assunto. E de admirar-se a lógica potente desse pensa<strong>do</strong>r profun<strong>do</strong> que, há mais de cento ecinqüenta anos, encontrou as verdadeiras condições da imortalidade.Estudan<strong>do</strong> com algum cuida<strong>do</strong>, diz ele, as faculdades <strong>do</strong> homem, observan<strong>do</strong> -lhes as mútuasdependências ou a subordinação que as submete umas às outras e a seus objetos, logramosfacilmente descobrir por que meios natu rais elas se desenvolvem e aperfeiçoam neste mun<strong>do</strong>.Podemos, pois, conceber meios análogos mais eficazes, que levem essas faculdades a mais alto graude perfeição.O grau de perfeição que o homem neste mun<strong>do</strong> pode atingir está em relação com os meiosque lhe são faculta<strong>do</strong>s para conhecer e agir. Também esses meios estão em relação direta com omun<strong>do</strong> que ele atualmente habita.Assim, uma vez que o homem <strong>era</strong> chama<strong>do</strong> a habitar sucessivamente <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>sdiferentes, sua constituição originária tinha que conter co isas relativas a esses <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s. O corpoanimal tinha que estar em relação direta com o primeiro mun<strong>do</strong>, o corpo espiritual com o segun<strong>do</strong>.Por <strong>do</strong>is meios principais poderão aperfeiçoar -se no mun<strong>do</strong> vin<strong>do</strong>uro todas as faculdades <strong>do</strong>homem: mediante senti<strong>do</strong>s mais apura<strong>do</strong>s e senti<strong>do</strong>s novos. Os senti<strong>do</strong>s são a fonte primária deto<strong>do</strong>s os conhecimentos. As nossas idéias mais refletivas, mais abstratas derivam sempre das nossasidéias sensíveis.O espírito nada cria, mas op<strong>era</strong> incessantemente sobre a multidão quase infinita depercepções diversas que ele adquire pelo ministério <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s.Dessas op<strong>era</strong>ções <strong>do</strong> espírito, que são sempre comparações, combinações, abstrações,nascem, por g<strong>era</strong>ção natural, todas as ciências e todas as artes.Destina<strong>do</strong>s a transmitir ao espírito as impressões <strong>do</strong>s objetos, os senti<strong>do</strong>s se acham emrelação com estes. O olho está em relação com a luz, o ouvi<strong>do</strong> com o som, etc. (36)Quanto mais perfeitas, numerosas, diversas são as relações que os senti<strong>do</strong>s mantêm com osobjetos, tanto mais qualidades destes elas manifestam ao espírito e, ainda, tanto mais claras, vivas ecompletas são as percepções dessas qualidades.Quanto mais viva e completa é a idéia sensível que o espírito adquire de um objeto, tantomais distinta é a idéia refletida que deste ele forma.Concebemos, sem dificuldade, que os nossos senti<strong>do</strong>s atuais são suscetíveis de alcançar umgrau de perfeição muito superior ao que lhes reconhecemos neste mun<strong>do</strong> e que nos espanta emcertos indivíduos. Podemos mesmo formar idéia nítida desse acré scimo de perfeição, pelosprodigiosos efeitos <strong>do</strong>s Instrumentos de óptica e de acústica.Imagine-se Aristóteles a observar o microscópio, ou a contemplar Júpiter e suas luas comum telescópio. Quais não teriam si<strong>do</strong> a sua surpresa e o seu enlevo! Quais não s erão também osnossos, quan<strong>do</strong>, revesti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> nosso corpo espiritual, houver ganha<strong>do</strong> os nossos senti<strong>do</strong>s toda aperfeição que podem receber <strong>do</strong> benfazejo autor <strong>do</strong> nosso ser!Poderemos, se quisermos, imaginar que então os nossos olhos reunirão as vantagens <strong>do</strong>microscópio às <strong>do</strong> telescópio e que se proporcionarão exatamente a todas as distâncias. Quãosuperiores serão as lentes dessas novas lunetas às de que a arte se gloria! Aos outros senti<strong>do</strong>s aplica -se o que acaba de ser dito <strong>do</strong> da vista. Quais não seriam os r ápi<strong>do</strong>s progressos das nossas ciênciasfísico-matemáticas, se da<strong>do</strong> nos fosse descobrir os princípios primários <strong>do</strong>s corpos, quer flui<strong>do</strong>s,quer sóli<strong>do</strong>s! Veríamos, então, por intuição, o que tentamos adivinhar com o auxílio de raciocíniose cálculos, tanto mais incertos, quanto mais imperfeito é o nosso conhecimento direto. Queinfinidade de relações nos escapa, precisamente porque não podemos perceber a figura, asproporções, a disposição desses corpúsculos infinitamente pequenos sobre os quais, entretanto,repousa o grande edifício da natureza!Muito difícil igualmente nos é conceber que o gérmen <strong>do</strong> corpo espiritual pode conter, desdejá, os elementos orgânicos de novos senti<strong>do</strong>s, que somente na ressurreição se hão de desenvolver.(37)Esses novos senti<strong>do</strong>s nos manifestarão nos corpos propriedades que neste mun<strong>do</strong> nos serãosempre desconhecidas. Que de qualidades sensíveis ainda ignoramos e que não descobriremos semespanto! Não chegamos a conhecer as diferentes forças disseminadas na natureza, a não ser emrelação aos diferentes senti<strong>do</strong>s sobre os quais elas exercem sua ação. Quantas forças, de que não16
