R: – Posso.Após um instante de expectativa, o médium declara que vê uma mulher, com uma coifabranca e um lenço por cima. E a touca que usou na Bélgica durante a sua enfermidade, informa oSr. Grégoire.P: – Tens alguma coisa a dizer a teu mari<strong>do</strong>?R: – Não. Evidentemente, a presença da segunda esposa <strong>do</strong> Sr. Gregori vexa o Espírito.P: – Conhece Si<strong>do</strong>nia Descatoire, minha mãe? perguntei ao Espírito.R: – Conheço, ela está aqui a seu la<strong>do</strong>.P: – Poderias pedir-lhe que se mostre ao médium? Muito gostaria de conversar com ela.R: – O Espírito se afasta, diz o Sr. Sauvage, já não o vejo... Ah! Eis agora uma anciã.P: – Como é ela?R: – Bastante corpulenta. Rosto re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>, maçãs salientes e vermelhas, olhos par<strong>do</strong>s, cabeloscastanhos, começan<strong>do</strong> a encanecer. Ri, olhan<strong>do</strong> para o senhor.P: – E isso exatamente. Não lhe nota nenhum sinal no rosto?R: – Sim, uma espécie <strong>do</strong> a que se dá o nome de beleza, aqui, diz, indican<strong>do</strong> a têmporadireita.(Minha mãe tinha uma pequena mancha escura na têmpor a esquerda; mas, como estava defrente para o médium, este via <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito a mancha.)P: – Absolutamente certo. E mesmo minha mãe! Exclamei emociona<strong>do</strong>. Mãe querida éfeliz?R: – Muito feliz, diz o Sr. Sauvage, que ouve a voz de minha mãe e repete o que dela escuta.P: – Costumas estar por vezes perto de mim?R: – Quase sempre.P: – Vês meu irmão Edmun<strong>do</strong>, aqui presente?R: – Sua mãe se volta para o la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sr. Edmun<strong>do</strong>, diz o médium. Sorri. Parece encantadacom esta entrevista.P: – Após a desencarnação, custaste a recobrar a lucidez?R: – Dois dias.P: – Costumas ver Emília (minha falecida mulher)?R: – Vejo-a, sim. Ela, porém, não está aqui; acha -se mais longe.P: – Posso contar que também ela venha comunicar -se?R: – Virá, mais tarde.P: – E meu pai?R: – Está aqui.Vejo um vulto por detrás de sua mãe, diz o médium, mas não o distingo bem. E um vultogor<strong>do</strong> e alto... Ei-lo ao la<strong>do</strong> de sua mãe. Bastante corpulento. São <strong>do</strong>is bons velhos bem adequa<strong>do</strong>sum ao outro.Um colóquio intimo se estabelece entre me us pais e mim. Comovemo-nos até às lágrimasmeu irmão e eu. Não duvidamos da presença deles. O Sr. Sauvage não conhecia, não podiaconhecer os nossos caros defuntos, que sempre viv<strong>era</strong>m no Norte. Além disso, a sessão foraimprovisada e realizada na mesma no ite e o médium, que um momento antes ignorava possuísse afaculdade de que é <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, de maneira nenhuma poderia prever quais as pessoas que se evocariam,nem a natureza das perguntas que lhes iam ser dirigidas. As expressões empregadas por meus pais,certas frases que lhes <strong>era</strong>m habituais, tu<strong>do</strong> constituía, para nós, outras tantas provas de identidade.Aliás, outros Espíritos se manifestaram, revelan<strong>do</strong> coisas que só eles conheciam e algumas daspessoas presentes. Assim mari<strong>do</strong> se apresentou e lembrou à esposa palavras que lhe diss<strong>era</strong> aomorrer e que a interessada declarou exatas.Os Espíritos nos promet<strong>era</strong>m novos fenômenos, entre os quais um trazimento, que esp<strong>era</strong>mpoder mais tarde produzir.Aquelas tocantes manifestações terminaram por unânimes agradecimentos ao Pai celestialque, logo numa primeira reunião, nos d<strong>era</strong> tão grande demonstração da sua bondade, prometen<strong>do</strong>to<strong>do</strong>s praticar a filosofia espírita.36
