Até mais amplos esclarecimentos, contentar -nos-emos com os que nos queiram ministrar asindividualidades <strong>do</strong> espaço e tentaremos demonstrar que eles nada têm de contrário às leisconhecidas, não tomadas em sua acepção acanhada, mas consid<strong>era</strong>das em sua filosofia. Nestesestu<strong>do</strong>s, não se deve pedir uma demonstração em regra, que seria impossível produzir -se. Desdeque, porém, por meio de analogias tiradas das leis naturais, possamos formar idéia bastante clara dacausa <strong>do</strong>s fenômenos e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> provável por que se op<strong>era</strong>m, sensível progresso teremos realiza<strong>do</strong>na senda da investigação, banin<strong>do</strong> das nossas concepções a idéia de sobrenatural.O conhecimento <strong>do</strong> perispírito tem grande importância para a explicação das anomalias queos pacientes sonambúlicos apresentam, nos casos, bem comprova<strong>do</strong>s, de visão a distância, detelepatia, de transmissão de pensamentos e de perda da lembrança de tu<strong>do</strong> ao despertar. Do mesmomo<strong>do</strong>, os fenômenos de personalidades múltiplas, os casos de bicorporeidade e as apariçõestangíveis, de que temos fala<strong>do</strong>, podem ser muito bem compreendi<strong>do</strong>s, desde que se admita a nossateoria, ao passo que se conservam inteiramente ine xplicáveis por meio <strong>do</strong> ensino materialista.Em presença de tais fatos, os sábios oficiais guardam prudente mutismo. Se, pelo maior <strong>do</strong>sacasos, falam dessas experiências, é para as declarar apócrifas, indignas de prender a atenção dehomens inteligentes e, então, as assinalam como últimos vestígios atávicos das superstições <strong>do</strong>snossos antepassa<strong>do</strong>s.Importa, porém, que, de uma vez por todas, nos entendamos a esse respeito. Não ignoramosque não se pode absolutamente discutir com quem esteja de parti pris e qu e o Espiritismo, hoje, seacha mais ou menos na mesma situação em que se encontrava o magnetismo há uma vintena deanos. A história aí está a nos mostrar a obstinação estúpida <strong>do</strong>s que se petrificaram nas suas idéiaspreconcebidas.Sabemos o que pensar da penetração de espírito <strong>do</strong>s sucessores daqueles que acreditavamque as pedras talhadas <strong>era</strong>m produzidas pelo trovão; que negaram a eletricidade, zomban<strong>do</strong> deGalvani; que vitup<strong>era</strong>ram e perseguiram Mesmer; que qualificaram de loucura o telefone e ofonógrafo, como, aliás, todas as descobertas novas. Por isso mesmo, sem dar atenção ao banimentomais ou menos sincero a que eles condenam o fenômeno espírita, corajosamente exporá a nossamaneira de ver, apoian<strong>do</strong>-a em fatos positivos e bem estuda<strong>do</strong>s.A despeito de todas as negações possíveis, o fenômeno espírita é uma verdade tão bemcomprovada hoje, que não há fatos científicos mais bem firma<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que eles, entre os que não sãode observação cotidiana, tais como: a queda <strong>do</strong>s aerólitos, as auroras boreais, as tempest adesmagnéticas, a raiva, etc.A ciência está neste dilema: ou os espíritas são charlatães e é falso tu<strong>do</strong> o que elesproclamam e, nesse caso, ela os deve desmascarar, pois que lhe incumbe a instrução <strong>do</strong> povo; ou osfatos que os espíritas têm observa<strong>do</strong> são reais, porém mal referi<strong>do</strong>s e, portanto, errôneas asconclusões que eles daí deduzem, caso em que a