visões. Para provar o que avançava, propôs -se a fazer que o mesmo sonâmbulo visse to<strong>do</strong>s os anjos<strong>do</strong> paraíso reuni<strong>do</strong>s em torno de uma mesa a comer um peru. A<strong>do</strong>rmeceu então o sonâmbulo e, aocabo de algum tempo, lhe perguntou se não via algo de extraordinário. Respondeu o interroga<strong>do</strong>que estava ven<strong>do</strong> uma grande reunião de anjos. — Que fazem eles? Inquire o magnetiz a<strong>do</strong>r. —Estão ao re<strong>do</strong>r de uma mesa e comem. Não pôde, entretanto, precisar qual o alimento de que seserviam.Cumpre, portanto, se observe extrema circunspeção em aceitar narrativas de sonâmbulos,pois toda gente sabe que eles às vezes são muito sugestioná veis, mesmo mentalmente.Desconfiemos de descrições <strong>do</strong> paraíso e <strong>do</strong> inferno, quais as têm feito pacientes e místicos deto<strong>do</strong>s os países e de todas as épocas.Com Cahagnet (56) tu<strong>do</strong> é completamente diverso. Já não são seres angélicos que semostram, mas Espíritos que viv<strong>era</strong>m entre nós e que se tornam reconhecíveis por se apresentaremcom o mesmo aspecto que tiv<strong>era</strong>m neste mun<strong>do</strong>, com vestuários semelhantes aos que aqui usavam.São nítidas e precisas as suas recordações e dão provas de discernimento e de vonta de, como seainda estivessem na Terra. Não são simples reprodução de imagens <strong>do</strong>s seres desapareci<strong>do</strong>s: sãoindividualidades que conversam, se movem, vivem e afirmam categoricamente que a morte não asatingiu. Já há nisso alguma coisa de verdadeiro Espiritis mo; daí, aquele tolhe g<strong>era</strong>l, quan<strong>do</strong>aparec<strong>era</strong>m Os Arcanos da vida futura desvenda<strong>do</strong>s. Tu<strong>do</strong> o que a ignorância, o fanatismo, a tolicereeditaram posteriormente contra a nossa <strong>do</strong>utrina foi então despeja<strong>do</strong> sobre o pobre magnetiza<strong>do</strong>r.Ouçamos o seu <strong>do</strong>loroso lamento.Nosso adversário, o barão du Potet (57), nos diss<strong>era</strong> as seguintes palavras, para nósproféticas, quan<strong>do</strong> publicamos o primeiro volume desta obra: O senhor trata destas questões com aexcessiva antecipação de vinte anos; o homem ainda não está prepara <strong>do</strong> para as compreender.Ah! respondemos, porque então banha ele de suas lágrimas as cinzas <strong>do</strong>s que julga haverperdi<strong>do</strong> para sempre? Em que momento da existência humana poderá chegar mais a propósito, paradizer a esse homem: Consola-te, aquele que supões separa<strong>do</strong> de ti para sempre se acha a teu la<strong>do</strong>, ate afirmar, por meu intermédio, que está vivo, que se sente mais ditoso <strong>do</strong> que na Terra e que teaguarda em esf<strong>era</strong>s próximas para continuar em intimidade contigo. Se não queres acreditar no quete digo, atenta na linda cabeça desta criança, que chora porque te vê chorar, porque lhe dizes que elanão tornará a ver sua querida mamãe. Põe -lhe a mão na fronte e, ao cabo de poucos minutos, tu averás sorrir para aquela que julgas morta e a ouvirás contar -te o que é feito de sua mãe, onde está eo que faz. Não poderás duvidar um instante de que esse mármore que te apavora é a porta <strong>do</strong> temploda imortalidade, onde viveremos to<strong>do</strong>s eternamente, para eternamente nos amarmos.Digo isto a esse irmão infortuna<strong>do</strong> e ele, em v ez de me apertar à mão em sinal dereconhecimento, me