CAPITULO III – TESTEMUNHOS DOS MÉDIUNS E DOS ESPIRITOS A FAVOR DAEXISTÊNCIA DO PERISPIRITOSUMARIO: Desprendimento da alma. – Vista espiritual. – O Espiritismo dá certeza absolutada existência <strong>do</strong>s Espíritos, pela visão e pela tiptologia simultâneas. – Experiências <strong>do</strong> Senhor RossiPagnoni e <strong>do</strong> Doutor Moroni. – Uma visão confirmada pelo deslocamento de um objeto material. –O retrato de Vergílio. – O avarento. – A criança que vê sua mãe. – Tiptologia e vidência. –Consid<strong>era</strong>ções sobre as formas <strong>do</strong>s Espíritos.Verificamos que alguns sonâmbulos, mergulha<strong>do</strong>s em sono magnético, podem ver osEspíritos e descrevê-los fielmente. Mas, essa faculdade possuem -na também pessoas nãoa<strong>do</strong>rmecidas, às quais foi da<strong>do</strong> o nome de médiuns videntes.Para bem compreendermos o que então se passa, pre cisamos não esquecer que, na vidaordinária, quem vê não é o olho, como quem escuta não é o ouvi<strong>do</strong>. O olho não passa deinstrumento destina<strong>do</strong> a recebei as imagens trazidas pela luz; a isso se limita, o seu papel. Por simesmo, ele é incapaz de fazer que di stingamos os objetos. Fácil prová -lo. Se o nervo óptico forcorta<strong>do</strong> ou paralisa<strong>do</strong>, o mun<strong>do</strong> exterior não deixa, por isso, de se desenhar na retina; o indivíduo,porém, não o vê; tornou-se cego, se bem se lhe conserve Intacto o órgão visual. A vista é, pois, umafaculdade <strong>do</strong> espírito; pode exercer -se sem o concurso <strong>do</strong> corpo, tanto que os sonâmbulos naturaisou artificiais vêem a distância, com os olhos fecha<strong>do</strong>s (63). Quan<strong>do</strong> esses fenômenos se produzem,é que se tem ensejo de comprovar a existência de um senti <strong>do</strong> novo, que se pode designar pelo nomede senti<strong>do</strong> espiritual.O sonambulismo e a mediunidade são graus diversos da atividade desse senti<strong>do</strong>. Um e outroapresentam, como se sabe, inúmeros matizes e constituem aptidões especiais. Allan Kardec pôsmuito em evidência este fato (64). Ele faz notar que, afora essas duas faculdades, as maisassinaladas por serem mais aparentes, fora erro supor -se que o senti<strong>do</strong> espiritual só no esta<strong>do</strong>excepcional exista. Como os outros, esse senti<strong>do</strong> é mais ou menos desenvolvi<strong>do</strong>, ma is ou menossutil, conforme os indivíduos. Toda gente, porém, o possui e não é o que menos serviço presta, pelanatureza muito especial das percepções a que dá lugar. Longe de constituir a regra, sua atrofiaconstitui a exceção e pode ser tida como uma enf ermidade, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que a carência da vistaou da audição.Por meio desse senti<strong>do</strong> é que percebemos os eflúvios fluídicos (65) <strong>do</strong>s Espíritos; é que nosinspiramos, sem o sabermos, de seus pensamentos; que nos são dadas às advertências intimas daconsciência; que temos o pressentimento ou a intuição das coisas futuras ou ausentes; que seexercem a fascinação, a ação magnética inconsciente e involuntária, a penetração <strong>do</strong> pensamento,etc. Tais percepções são tão peculiares ao homem, como as da vista, <strong>do</strong> tat o, da audição, <strong>do</strong> paladarou <strong>do</strong> olfato, para sua conservação. Trata -se de fenômenos muito vulgares, que o homem mau nota,pelo hábito em que está de os experimentar, e <strong>do</strong>s quais não se apercebeu até ao presente, emconseqüência de ignorar as leis <strong>do</strong> princi pio espiritual, de negar mesmo, como se dá com muitossábios, a existência desse princípio: Mas, quem quer que dispense atenção aos efeitos que vimos deindicar e a muitos outros da mesma natureza, reconhecerá unto são eles freqüentes e, ainda mais,que independem completamente das sensações que se percebem pelos órgãos <strong>do</strong> corpo.A vista espiritual ou dupla vistaA vista, espiritual vulgarmente chamada dupla vista ou segunda vista, lucidez, clarividência,ou, enfim, telestesia e, agora, criptestesia, é um fenômeno menos raro <strong>do</strong> que g<strong>era</strong>lmente seimagina. Muitas pessoas são <strong>do</strong>tadas dessa faculdade, sem o suspeitarem; apenas o que há é que elase acha mais ou menos desenvolvida. Facilmente se pode verificar que é estranha aos órgãos davisão, pois que se exerce, sem o concurso <strong>do</strong>s olhos, durante o sonambulismo natural ou provoca<strong>do</strong>.Existe nalgumas pessoas no mais perfeito esta<strong>do</strong> normal, sem o menor vestígio aparente de sono oude esta<strong>do</strong> extático. Eis o que o respeito diz Allan Kardec (66)Conhecemos em Paris uma senhora em quem a vista espiritual é permanente e tão naturalquanto a vista ordinária. Ela vê sem esforço e sem concentração o caráter, os hábitos, os28
