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A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

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centralização na produção da informação e dos bens culturais. Importante destacar que<br />

referências explícitas ao meio televisão só apareceram nas resoluções a partir da Conferência<br />

Geral de 1952. Até então, explicitamente, os documentos faziam referência a meios<br />

impressos, ao rádio e ao cinema. A palavra comunicação só apareceu na expressão “meios de<br />

comunicação”, reforçando a visão instrumental e ainda longe dos futuros debates sobre o<br />

direito à comunicação, a partir de 1974. Josep Gifreu (1986, p.34, tradução nossa) faz uma<br />

dura crítica à UNESCO, ao analisar este período do debate internacional da comunicação:<br />

Desde o ponto de vista da comunicação internacional, parece evidente que<br />

um dos primeiros e principais feitos encomendados a UNESCO pelo sistema<br />

mundial das Nações Unidas foi a promoção da livre circulação da<br />

informação. Definida a liberdade de informação básica como liberdade de<br />

circulação, a UNESCO estava disposta, desde os primeiros anos, a estudar o<br />

estado dos circuitos de comunicação no mundo, e a operar no sentido de<br />

oferecer ao sistema mundial instrumentos de conhecimento e ação nesse<br />

âmbito, perfeitamente de acordo com os interesses gerais de controle dos<br />

centros metropolitanos sobre as periferias emergentes.<br />

1.2 Resoluções da década de 1950<br />

O início da chamada “era de ouro” marcou definitivamente a divisão ideológica do<br />

planeta e consagrou as duas superpotências da Guerra Fria, EUA e União Soviética. Apesar<br />

da investida militar, com a corrida armamentista nuclear desses dois Países, desencadeando<br />

crises políticas e militares em busca de aliados 31 , o crescimento econômico alavancou a<br />

prosperidade nos dois blocos, parecendo que o surto de riqueza era “quase mundial e<br />

independente de regimes econômicos”(HOBSBAWM, 1995, p. 255). O avanço da indústria<br />

da comunicação de massa, como um dos principais instrumentos para o desenvolvimento,<br />

através das agências de notícias, dos grandes estúdios de cinema, da difusão via televisão dos<br />

produtos culturais, logo mostrou-se um grande aliado para a expansão massiva da ideologia<br />

capitalista, que defendia, acima de qualquer coisa, a livre circulação da informação e dos bens<br />

simbólicos. Já o bloco Soviético via este movimento com muitas ressalvas, apesar de terem<br />

interesse no poder abrangente dos meios de comunicação de massa.<br />

Neste mesmo período, países da Ásia e África, viviam um processo de descolonização<br />

e, juntamente com a América Latina, estavam dispostos a formarem um outro bloco de<br />

interesses políticos e econômicos. Iniciou-se a emergência de um outro conjunto de sujeitos<br />

31 Detalhes sobre os conflitos militares e políticos desse período - a guerra da Coréia de 1950-3, no Vietnã em<br />

1954 e Suez em 1956 – em HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX : 1914 -1991. 2ª ed. São<br />

Paulo:Companhia das Letras, 1995.<br />

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