lança um olhar de desprezo, exclaman<strong>do</strong>: Este homem está louco!Mas, <strong>era</strong> um luta<strong>do</strong>r soberbo esse trabalha<strong>do</strong>r, que teve a glória de fazer -se o que foi: um <strong>do</strong>spioneiros da verdade. Combateu vigorosamente seus contraditores, reduzin<strong>do</strong>-os ao silêncio. Os<strong>do</strong>is primeiros volumes <strong>do</strong>s Arcanos contêm as descrições de experiências realizadas com oitoextáticos que possuíam a faculdade de ver os Espíritos desencarna<strong>do</strong>s. O ponto culminante foiatingi<strong>do</strong> com um deles, Adélia Maginot, com quem ele obteve longa série de evocações. Há na obramais de 150 atas firmadas por testemunhas que declaram haver reconheci<strong>do</strong> os Espíritos que asonâmbula descreveu. B esse um fato importantíssimo, para o qual nunca será demais chamar aatenção. Não se pode razoavelmente supor que homens pertencentes a todas as esf<strong>era</strong>s sociais, deindiscutível honradez, se hajam conluia<strong>do</strong> para atestar mentiras. Há, pois, nessas experiências umanova estrada, uma mina fértil a ser explorada pelos pesquis a<strong>do</strong>res ávi<strong>do</strong>s de conhecimentos sobre oalém. Eis aqui um exemplo que mostra como habitualmente as coisas se passavam. (58)Uma evocaçãoO Sr. B. magnetiza<strong>do</strong>r e subscritor <strong>do</strong>s Arcanos, deseja uma sessão de aparição. Logo queAdélia cai em esta<strong>do</strong> sonambúlico, chamamos o Sr. B... Ernesto, Paulo, morto, irmão <strong>do</strong> Sr. B... Aessa sessão assiste a mãe deste senhor.Diz Adélia: Ei-lo! Dá-nos alguma indicação? Vejo-lhe os cabelos castanho-claros, frontebela e ampla, olhos tenden<strong>do</strong> para o par<strong>do</strong>, sobrancelhas bem a rqueadas, nariz um tanto pontiagu<strong>do</strong>,24
oca média; tez clara, pálida e delicada, queixo re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>, corpulência fraca, se bem deva ter si<strong>do</strong>forte; a moléstia o enfraqueceu muito; traz um costume de cor escura (azeitona, creio); tem ar<strong>do</strong>lente, calmo e sofre<strong>do</strong>r; provavelmente sofreu <strong>do</strong> coração e <strong>do</strong> peito, experimentou fraquezas naspernas. Não andava isento de pesares, muito se afligia intimamente, sem deixar que o percebessem;ficava às vezes pensativo, absorvi<strong>do</strong> por idéias sombrias; amava a urna pessoa, <strong>do</strong>nde b oa parte dassuas penas; <strong>era</strong> muito sensível.— Que idade ele te parece ter? — Cerca de vinte e cinco anos; seu estômago se fatigoumuito com excessos da mocidade.— Quem o recebeu no céu? — Seu avô. — Teve, de fato, seu pai uma visão em que o viu nocéu ao la<strong>do</strong> de sua avó? — E verídica essa visão, mas quem primeiro o recebeu foi seus avôspaternos, que ele conheceu na Terra; esse avô lhe estendia os braços, nos quais ele se precipitou;sua avó estava entre os outros, não faltava gente a esperá -lo... Não teve agonia. Não acreditava nomagnetismo, mas pede que eu diga a seu irmão que agora acredita. — Quem velava o seu cadáver?