Quan<strong>do</strong> o duplo inteiro de Eglinton se materializa, assemelha -se a tal ponto ao seu corpofísico, que há mister se veja o médium a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong> na sua cadeira, para se ficar persuadi<strong>do</strong> de queele não está no lugar onde se encontra a aparição. Quan<strong>do</strong> a Sra. Fay se mostra entre as duasmetades da cortina, com suas vestes e o seu rosto, perfeitamente semelhante ao seu corpo físico,com os mesmos traços fisionômicos, cor <strong>do</strong>s olhos, <strong>do</strong> cabelo, da pele, faz -se preciso que a correnteelétrica lhe atravesse o organismo carnal, para se ter a certeza de não ser este o que se está ven<strong>do</strong>.Vi, diz o Sr. Brackett (204) – experimenta<strong>do</strong>r muito céptico e muito prudente –, centenas deformas materializadas e, em muitos casos, o duplo fluídico <strong>do</strong> médium assemelhan<strong>do</strong> -se-lhe tanto,que eu teria jura<strong>do</strong> ser o próprio médium, se não visse o mesmo duplo desmaterializar -se diante demim e não houvesse, logo após, comprova<strong>do</strong> que o médium se conservava a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>.Não acreditamos possa alguém citar um único exemplo de haver um duplo de vivo muda<strong>do</strong>o seu tipo, exclusivamente por vontade própria. Ao contrário, da observação das apariçõesespontâneas, tanto quanto das obtidas pela experiência, resulta que, se nenhuma influência exteriorfor exercida, o Espírito se mostra sempre sob a forma corpórea que lhe car acteriza a personalidade.Dar-se-á tenha ele, depois da morte, um poder que lhe faltava em vida? Poderia o Espírito dar aoseu corpo espiritual forma idêntica à de outro Espírito, de maneira a ser o sósia deste? É o quevamos examinar.A primeira vista, parece que o fenômeno da transfiguração confirma a opinião de que oEspírito pode mudar de forma. Mas, será mesmo assim? Em realidade, o paciente é inteiramentepassivo. Não é, pois, consciente ou voluntariamente que modifica o seu próprio aspecto. Ele sofreuma influência estranha, que substitui pela sua aparência a <strong>do</strong> médium, pois que, g<strong>era</strong>lmente, estenão conhece o Espírito que sobre ele atua. Não se pode, portanto, pretender que o Espírito de ummédium seja capaz – eo ipso – de se transformar. Em nenhum c aso foi isso ainda demonstra<strong>do</strong> e asubstituição de forma bem se pode atribuir a outro Espírito, visto que, quan<strong>do</strong> o des<strong>do</strong>bramento seproduz de mo<strong>do</strong> espontâneo, a forma <strong>do</strong> Espírito é sempre a <strong>do</strong> corpo.Estudemos agora os casos em que a aparição é manifestam ente diferente <strong>do</strong> médium e <strong>do</strong>seu duplo.Porventura já se comprovou que um Espírito, ten<strong>do</strong> -se mostra<strong>do</strong> sob uma forma bemdefinida, haja muda<strong>do</strong> de aspecto diante <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res, assumin<strong>do</strong> outra inteiramente diversa daprimeira? Jamais semelhante fenômeno se produziu. A única observação, <strong>do</strong> nosso conhecimento,que tem alguma relação com esse assunto, é a que relata o Sr. Donald Mac Nab, que conseguiufotografar e tocar, com seis amigos seus, a materialização de uma moça que reproduziuabsolutamente um velho desenho datan<strong>do</strong> de vários séculos, desenho que muito impressionara omédium. Nada, porém, prova, nesse exemplo, que essa aparição não seja a da moça representada nodesenho, ten<strong>do</strong> basta<strong>do</strong> perfeitamente, para atraí -la, o pensamento simpático <strong>do</strong> médium. Não está,pois, de mo<strong>do</strong> algum estabeleci<strong>do</strong> que seja essa uma transformação <strong>do</strong> duplo <strong>do</strong> médium, nemtampouco uma criação fluídica objetivada pelo seu cérebro. O que algumas vezes se há verifica<strong>do</strong>são modificações no talhe, na coloração <strong>do</strong> semblante, na express ão da fisionomia da aparição.Pode variar muito o grau da sua materialidade e, sen<strong>do</strong> esta fraca, não acentuar bastante os detalhesda semelhança; mas, o tipo g<strong>era</strong>l não muda. As modificações são as de um mesmo modelo e nãochegam para representar outro ser.Tomemos o exemplo de Katie King. Indubitavelmente, ela não <strong>era</strong> um des<strong>do</strong>bramento deFlorence Cook, porquanto esta, vígil, conversa durante alguns minutos com Katie e o Sr. Crookes,que as vê a ambas. A independência intelectual <strong>do</strong> Espírito materializa<strong>do</strong> se revela ai com toda aclareza, nada ten<strong>do</strong> de duvi<strong>do</strong>so com relação ao corpo físico, visto que o Sr. Crookes assinalou asdiferenças de talhe, de tez, de cabeleira e, o que é mais importante, <strong>do</strong>s caracteres fisiológicos entreas duas.Uma noite, contei as pulsações de Katie. Seu pulso batia regularmente 75, ao passo que o daSrta. Cook, poucos instantes depois, chegava a 90, algarismo habitual. Colan<strong>do</strong> o ouvi<strong>do</strong> ao peitode Katie, ouvi-lhe o coração a bater dentro e os seus batimentos ainda mais regulares <strong>era</strong>m <strong>do</strong> queos <strong>do</strong> coração da Srta. Cook, quan<strong>do</strong>, após a sessão, ela me permitiu a mesma experiência.Ausculta<strong>do</strong>s, os pulmões de Katie se revelaram mais sãos <strong>do</strong> que os <strong>do</strong> seu médium que, na ocasiãoem que fiz a minha experiência, estava em tratamento médico par a um forte resfria<strong>do</strong>.124
