dizer coisa alguma, pois já sei que Filipe morreu. Ontem à tarde, estan<strong>do</strong> a passear com minha filhaCatarina, os <strong>do</strong>is de repente o vimos. Estava na alameda, <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da estrada, entre duaspessoas, sen<strong>do</strong> uma delas um moço vesti<strong>do</strong> de preto. Minha filha foi a primeira a percebê -lo eexclamou: — Papai, já viste alguém tão pareci<strong>do</strong> com o Filipe como aquele rapaz? — Como ele,não, respondi, pois que é ele próprio!Coisa singular: minha filha nenhuma importância ligou a esse episódio. Para ela, apenasvíramos alguém que se parecia extraordinariamente com seu irmão. Encaminhamo -nos para aquelastrês formas. Filipe olhava sorridente e com uma expressão de ventura para o mancebo vesti<strong>do</strong> depreto, que <strong>era</strong> mais baixo <strong>do</strong> que ele. De repente, como que se desvanec<strong>era</strong>m às minhas vistas enada mais vi, senão um camponês que antes eu divisara através daquelas três formas, o que melevou a pensar que <strong>era</strong>m Espíritos. Contu<strong>do</strong>, a ninguém falei, temen<strong>do</strong> afligir minha mulher.Aguardei ansioso o correio <strong>do</strong> dia seguinte. Com grande satisfação para mim, nenhuma carta recebi.Esquec<strong>era</strong>-me de que as cartas de Ware só chegavam à tarde e os meus receios se acalmaram. Nãomais pensei naquele acontecimento extraordinário, até ao momento em que o vi de carro perto <strong>do</strong>meu portão. Tu<strong>do</strong> então reviveu em meu espírito e logo compreendi que me vinha anunciar a morte<strong>do</strong> meu queri<strong>do</strong> rapaz.Imagine o leitor o inexprimível espanto <strong>do</strong> Dr. Cox ao ouvir essas palavras. Perguntou ao Sr.Weld se já vira alguma vez o rapaz traja<strong>do</strong> de preto para o qual Filipe olhava com um sorriso degrande satisfação. O Sr. Weld respondeu que jamais o vira, porém, que tão nitida mente os traços <strong>do</strong>seu semblante se lhe haviam grava<strong>do</strong> no espírito, que estava certo de o reconhecer imediatamente,assim o encontrasse. Narrou então o Dr. Cox ao amargura<strong>do</strong> pai todas as circunstâncias em que sed<strong>era</strong> a morte de seu filho, ocorrida precisam ente à hora em que aparec<strong>era</strong> à sua irmã e ao seugenitor. O Sr. Weld foi ao enterro <strong>do</strong> filho e, ao deixar a igreja, após a triste cerimônia, olhou emtorno de si para ver se algum <strong>do</strong>s religiosos se parecia com o moço que vira ao la<strong>do</strong> de Filipe, masem nenhum descobriu a menor semelhança com a figura que lhe aparec<strong>era</strong>.Cerca de quatro meses mais tarde partiu em visita a seu irmão, Sr. Jorge Weld, em SeagramHall, no Lancashire, levan<strong>do</strong> consigo toda a família. Certo dia, in<strong>do</strong> com sua filha Catarina, apasseio na aldeia vizinha de Chikping, depois de assistir a um ofício religioso na igreja, foi à casa<strong>do</strong> sacer<strong>do</strong>te visitá-lo. Enquanto esp<strong>era</strong>vam que o padre aparecesse, os <strong>do</strong>is visitantes seentretiv<strong>era</strong>m a examinar as gravuras dependuradas nas paredes da sala. Sú bito, o Dr. Weid se detevediante de um retrato (não se podia ler o nome escrito embaixo, porque a moldura o encobria) eexclamou: E a pessoa que vi com Filipe; não sei de quem é este retrato, mas, tenho a certeza de quefoi esta a pessoa que vi com Filipe . Passa<strong>do</strong>s alguns instantes, entrou o sacer<strong>do</strong>te e o Sr. Weldimediatamente o interpelou com respeito à gravura. Respondeu ele que esta representava SantoEstanislau Kostka e que consid<strong>era</strong>va aquele um bom retrato <strong>do</strong> jovem santo.O Sr. Weld se tornou presa de grande emoção. Santo Estanislau fora um jesuíta que morr<strong>era</strong>muito moço. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> o pai <strong>do</strong> Sr. Weld grande benfeitor daquela ordem, sua família <strong>era</strong>consid<strong>era</strong>da sob a proteção especial <strong>do</strong>s santos jesuítas. Ao demais, Filipe, havia pouco, se tomara,em conseqüência de circunstâncias diversas, de particular devoção a Santo Estanislau. Além disso,este santo é ti<strong>do</strong> como o padroeiro <strong>do</strong>s afoga<strong>do</strong>s, conforme consta da história de sua vida. Oreveren<strong>do</strong> logo ofereceu o retrato ao Sr. Weld que, naturalmente, o rece beu com a maior ven<strong>era</strong>çãoe o conservou até à morte, passan<strong>do</strong>, depois de ocorrida esta, à sua filha (a narra<strong>do</strong>ra), que vira aaparição ao mesmo tempo em que seu pai e que ainda o guarda consigo.São típicas as circunstâncias deste relato. Não só o filho se apresenta a seu pai sob umaforma que, embora transparente, permite que aquele o reconheça perfeitamente, como também umde seus companheiros apresenta fisionomia tão característica, que o Sr. Weld pôde reconhecê -lonum retrato, depois de passa<strong>do</strong>s quatro meses. Sua filha igualmente o reconhece, o que excluí todaidéia de alucinação. Aliás, o fato de o Sr. Weld, antes da manifestação, não ter conheci<strong>do</strong> a imagemde Santo Estanislau mostra bem que ele não pode ter si<strong>do</strong> vítima de uma ilusão.Eis agora um último caso em que a aparição é reconhecida por todas as pessoas da casa.62
