me disse que fora um sonho. Entretanto, o livroque eu lia na ocasião, intitula<strong>do</strong> O Sr. Vernant Oreen, não é <strong>do</strong>s que fazem <strong>do</strong>rmir e recor<strong>do</strong> -mebem de que muito me ria de alguns disparates <strong>do</strong> herói, no instante mesmo em que a porta se abriu .As diversas perguntas que lhe dirigiram os investiga<strong>do</strong>res, a Sra. Stella respondeu:A casa <strong>do</strong> rapaz ficava mais ou menos a um quarto de hora de marcha da <strong>do</strong> Sr. G... E Bertiemorreu cerca de vinte minutos antes que o <strong>do</strong>utor lhe deixasse a casa. Quan<strong>do</strong> o Sr. G... entrou,havia perto de cinco minutos que a aparição estava na sala. O que sempre me pareceu muitosingular é que eu tenha ouvi<strong>do</strong> o ruí<strong>do</strong> da maçaneta a girar e da porta a se abrir. Com efeito, foi oprimeiro desses ruí<strong>do</strong>s que me fez levantar <strong>do</strong> li vro os olhos. A aparição caminhou, atravessan<strong>do</strong> asala, em direção à lareira e se sentou, enquanto eu acendia as velas. Tu<strong>do</strong> se passou de mo<strong>do</strong> tãoreal e natural, que mal posso agora admitir que não fosse uma realidade.Esta última observação mostra que a moça se achava em seu esta<strong>do</strong> habitual. Ria, len<strong>do</strong> umlivro alegre e de mo<strong>do</strong> nenhum se encontrava predisposta a uma alucinação. O Espírito de Bertie,que apenas acabara de aban<strong>do</strong>nar o seu corpo, entra na sala, fazen<strong>do</strong> girar a maçaneta. da porta. Oruí<strong>do</strong> é tão real, que a faz levantar a cabeça. Se tratasse de uma alucinação, quem a teria produzi<strong>do</strong>?Já vimos que a mãe de Helena (108) – fantasma de vivo – abriu uma porta; assistimos aquiao mesmo fenômeno produzi<strong>do</strong> por Bertie, no esta<strong>do</strong> de Espírito. A alma <strong>do</strong> r apaz não é visívelpara o <strong>do</strong>utor – tal qual como o duplo de Frederico (109) para o amigo de Goethe – mas atuatelepaticamente sobre Stella e objetivamente sobre a matéria da porta.Começamos a aperceber-nos, diz F. H. Myers, um <strong>do</strong>s autores <strong>do</strong>s Phantasms, q uãointimamente ligadas se acham as nossas experiências de telepatia entre vivos é telepatia entre osvivos e os mortos. Ninguém, todavia, quer com estas ocupar -se, de me<strong>do</strong> da pecha de misticismo.A aparição se assemelhava tanto a Bertie quan<strong>do</strong> vivo, que a moça lhe fala, o repreende porter saí<strong>do</strong> sem capote. Numa palavra: persuade -se de que ele lá está, pois que caminhou desde aporta até a poltrona em que se sentou.59

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