antecedentes de qualquer pessoa que se lhe aproxime; descreve as enfermidades e prescrevetratamentos eficazes, com mais facilidade <strong>do</strong> que muitos sonâmbulos ordinários. Basta -lhe pensarnuma pessoa ausente, para que a veja e designe. Estávamos um dia em sua casa e vimos passar pelarua alguém das nossas relações e que ela jamais vira. Sem ser provocada p or qualquer pergunta, fezdessa pessoa o mais lei retrato moral e nos deu a seu respeito opiniões muito pond<strong>era</strong>das.Contu<strong>do</strong>, essa senhora não é sonâmbula; fala <strong>do</strong> que vê, como falaria de qualquer outracoisa, sem se distrair das suas ocupações.Podemos aditar ao <strong>do</strong> Mestre o nosso testemunho. Há uma vintena de anos, demo -nos comuma Senhora Bardeau, que gozava dessa faculdade. Descrevia personagens que viviam naprovíncia, muito longe, ao Sul, personagens que ela nunca vira e de cujos caracteres, no entanto,apresentava circunstancia<strong>do</strong>s pormenores. Conservava -se, todavia, no esta<strong>do</strong> ordinário, com osolhos bem abertos, conversan<strong>do</strong> sobre outros assuntos, interrompen<strong>do</strong> -se de quan<strong>do</strong> em quan<strong>do</strong>para acrescentar alguns traços que completavam a fisionomia ou o caráte r das pessoas ausentes.Hoje, ainda conhecemos uma parteira, Sra. Renardat, que pode ver a distância, sem estara<strong>do</strong>rmecida. Tivemos disso prova inegável, porquanto descreveu com fidelidade um <strong>do</strong>s nossostios, residente em Gray, indicou uma enfermidade que ele tinha e que os médicos ignoravam e lhepredisse a morte, sem jamais o haver conheci<strong>do</strong>. Essa senhora vê os Espíritos, como vê os vivos.Multas ocasiões tiv<strong>era</strong>m de convencer -nos, pelas afirmações <strong>do</strong>s nossos amigos, de que elaentretinha relações com almas que haviam deixa<strong>do</strong> a Terra, pois fazia delas retratos muitosemelhantes e a linguagem que lhes atribuía lembrava a de que usavam durante a vida terrena.Desde há quinze anos, temos ti<strong>do</strong> numerosas oportunidades de estudar a mediunidadevidente, que nem sempre se manifesta com esse cunho de constância que se nota nas narrativasacima. As mais das vezes, é fugitiva, temporária, mas, mesmo assim, nos faculta a certeza de que acrença na imortalidade não é vã ilusão <strong>do</strong> nosso espírito preveni<strong>do</strong> e sim uma realid ade grandiosa,consola<strong>do</strong>ra e sobejamente demonstrada. Aliás, vamos citar bom número de experiências quedemonstram ser objetiva a visão <strong>do</strong>s Espíritos, porquanto esta coincide, explican<strong>do</strong> -as, comfenômenos físicos que nos caem sob a percepção <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s m ateriais e que toda gente podeverificar.Quan<strong>do</strong> uma mesa se move e um médium vidente descreve o Espírito que sobre ela atua;quan<strong>do</strong> esse médium chega a anunciar o que o Espírito vai dizer por intermédio <strong>do</strong> móvel, édesproposita<strong>do</strong> imaginar-se que ele não veja realmente, uma vez que a sua predição se realiza e oEspírito dá testemunho de sua presença, exercen<strong>do</strong> ação sobre a matéria.Se quiser refletir que, há cinqüenta anos, no mun<strong>do</strong> inteiro se procede continuamente apesquisas espíritas; que elas se process am nos mais diversos meios; que foram fiscaliza<strong>do</strong>s milharesde vezes por investiga<strong>do</strong>res pertencentes às classes sociais mais instruídas e, por conseguinte,menos crédulas, forçoso será consid<strong>era</strong>rmos absur<strong>do</strong> supor -se não sejam os Espíritos que produzamtais fenômenos, pois, por meio de incessantes comunicações com o mun<strong>do</strong> invisível, por meio deininterruptas relações com os habitantes <strong>do</strong> espaço, que chegamos a adquirir conhecimentos certossobre as condições da vida de além -túmulo.Lembremo-nos de que existem mais de duzentos jornais publica<strong>do</strong>s em todas as línguas quese falam no globo, que cada um prossegue isoladamente em seus trabalhos e que, malgra<strong>do</strong> a essaprodigiosa diversidade quanto às fontes de informações, o ensino g<strong>era</strong>l é o mesmo, em suas partesfundamentais. Há-se de convir em que semelhante acor<strong>do</strong> é bem de molde a servir de fundamento àconvicção que se gerou em cada, experimenta<strong>do</strong>r, depois de haver estuda<strong>do</strong> por si mesmo.Exponhamos, conseguintemente, sem cessar, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s; não nos can semos decolocar sob as vistas <strong>do</strong> público os <strong>do</strong>cumentos que possuirmos e, talvez lentamente, mas comsegurança, chegaremos a conseguir que penetrem nas massas estes conhecimentos indispensáveis aoprogresso e à felicidade delas.O envoltório da alma fez objeto de persev<strong>era</strong>ntes estu<strong>do</strong>s da parte de Allan Kardec. Elepróprio confessa que, antes de conhecer o Espiritismo, não tinha idéias especiais sobre tal assunto.Foram seus colóquios com os Espíritos que lhe d<strong>era</strong>m a conhecer o corpo fluídico e lheproporcionaram compreender o papel e a utilidade desse corpo. Concitamos os que queiramconhecer a gênese dessa descoberta a ler a Revue Spirite, de 1858 a 1869. Verão como, pouco a29
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