ciência se acha obrigada a lhes retificar os erros.Assim, qualquer que seja a eventualidade que se considere, vê -se que o silêncio ou o descasonenhum cabimento têm. Essa a razão por que sinc<strong>era</strong>mente chamamos a atenção <strong>do</strong>s homens deboa-fé para as nossas teorias que, embora ainda muito incompletas, explicam com lógica osdiferentes fenômenos de que acima falamos.Eis, sucintamente, os princípios g<strong>era</strong>is sobre que nos apoiaremos. São os de Allan Kardec,que magistralmente resumiu em sua obra to<strong>do</strong>s os ensinos <strong>do</strong>s Espíritos que o assistiram. (171)Princípios g<strong>era</strong>isReconhecemos a existência de uma causa eficiente e diretora <strong>do</strong> universo: a sublimadainteligência que, pela sua vontade onipotente, imutável, infinita, eterna, mantém a harmonia <strong>do</strong>Cosmos. A alma, a força e a matéria são igualmente eternas, não podem aniquilar -se.A Ciência admite a conservação da matéria e da energia (172), prova rigorosamente que sãoindestrutíveis, mas indefinidamente transformáveis. Do mesmo mo<strong>do</strong>, o Espiritismo dá a certeza daimortalidade <strong>do</strong> eu pensante.O princípio espiritual é a causa de to<strong>do</strong>s os fenômenos intelectuais que se dão nos seresvivos. No homem, esse princípio se toma à alma, que se revela à observação como absolutamentedistinta da matéria, não só porque as faculdades que a determinam (tais como a sensação, o96
pensamento ou a vontade) não se podem conceber revestidas de propriedades físicas, mas,sobretu<strong>do</strong>, por ser ela uma causa de movimento e por se conhecer plenamente a si mesma, o que adiferencia de to<strong>do</strong>s os outros seres vivos e, com mais forte razão, <strong>do</strong>s corpos brutos.E desconhecida a natureza da alma. Tentar defini -la, dizen<strong>do</strong> que é imaterial, nada significa,a menos que com essa palavra se queira precisar a diferença que há entre a sua constituição e a damatéria. Qualquer, porém, que seja o seu mo<strong>do</strong> de existir, ela se mostra simples e idêntica. Aliás, anossa ignorância acerca da natureza da alma é da mesma orde m e tão absoluta, quanto acerca danatureza da matéria ou da natureza da energia. Até agora, somos de to<strong>do</strong> impotentes para penetraras causas primárias e temos que nos contentar com o definir a alma, a matéria e a energia pelas suasmanifestações, sem pretendermos indagar se, de qualquer maneira, procedem umas das outras.Certamente a alma não é a resultante das funções cerebrais, pois que subsiste após a morte<strong>do</strong> corpo. Da análise de suas faculdades ressalta que ela é simples, isto é, indivisível e a exper iênciaespírita confirmam essa verdade, mostran<strong>do</strong> que a sua personalidade se mantém integral depois damorte. O Espiritismo, com o apoiar -se exclusivamente nos fatos, reduz a nada todas as teoriassegun<strong>do</strong> as quais a alma sofre uma desagregação qualquer. O que, ao contrário, se verifica é aindestrutibilidade <strong>do</strong> princípio pensante.Suas faculdades a alma as desenvolve por uma evolução incessante que tem por teatro,alternativamente, o espaço e o mun<strong>do</strong> terrestre. Em cada uma dessas suas passagens, adquire elanova soma de conhecimentos intelectuais e morais, que são conserva<strong>do</strong>s, aperfeiçoa<strong>do</strong>s eaumenta<strong>do</strong>s por uma evolução sem -fim.Possui um livre-arbítrio proporcional ao número de suas encarnações, dependen<strong>do</strong> a