Foi considerável o efeito produzi<strong>do</strong> sobre os assistentes. Sentia -se que uma revolução seproduzira no íntimo de cada um. Homens, que até então nenhuma fé depositava no futuro <strong>do</strong> além -túmulo, se achavam presas de remorso e faziam em voz alta reflexões que uma hora antes teriamfeito corassem, acusan<strong>do</strong>-se de não haverem emprega<strong>do</strong> o tempo em beneficio da Humanidade . Queacontecerá, quan<strong>do</strong> toda gente se ocupar com esse gênero de estu<strong>do</strong> a quan<strong>do</strong> todas as faculdadesmediúnicas, agora latentes, estiverem em ação?Meurchin, 10 de outubro de 1896.Luis Delatre – TelegrafistaA maioria <strong>do</strong>s assistentes fez questão de assin ar este relato, em testemunho de ser aexpressão da verdade:Sauvage – Sr Avransart - Lohez Etienne - Sauvage - Rigolé - H. Avransart - E. Delattre - T.Sugo – Sr Grégoíre - Ernest Grégoire - C. Sauvage - C. Hoea.Um belo caso de identificaçãoHá manifestações que não apresentam um caráter físico, material, mas que, nem por isso,são menos convincentes para quem as observa. A esse respeito, é muito instrutivo o caso seguinte.(74)O Sr. Al. Delanne se achava em Cìmiez, perto de Nice, e lá se encontrou c om o Sr. Fleurot(75), professor, e sua mulher, com os quais travara ele relações numa viagem anterior. Aconversação cai sobre o Espiritismo e a Sra. Fleurot narra o que se segue:Pouco tempo depois de haverdes passa<strong>do</strong> pela nossa cidade, meu mari<strong>do</strong> e eu, ainda sob aimpressão das narrativas que nos tínheis feito acerca das manifestações espíritas de que foitestemunha, compramos os livros de Allan Kardec. Eu ardia nó desejo de me tornar médium, mas aminha convicção se firmou, com exclusão <strong>do</strong>s processos da mesa ou da escrita.Vai para perto de seis meses, vi em sonho diferentes personagens de destaque, a discutiremquestões de alto alcance filosófico. Aproximo -me receosa e muito emocionada. Dirijo -me ao queme pareceu mais simpático.— Consentiria, pergunto-lhe, em me esclarecer sobre um assunto importante, cuja soluçãoignoro? Que é feito da alma após a morte?Ele, com bon<strong>do</strong>so sorriso, respondeu:— A alma é imortal, não pode aniquilar -se nunca. A tua, neste instante, se acha no espaço,liberta momentaneamente <strong>do</strong>s entraves da matéria, gozan<strong>do</strong>, por antecipação, da sua liberdade.Assim será sempre, desde que deixes definitivamente o teu corpo de carne, para viveres da nossaprópria vida espiritual.— Custa-me a crê-lo, repliquei, porquanto, se fósseis habitante s da erraticidade, já nãoteríeis o tipo humano, nem estaríeis vesti<strong>do</strong>s semelhantemente aos homens.Retrucou-me ele— Se a ti nos apresentássemos sob uma forma inteiramente espiritualizada, ti<strong>do</strong> teriasapercebi<strong>do</strong> da nossa presença, tampouco nos houv<strong>era</strong>s re conheci<strong>do</strong>.— Reconhecer-vos, dizeis? Nada, porém, me faz lembrar as vossas fisionomias e nenhumarecordação guarda de já vos ter visto alguma vez.— Estás bem certa disso?Então, que maravilha! aquele que me respondia foi de súbito banha<strong>do</strong> de claridade por umaintensa luz fluídica e, em pérolas elétricas, um nome se lhe formou por cima da cabeça e eu li,deslumbrada e encantada, o nome ven<strong>era</strong><strong>do</strong> de Blaise Pascal.De tal mo<strong>do</strong> grava<strong>do</strong> se acha em mim o seu semblante, que jamais se me apagará damemória, enquanto eu viva. Como nunca, em parte alguma, me fora da<strong>do</strong> ver a fotografia <strong>do</strong> ilustresábio, cuidei, ao despertar, de correr, juntamente com meu mari<strong>do</strong>, a quem logo referi o meusingular sonho, às casas <strong>do</strong>s vende<strong>do</strong>res de estampas. Fomos à de Visconti, o mais a fama<strong>do</strong> livreirode Nice, para comprar o retrato de Blaise Pascal. Ele nos mostrou diversas gravuras representan<strong>do</strong> ogrande homem, porém, nenhuma reproduzia os traços <strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong> que me falara. Ali estavam,37
