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A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

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conhecimento horizontal, privilegiando o diálogo em detrimento do monólogo, não restritivo<br />

aos detentores das novas tecnologias – giram em torno também de um novo modelo de<br />

desenvolvimento social – que descentralize o poder e a riqueza, que busque a emancipação de<br />

todos os povos e suas respectivas culturas, que priorize a radicalização da democracia – pois<br />

são questões interdependentes, indivisíveis e correlacionadas.<br />

110<br />

O debate mundial em curso sobre a comunicação só pode ser um debate<br />

político, já que as preocupações, objetivos e argumentos são principalmente<br />

de ordem política. Não serviria de nada esconder a verdadeira natureza dos<br />

problemas que se colocam e negar a ver as ameaças que pesam sobre o status<br />

quo. A vontade de levar em consideração todos os elementos do debate é<br />

pré-requisito para qualquer busca de soluções práticas e realistas. (UNESCO,<br />

1983, p. 36)<br />

Portanto, poder-se-ia afirmar que o Relatório é um contundente manifesto<br />

anticapitalista, que deixa explícito em suas páginas a impossibilidade de consensuar um outro<br />

projeto de comunicação com o então projeto social, político, econômico, cultural e ideológico<br />

vigente. [...]as diferenças na distribuição das riquezas criam disparidades entre os que estão<br />

bem munidos e os que carecem delas, em matéria de comunicação. (UNESCO, 1983, p. 278)<br />

Por outro lado, este projeto de uma nova ordem para a comunicação e a informação também<br />

não casaria com os modelos autoritários e opressores da liberdade de expressão dos Países<br />

socialistas. A comunicação nem poderia estar somente nas mãos do mercado nem tampouco<br />

do Estado, mas fundamentalmente nas da sociedade civil. Chama atenção para o caráter muito<br />

capitalista da indústria da comunicação, onde comumente não existe separação absoluta entre<br />

quem produz, distribui e controla o processo de comunicação de massa. Registra a<br />

preocupação tanto com a industrialização da comunicação como da estatização dos meios de<br />

comunicação, tendo em vista o perigo que ambos trazem se exercidos de forma<br />

concentradora. A corrente de informação de sentido único, segundo o relatório, é um reflexo<br />

das estruturas políticas e econômicas dominantes do mundo, que fortalecem a situação de<br />

dependência dos Países pobres em relação aos ricos. (UNESCO, 1983, p. 243)<br />

Não adiantaria aumentar o número de veículos, se eles continuassem a ser<br />

concentrados. O problema seria então a verticalização na circulação das informações. E se a<br />

comunicação é premente para o desenvolvimento econômico e social dos povos, se<br />

desempenha um papel de protagonista nas relações de poder e se funda como alicerce para as<br />

culturas, não pode ser exercida de um modo desigual no mundo.<br />

Se há centenas de milhões de homens e mulheres privados dos instrumentos<br />

indispensáveis da comunicação, qual o sentido que tem falar do direito a<br />

informar ou a ser informado?É, pois, indispensável juntar todos os meios

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