suaresponsabilidade <strong>do</strong> grau <strong>do</strong> seu adiantamento moral e intelectual. Assim como o mun<strong>do</strong> físico tema regê-lo lei imutável, também o mun<strong>do</strong> espiritual é regi<strong>do</strong> por uma justiça infalível, de sorte que asleis morais têm sanção absoluta após a morte. Como o Universo não se limita ao imperceptível grãode areia por nós habita<strong>do</strong>, como o espaço formiga de sóis e planetas em número indefini<strong>do</strong>,admitimos que as futuras existências <strong>do</strong> princípio pensante podem desenvolver -se nesses diferentessistemas de mun<strong>do</strong>s, de maneira que a nossa vida se perpetua pela imensida de sem limites.Como pode a alma executar esse processo evolutivo, conservan<strong>do</strong> a sua individualidade e osconhecimentos que adquiriu? Como atua sobre a matéria tangível, durante a encarnação? E o quetentamos determinar em o nosso estu<strong>do</strong> sobre a Evolução a nímica. Aqui, temos que começar porcompreender o papel de cada uma das partes que formam o homem vivo.O ensino <strong>do</strong>s EspíritosSe a questão <strong>do</strong> homem espiritual se conservou por tão longo tempo em esta<strong>do</strong> hipotético, éque faltavam os meios de investigação direta. Assim como as ciências não pud<strong>era</strong>m desenvolver -seseriamente, senão depois que se inventaram o microscópio, o telescópio, a análise espectral e,ultimamente, a radiografia, também o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito tomou prodigioso impulso com a hipnosee, principalmente, depois que a mediunidade tornou possível o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito desprendi<strong>do</strong> damatéria corpórea. Aqui está o que as nossas relações com os Espíritos nos ensinaram relativamenteà constituição da alma.Das numerosas observações feitas no mun<strong>do</strong> int eiro resulta que o homem é forma<strong>do</strong> dareunião de três princípios: 1 – a alma ou espírito, causa da vida psíquica; 2 – o corpo, envoltóriomaterial, a que a alma se associa temporariamente, durante a sua passagem pela Terra; 3 – operispírito, substrato fluídico que serve de liame entre a alma e o corpo, por intermédio da energiavital. Do estu<strong>do</strong> desse órgão decorrem conhecimentos novos, que nos permitem explicar as relaçõesda alma e <strong>do</strong> corpo; a idéia diretora que preside à formação de to<strong>do</strong> indivíduo vivo; a conservação<strong>do</strong> tipo individual e específico, sem embargo das perpétuas mutações da matéria; enfim, o tãocomplica<strong>do</strong> mecanismo da máquina vivente.A morte é a desagregação <strong>do</strong> invólucro carnal, aquele que a alma aban<strong>do</strong>na ao deixar aTerra; o perispírito a acompanha, conservan<strong>do</strong>-se-lhe sempre liga<strong>do</strong>. Forma-o a matéria em esta<strong>do</strong>de extrema rarefação. Esse corpo etéreo, que no esta<strong>do</strong> normal nos é invisível, existe, portanto, nocurso da vida terrestre por seu intermédio que o eu percebe as sensações físicas e é também por seuintermédio que o espírito pode revelar, no exterior, o seu esta<strong>do</strong> mental.97
- Page 1 and 2:
GABRIEL DELANNEA ALMA E IMORTAL
- Page 4:
CAPITULO III - O MUNDO ESPIRITUAL E
- Page 7 and 8:
da distinção existente entre a al
- Page 10 and 11:
o como dessa imortalidade. Qual, no
- Page 12 and 13:
De certas passagens do Avestá se h
- Page 14 and 15:
O mestre das sentenças, Pedro Lomb
- Page 16 and 17:
assunto. E de admirar-se a lógica