suspeitamos sequer a existência, porque nenhuma relação existe entre as idéias que adquirimos comos nossos cinco senti<strong>do</strong>s e as que somente com outros senti<strong>do</strong>s poder emos adquirir! (38)Ergamos o olhar para a abóbada estrelada; contemplemos essa coleção imensa de sóis e demun<strong>do</strong>s pulveriza<strong>do</strong>s no espaço e admiremos que este vermezinho a que se dá o nome de homemtenha uma razão capaz de penetrar na existência desses mun <strong>do</strong>s e de lançar-se assim até aosextremos da criação!Insistin<strong>do</strong> logicamente no que para ele <strong>era</strong> uma hipótese, mas que para nós é uma certezaexperimental, acrescenta aquele autor:Se o nosso conhecimento refleti<strong>do</strong> deriva essencialmente <strong>do</strong> nosso conhecime nto intuitivo;se as nossas riquezas intelectuais aumentam pelas comparações que estabelecemos entre as nossasidéias sensíveis de to<strong>do</strong> gênero; se quanto mais comparamos, tanto mais conhecemos; se,finalmente, a nossa inteligência se desenvolve e aperfeiço a a medida que as nossas comparações seestendem, diversificam, multiplicam, quais não serão o acréscimo e o apuro <strong>do</strong>s nossosconhecimentos naturais, quan<strong>do</strong> já não estivermos limita<strong>do</strong>s a comparar indivíduos com indivíduos,espécies com espécies, reinos com reinos e nos for da<strong>do</strong> comparar os mun<strong>do</strong>s com os mun<strong>do</strong>s!.Se a Inteligência suprema variou neste mun<strong>do</strong> todas as suas obras; se não criou coisasidênticas; se harmônica progressão reina entre to<strong>do</strong>s os seres terrenos; se uma mesma cadeia osprende a to<strong>do</strong>s, como não há de ser provável que essa mesma cadeia maravilhosa se prolongue porto<strong>do</strong>s os mun<strong>do</strong>s planetários, que os una to<strong>do</strong>s e que eles não sejam mais <strong>do</strong> que partes consecutivase infinitesimais da mesma série. (39).De que sentimento não se verá inundada n ossa alma, quan<strong>do</strong>, após haver estuda<strong>do</strong> a fun<strong>do</strong> aeconomia de um mun<strong>do</strong>, voarmos para outro e compararmos entre si essas duas economias! Qualnão será então a perfeição da nossa cosmologia! Quais não será a gen<strong>era</strong>lização e a fecundidade <strong>do</strong>snossos princípios, o encadeamento, a multidão e a justeza das nossas conseqüências. Que luz não seirradiará de tantos objetos diversos sobre os outros ramos <strong>do</strong>s nossos conhecimentos, sobre a nossaastronomia, sobre as nossas ciências racionais e, principalmente, sobre ess a ciência divina, que seocupa com o Ser <strong>do</strong>s seres!Estas induções, tão bem estabelecidas pelo raciocínio, se acham plenamente justificadas emnossa época. Já no organismo humano existe o corpo destina<strong>do</strong> a uma vida superior; desempenha aíum papel de primeira ordem e é graças a ele que podemos conservar o tesouro das nossas aquisiçõesintelectuais. Mais adiante comprovaremos que o perispírito é uma realidade física tão certa quanto a<strong>do</strong> organismo material: ele é visto, toca<strong>do</strong>, fotografa<strong>do</strong>. Numa palavra: o q ue não passava de teoriafilosófica, grandiosa e consola<strong>do</strong>ra, mas sempre negável, é exato, tornou -se uns fatos científicos,que oferece àqueles remédios <strong>do</strong> espírito a consagração inatacável da experiência.CAPITULO II – ESTUDO DA <strong>ALMA</strong> PELO MAGNETISMOSUMARIO: A vidente de Prévorst. – A correspondência entre Billot e Deleuze. – OsEspíritos têm um corpo afirmações <strong>do</strong>s sonâmbulos. – Trazimentos. – As narrações de Chardel. –Outros testemunhos – As experiências de Cahagnet. – Uma evocação. – Primeiras demonstraçõespositivas.Acabamos de ver, no capitulo precedente, que a idéia de uma certa corporeidade,Inseparável da alma, constituiu crença quase g<strong>era</strong>l da Antigüidade e a de uma multidão depensa<strong>do</strong>res até à nossa época (40) E evidente que essa concepção r esulta da dificuldade queexperimentamos em imaginar uma entidade puramente espiritual. Os nossos senti<strong>do</strong>s só nos dão aconhecer a matéria e mister se torna nos utilizemos a vista interior, para sentirmos que há em nósalgo mais <strong>do</strong> que esse princípio. O Pe nsamento, por si só, nos faz admitir, dada a sua carência decaracteres físicos, a existência de alguma coisa que difere <strong>do</strong> que cai sob a apreciação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s.Mas, a idéia de um corpo fluídico também resulta das aparições. E manifesto que, quan<strong>do</strong> sevê a alma de uma pessoa morta, forçoso é se lhe reconheça uma certa objetividade, sem o que ela seconservaria invisível. Ora, esse fenômeno se há produzi<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os tempos e nas históriasreligiosas e profanas formigam exemplos dessas manifestações <strong>do</strong> al ém.17
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Entretanto, vendo que o Dr. Moroni
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