Aparição coletiva de um mortoSr. Charles A. W. Lett, <strong>do</strong> Real Clube Militar e Naval, rua Albermale, Londres. (113)A 5 de abril de 1873, o pai de minha mulher morreu na sua residência, em Cambrook,Rosebay, perto de Sydney. Umas seis semanas depois de sua morte, certa noite, pelas nove horas,minha mulher entrou acidentalmente num <strong>do</strong>s quartos de <strong>do</strong>rmir da casa. Acompanhava -a umajovem, a Srta. Berton. Ao entrarem no quarto – achava-se aceso o bico de gás – tiv<strong>era</strong>m ambas asurpresa de dar com a imagem <strong>do</strong> capitão Towns, refletida na superfície polida <strong>do</strong> armário. Viam -se-lhe a metade <strong>do</strong> corpo, a cabeça, as espáduas e os braços. Dir -se-ia um retrato em tamanhonatural. Tinha páli<strong>do</strong> e magro o rosto, como ao morrer. Trazia uma jaqueta de flanela cinzenta, comque costumava <strong>do</strong>rmir. Surpreendidas e meio apavoradas, supus<strong>era</strong>m, a principio, ser um retratoque houvessem pendura<strong>do</strong> no quarto e cuja imagem viam refletida. Mas, não havia ali nenhumretrato daquele gênero.Estan<strong>do</strong> as duas ainda a olhar, entrou no quarto a irmã de minha mulher, Srta. Towns, e,antes que as outras lhe falassem, exclamou: Meu Deus! olhem o papai. Como na ocasião passassepela escadaria uma das criadas de quarto, chamaram -na e lhe perguntaram se via alguma coisa. Elarespondeu: Oh! Senhorita, o patrão! Mandaram chamar Graham, ordenança <strong>do</strong> capitão Towns, oqual, assim chegou ao quarto, foi exclaman<strong>do</strong>: Deus nos guarde! Senhorita Lett, é o capitão.Chamaram também o mor<strong>do</strong>mo e, de pois, a Sra. Crane, ama de minha mulher, e ambos diss<strong>era</strong>m oque viam. Finalmente, pediram à Sr Towns que viesse. Ao deparar com a aparição, encaminhou -separa ela de braços estendi<strong>do</strong>s, como para segurá -la; mas, ao passar a mão pela face <strong>do</strong> armário, aimagem começou a desaparecer pouco a pouco e nunca mais foi vista, embora o quarto continuasseocupa<strong>do</strong>.Tais os fatos como se d<strong>era</strong>m, sen<strong>do</strong> impossível duvidar deles. As testemunhas de nenhummo<strong>do</strong> foram influenciadas. A todas <strong>era</strong> feita a mesma pergunta, logo que chegavam ao quarto, etodas respond<strong>era</strong>m sem hesitação. Eu, no momento, estava em casa, mas não ouvi chamarem -me.63C. A. W. LETT.As abaixo assinadas, depois de lerem a narrativa acima, certificam que está exata. Todas nósfomos testemunhas da aparição.3 de dezembro de 1885.Sara Lett. – Sibbie Singth (Towns em solteira).Além <strong>do</strong>s casos cita<strong>do</strong>s, As Alucinações Telepáticas trazem sessenta e três outros análogos.Tanto custa às verdades novas abrir caminho através da inextricável balseira das idéiaspreconcebidas, que a inevitável alucinação não deixou de ser invocada, para explicar os casos emque as aparições de Espíritos são vistas simultaneamente por muitas pessoas. Com a maiorsimplicidade imaginável, com espantosa desenvoltura, dizem os nega<strong>do</strong>res que a alucinação, emvez de ser única, é coletiva. Em vão se lhes objeta que as testemunhas gozam de perfeita saúde e seacham no uso de todas as suas faculdades; que essas testemunhas, conquanto diversas, se referem aum mesmo objeto, descrito ou reconheci<strong>do</strong> identicamente por to<strong>do</strong>s os observa<strong>do</strong>res, o que constituisinal certo da sua realidade: os incrédulos abanam a cabeça desdenhosamente e, fazen<strong>do</strong> garbo dasua ignorância, preferem atribuir o fato a um desarranjo momentâneo das faculdades mentais <strong>do</strong>sobserva<strong>do</strong>res, a uma ilusão que se apod<strong>era</strong> de to<strong>do</strong>s os assistentes, antes que reconhecer lealmente amanifestação de uma inteligência desencarnada.A negação, porém, para legitimar -se, precisa de limites, porquanto não lhe é possívelmanter-se, desde que seja posta em face das provas experimentais, que permanecem quaistestemunhos autênticos da realidade das manifestações.Notemos que, em to<strong>do</strong>s os casos precedentemente referi<strong>do</strong>s, a certeza da visão em si mesmanão é contestada; o que os opositores negam é que seja o bjetiva, isto é, que se haja produzi<strong>do</strong>algures, que não no cérebro <strong>do</strong> ou <strong>do</strong>s assistentes. Pretendem eles que os relatos das testemunhasnão podem ter valor absoluto, da<strong>do</strong> que, a admitir -se uma coisa tão inverossímil como a aparição de
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