Evidentemente, segun<strong>do</strong> o que se acaba de ler, Katíe não <strong>era</strong> a figura nem <strong>do</strong> corpo, nem <strong>do</strong>duplo <strong>do</strong> médium. Tinha uma individualidade distinta, se bem nem sempre aparecesse por inteiro.Numa sessão com Varley, engenheiro -chefe das linhas telegráficas da Inglaterra, estan<strong>do</strong> a médiumfiscalizada eletricamente, Katie só se mostrou materializada a meio, até à cintura apenas, faltan<strong>do</strong>ou conservan<strong>do</strong>-se invisível o resto <strong>do</strong> corpo.Apertei a mão àquele ser estranho, diz o célebre engenheiro, e , ao terminar a sessão, man<strong>do</strong>uKatie que eu fosse despertar a médium. Achei a Srta. Cook em transe, isto é, a<strong>do</strong>rmecida, como eu adeixara, e intactos to<strong>do</strong>s os fios de platina. Despertei -a.Segun<strong>do</strong> Epes Sargent, nos primeiros tempos, apenas se via o rosto; não havia cabelos, nemcoisa alguma acima da fronte. Parecia uma máscara animada. Após cinco ou seis meses de sessões,apareceu a forma completa. Esses seres então se condensam mais facilmente e mudam de cabelos,de vestuário, de cor da tez, à vontade. Mas , note-se bem que é sempre o mesmo tipo, nunca umaoutra forma.Neste ponto, faz-se necessário precisemos bastante o que entendemos pelo termo tipo.Quan<strong>do</strong> se comparam fotografias de um indivíduo, tiradas em diversas épocas de sua vida,reconhecem-se grandes diferenças entre as que ele tirou na idade de 15 anos e as que o representamaos 30 anos. Tu<strong>do</strong> se modificou profundamente. Os cabelos embranquec<strong>era</strong>m ou rarearam, os traçosse acentuaram ou ampliaram; notam -se rugas onde antes só se via plena juvenilidad e. Entretanto,com um pouco de atenção, chega -se a perceber que essas divergências não são fundamentais, que seencerram dentro de limites defini<strong>do</strong>s, dentro <strong>do</strong> que constitui, durante a vida toda, a característica daindividualidade: o tipo. Podemos perfeit amente conceber que o perispírito seja capaz de reproduziruma dessas formas, pois que evolveu através delas neste mun<strong>do</strong>. Essa faculdade de fazer que umaimagem reviva de si mesma assemelha -se a um avivamento de lembranças, o qual evoca uma épocapassada e a torna presente para a memória. Desde que nada se perde no envoltório fluídico, asformas <strong>do</strong> ser se fixam nele e podem reaparecer sob o influxo da vontade. Isso se demonstra pormeio de alguns exemplos.Voltemos ao testemunho <strong>do</strong> Sr. Brackett, cita<strong>do</strong> pelo Sr. Erny.Numa sessão de materialização, vi um mancebo de grande estatura dizer -se irmão dasenhora que me acompanhava e que lhe replicou: Como poderia eu reconhecê -lo, se não o vejodesde criança? Para logo, a figura diminuiu de talhe pouco a pouco, até chegar à <strong>do</strong> menino que asenhora conhec<strong>era</strong>. Observei outros casos <strong>do</strong> mesmo gênero, acrescenta Brackett.Aqui está outro testemunho seu:Uma das formas que aparecem em casa da Sra. F... disse ser Berta, minha sobrinha porafinidade. Como eu me mostrasse duv i<strong>do</strong>so, a forma desapareceu e voltou com a voz e o talhe deuma criança de quatro anos, idade em que morr<strong>era</strong>. Não <strong>era</strong> um des<strong>do</strong>bramento, porquanto omédium tem sotaque alemão e Berta não. Quanto ao ser uma figurante paga pela Sra. F..., desafioseja quem for que se desmaterialize diante de mim, como Berta se desmaterializou.Façamos aqui uma observação importante. Os <strong>do</strong>is Espíritos que se reportam à sua meninicetêm uma estatura e uma aparência diversas das que se lhes conhec<strong>era</strong>m neste mun<strong>do</strong>. Pode -seadmitir sejam estatura e aparência de uma vida anterior à precedente, o que nos conduz à lei g<strong>era</strong>l,ensinada por Allan Kardec, de que um Espírito suficientemente adianta<strong>do</strong> pode assumir, à suavontade, qualquer <strong>do</strong>s tipos pelos quais tenha evolvi<strong>do</strong> no curso de suas existências sucessivas.Com essa questão, porém, não temos que nos ocupar, <strong>do</strong> ponto de vista da identidade, porquantoapenas nos interessa a última forma, a que conhecemos.Não se deverá concluir <strong>do</strong> que fica dito que um Espírito farsista não possa disfarç ar-se, demaneira a simular uma personagem histórica, mais ou menos fielmente. Claro que a um farsanteserá possível sempre criar o redingote cinzento e o chapéu de Napoleão, bem como uma auréola eum par de asas, a fim de que o tomem por um anjo. Se, porv entura, ele tiver uma vaga parecençacom Bonaparte ou com as tradicionais imagens de São José, poderá enganar os inexperientes, osingênuos, os desprovi<strong>do</strong>s de senso crítico. Esse gênero de embuste pode mesmo ser emprega<strong>do</strong> porEspíritos pouco escrupulosos no tocante à escolha <strong>do</strong>s meios para sustentar certas crenças: mas,grande distância vai dessas caricaturas às experiências cientificamente realizadas, quais as quetemos cita<strong>do</strong> neste livro.125
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