- Page 18 and 19:
Não ignoramos que a crítica conte
- Page 20 and 21:
Alucinação auditiva, dirá o dout
- Page 22 and 23:
As narrações de ChardelVamos agor
- Page 24 and 25:
visões. Para provar o que avançav
- Page 26 and 27:
O padre Almignana, já citado, pare
- Page 28 and 29:
CAPITULO III - TESTEMUNHOS DOS MÉD
- Page 30 and 31:
pouco, se foram reunindo os ensinam
- Page 32 and 33:
R: — E. Ele se encontra ao lado d
- Page 34 and 35:
Sentaram-se à mesa da tiptologia d
- Page 36 and 37:
R: - Posso.Após um instante de exp
- Page 38 and 39:
com efeito, a sua figura cheia de n
- Page 40 and 41:
perdida. Suicidou-se então nas cer
- Page 42 and 43:
3 - As impressões que os fantasmas
- Page 44 and 45:
saía de flanela da mãe de Helena,
- Page 46 and 47: A Sr Varley estava noutro quarto po
- Page 48 and 49: percebia na penumbra produzida pelo
- Page 50 and 51: para me ir deitar, ouvi distintamen
- Page 52 and 53: Disse em resposta: Quase me afoguei
- Page 54 and 55: em leitos diferentes. Estando sua a
- Page 56 and 57: Espera! há uma carta nessa fumaça
- Page 58 and 59: Fazemos a respeito algumas observa
- Page 60 and 61: Se o fenômeno se houvera produzido
- Page 62 and 63: dizer coisa alguma, pois já sei qu
- Page 64 and 65: um morto, ou a realidade de um fen
- Page 66 and 67: Eu nunca tivera nenhuma alucinaçã
- Page 68 and 69: O caso do Sr. SteadO Borderland, de
- Page 70 and 71: que - embora fluídico - tinha para
- Page 72 and 73: comunicação dos Espíritos dos vi
- Page 74 and 75: um poderoso eletroímã - com o aux
- Page 76 and 77: provavelmente de seus corpos materi
- Page 78 and 79: Dassier cita muitos casos semelhant
- Page 80 and 81: A 14 de março de 1874, convidado,
- Page 82 and 83: O Sr. Bonner ainda obteve a fotogra
- Page 84 and 85: uma mão pequenina, da mesma indivi
- Page 86 and 87: O Sr. Harrison atendeu a 25 de abri
- Page 88 and 89: grande braço de homem, nu até a e
- Page 90 and 91: Uma das mais interessantes fotograf
- Page 92 and 93: às comunicações, em número de u
- Page 94 and 95: também a configuração física, q
- Page 98 and 99: Tem-se dito que o Espírito é uma
- Page 100 and 101: eternamente pelo espaço em pensame
- Page 102 and 103: A unidade da matériaA primeira vis
- Page 104 and 105: As famílias químicasProcedendo à
- Page 106 and 107: As forçasCitemos de novo o nosso i
- Page 108 and 109: Sendo tudo relativo, esses fluidos
- Page 110 and 111: infinitamente pequeno; a chapa foto
- Page 112 and 113: Com efeito, segundo cálculos de pr
- Page 114 and 115: Incontestavelmente, reina continuid
- Page 116 and 117: Como a esfera dágua de igual raio
- Page 118 and 119: examinado e freqüentemente despido
- Page 120 and 121: Se as materializações não passam
- Page 122 and 123: Logo duas figuras de mulher, que co
- Page 124 and 125: Quando o duplo inteiro de Eglinton
- Page 126 and 127: Outra observação também muito im
- Page 128 and 129: caracteres pareciam verdadeiramente
- Page 130 and 131: não é mais do que o resíduo do E
- Page 132 and 133: fantasma se apresentou, oscilando o
- Page 134 and 135: contingências da matéria, acha-se
- Page 136 and 137: O farmacêutico de Charmes aplica n
- Page 138 and 139: A ação da vontade sobre os fluido
- Page 140 and 141: Exemplo: Se por sugestão se faz ap
- Page 142 and 143: Em seu livro: O magnetismo animal,
- Page 144 and 145: diante desses dois mil casos perfei
- Page 146 and 147:
(7) Xaspéro - Arqueologia Egípcia
- Page 148 and 149:
Entretanto, vendo que o Dr. Moroni
- Page 150 and 151:
(135) Veja-se a Revista Científica
- Page 152 and 153:
21 séculos de irradiação, vê-se