- Page 1 and 2: GABRIEL DELANNEA ALMA E IMORTAL
- Page 4: CAPITULO III - O MUNDO ESPIRITUAL E
- Page 7 and 8: da distinção existente entre a al
- Page 10 and 11: o como dessa imortalidade. Qual, no
- Page 12 and 13: De certas passagens do Avestá se h
- Page 14 and 15: O mestre das sentenças, Pedro Lomb
- Page 16 and 17: assunto. E de admirar-se a lógica
- Page 18 and 19: Não ignoramos que a crítica conte
- Page 20 and 21: Alucinação auditiva, dirá o dout
- Page 22 and 23: As narrações de ChardelVamos agor
- Page 24 and 25: visões. Para provar o que avançav
- Page 26 and 27: O padre Almignana, já citado, pare
- Page 28 and 29: CAPITULO III - TESTEMUNHOS DOS MÉD
- Page 30 and 31: pouco, se foram reunindo os ensinam
- Page 32 and 33: R: — E. Ele se encontra ao lado d
- Page 34 and 35: Sentaram-se à mesa da tiptologia d
- Page 38 and 39: com efeito, a sua figura cheia de n
- Page 40 and 41: perdida. Suicidou-se então nas cer
- Page 42 and 43: 3 - As impressões que os fantasmas
- Page 44 and 45: saía de flanela da mãe de Helena,
- Page 46 and 47: A Sr Varley estava noutro quarto po
- Page 48 and 49: percebia na penumbra produzida pelo
- Page 50 and 51: para me ir deitar, ouvi distintamen
- Page 52 and 53: Disse em resposta: Quase me afoguei
- Page 54 and 55: em leitos diferentes. Estando sua a
- Page 56 and 57: Espera! há uma carta nessa fumaça
- Page 58 and 59: Fazemos a respeito algumas observa
- Page 60 and 61: Se o fenômeno se houvera produzido
- Page 62 and 63: dizer coisa alguma, pois já sei qu
- Page 64 and 65: um morto, ou a realidade de um fen
- Page 66 and 67: Eu nunca tivera nenhuma alucinaçã
- Page 68 and 69: O caso do Sr. SteadO Borderland, de
- Page 70 and 71: que - embora fluídico - tinha para
- Page 72 and 73: comunicação dos Espíritos dos vi
- Page 74 and 75: um poderoso eletroímã - com o aux
- Page 76 and 77: provavelmente de seus corpos materi
- Page 78 and 79: Dassier cita muitos casos semelhant
- Page 80 and 81: A 14 de março de 1874, convidado,
- Page 82 and 83: O Sr. Bonner ainda obteve a fotogra
- Page 84 and 85: uma mão pequenina, da mesma indivi
- Page 86 and 87:
O Sr. Harrison atendeu a 25 de abri
- Page 88 and 89:
grande braço de homem, nu até a e
- Page 90 and 91:
Uma das mais interessantes fotograf
- Page 92 and 93:
às comunicações, em número de u
- Page 94 and 95:
também a configuração física, q
- Page 96 and 97:
Até mais amplos esclarecimentos, c
- Page 98 and 99:
Tem-se dito que o Espírito é uma
- Page 100 and 101:
eternamente pelo espaço em pensame
- Page 102 and 103:
A unidade da matériaA primeira vis
- Page 104 and 105:
As famílias químicasProcedendo à
- Page 106 and 107:
As forçasCitemos de novo o nosso i
- Page 108 and 109:
Sendo tudo relativo, esses fluidos
- Page 110 and 111:
infinitamente pequeno; a chapa foto
- Page 112 and 113:
Com efeito, segundo cálculos de pr
- Page 114 and 115:
Incontestavelmente, reina continuid
- Page 116 and 117:
Como a esfera dágua de igual raio
- Page 118 and 119:
examinado e freqüentemente despido
- Page 120 and 121:
Se as materializações não passam
- Page 122 and 123:
Logo duas figuras de mulher, que co
- Page 124 and 125:
Quando o duplo inteiro de Eglinton
- Page 126 and 127:
Outra observação também muito im
- Page 128 and 129:
caracteres pareciam verdadeiramente
- Page 130 and 131:
não é mais do que o resíduo do E
- Page 132 and 133:
fantasma se apresentou, oscilando o
- Page 134 and 135:
contingências da matéria, acha-se
- Page 136 and 137:
O farmacêutico de Charmes aplica n
- Page 138 and 139:
A ação da vontade sobre os fluido
- Page 140 and 141:
Exemplo: Se por sugestão se faz ap
- Page 142 and 143:
Em seu livro: O magnetismo animal,
- Page 144 and 145:
diante desses dois mil casos perfei
- Page 146 and 147:
(7) Xaspéro - Arqueologia Egípcia
- Page 148 and 149:
Entretanto, vendo que o Dr. Moroni
- Page 150 and 151:
(135) Veja-se a Revista Científica
- Page 152 and 153:
21 séculos de irradiação, vê-se