— Sua família. — Onde foi enterra<strong>do</strong>? — No Père-Lachaise. — Seus restos ficaram sempre nomesmo túmulo? — Não; foram reuni<strong>do</strong>s aos de sua avó, desse que primeiro o recebeu no céu. —Quais as pessoas que Iam logo após o seu esquife? — Dentre to<strong>do</strong>s, ele distinguiu melhor seuirmão. — Adélia está fatigada; terminamos.O Sr. B... ficou encanta<strong>do</strong> com essa experiência; a senhora sua mãe se mostr a imersa namais profunda <strong>do</strong>r; seu filho lhe manda dizer por Adélia que não chore, que ele é mais feliz <strong>do</strong> queela; desejara que ela concluísse o tempo de suas provas; fora visitá -la muitas vezes durante o sonopara a consolar, não ten<strong>do</strong> feito que se lembr asse de suas visitas para lhe não aumentar a amargura<strong>do</strong>s pesares. Apareceu <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> ao senhor seu irmão e ainda lhe aparecerá. Agradece -lhe otê-lo sepulta<strong>do</strong>.O Sr. B... não descobre uma silaba a suprimir desse acervo de detalhes; a senhora sua mãeapenas alimenta certas dúvidas quanto à cor <strong>do</strong>s olhos; não pode lembrar -se qual exatamente <strong>era</strong>.Permitiu Deus que a nossa fé mais se fortalecesse. O Sr. B... desejan<strong>do</strong>, por questões de família,ocultar o seu nome, assinou uma segunda via da ata desta sessão , para me garantir, no futuro, contraas reticências que alguns homens desmemoria<strong>do</strong>s e chicanistas Possam opor à realidade <strong>do</strong> queouviram e reconhec<strong>era</strong>m verdadeiros. Daqui por diante procederei assim.No dia seguinte ao dessa sessão, o Sr. B... Veio a noss a casa Para dizer que, emconseqüência daquela aparição, ele convocara uma reunião de família, a fim de se certificar da corexata <strong>do</strong>s olhos de seu irmão; a gen<strong>era</strong>lidade das recordações foi favorável à cor que Adéliadescrev<strong>era</strong>. Grande satisfação me deu es sa particularidade, porque, haven<strong>do</strong> aquele senhor dito aAdélia: — A senhora se engana; minha mãe acha que os olhos <strong>era</strong>m azuis; persiste a senhora em vê -los castanhos? — ela respondeu: — Ser-me-ia muito fácil concordar com a senhora sua mãe, umavez que ela os julga tais e que isso confirmaria a verdade de tu<strong>do</strong> o que por mim foi dito; mas, eumentiria e não diria o que vejo. Para mim, são castanhos. — Foi em face dessa afirmativa queaquele senhor convocou para uma reunião o membro de sua família e se consi derou no dever de medar ciência <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> de tal reunião.A cada passo, encontram-se nesses volumes provas semelhantes. Fora, porém, conhecer mala nossa época imaginar-se que essas narrativas tiv<strong>era</strong>m o <strong>do</strong>m de determinar convicções. Ninguémjamais contestou a boa-fé de Cahagnet; seus contemporâneos o reconhec<strong>era</strong>m homem honesto,incapaz de alt<strong>era</strong>r a verdade, mas, pretend<strong>era</strong>m que aqueles fenômenos podiam explicar -se to<strong>do</strong>spor uma transmissão de pensamento, a se op<strong>era</strong>r entre o consultante e o paciente.Podemos certificar-nos <strong>do</strong> nenhum valor dessa objeção, neste caso, desde que atentemos nascircunstâncias que acompanharam a aparição. Ela conversa, manda dizer à sua mãe, por Adélia, quenão se atormente. E porque aquela imagem estaria associada à <strong>do</strong> avô pate rno, quan<strong>do</strong>, nopensamento da mãe e <strong>do</strong> irmão, a avó <strong>do</strong> morto <strong>era</strong> quem o dev<strong>era</strong> ter recebi<strong>do</strong> no Além? (59)Aliás, para responder a semelhante objeção, que foi a arma sempre à mão <strong>do</strong>s incrédulos, oautor relata certo número de aparições às quais ainda menos aplicáveis é a mencionada explicação.(60)Aqui está uma, entre muitas outras.25
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