A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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possíveis – educativos, culturais e sociais - combinados com as diversas<br />
técnicas de comunicação e os meios de comunicação social, para eliminar<br />
esta tarefa que embota as perspectivas de todos os Países do mundo.<br />
(UNESCO, 1983, p. 83)<br />
O relatório é muito contundente quando afirma que a tecnologia não é neutra, pelo<br />
contrário, faz parte de um projeto econômico, político e ideológico de vida social, que passa a<br />
ter a razão instrumental como mola propulsora. A ampliação do universo comunicacional, que<br />
ultrapassa as relações interpessoais se configurando também como relações entre coletivos,<br />
sobretudo com o advento dos meios de comunicação de massa, se dá inserida no processo de<br />
cientifização e tecnização da sociedade, conseqüência, por sua vez, da industrialização do<br />
trabalho, que penetra em todos os setores da vida social. É, também, a industrialização da<br />
comunicação e da informação.<br />
A industrialização tende a estimular a concentração da comunicação,<br />
mediante a formação de monopólios ou oligopólios, em matéria de coleta,<br />
armazenamento e difusão de informação. A Concentração age em três<br />
direções: a) integração horizontal e vertical de empresas que agem no setor<br />
informativo e recreativo; b) participação de empresas pertencentes a ramos<br />
industriais diferentes e interessadas na expansão dos meios de comunicação<br />
social (cadeias de hotéis e de restaurantes, companhias aéreas, construtores<br />
de automóveis ou empresas de mineração interessadas na imprensa, na<br />
produção de filmes e até mesmo no teatro); c) fusão e interpenetração de<br />
diversas indústrias da informação (criação de grandes conglomerados que<br />
abarcam vários meios de comunicação social).( UNESCO, 1983, p.168)<br />
Esclarece que os problemas de uniformidade e concentração não advêm somente da<br />
tecnologia, senão das “ambições de uma engenharia social” (UNESCO, 1983 p. 140). A<br />
adoção ou repúdio de uma solução científica e tecnológica é sempre uma decisão política. E<br />
pode-se acrescentar que sofre influências econômicas, portanto a nova ordem deveria ser,<br />
também, econômica. E o termo transnacionalização, usado pelo relatório, pode ser lido como<br />
o antecessor de globalização.<br />
Dever-se-ia aplicar à tecnologia, no compasso dos seus progressos e em cada<br />
etapa do seu desenvolvimento, a seguinte regra essencial: colocar o<br />
progresso técnico a serviço de uma melhor compreensão entre os povos e da<br />
continuação da democratização em cada país, em vez de utilizá-lo para<br />
fortalecer os interesses criados pelo poder estabelecido. (UNESCO, 1983 p.<br />
128)<br />
O poder estabelecido de outrora, concentrador de bens materiais e simbólicos, emissor<br />
unilateral de informação e conhecimento, detentor das novas tecnologias da informação e<br />
comunicação, inviabilizava a arquitetura de uma outra forma de comunicação com novas