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A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

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A industrialização da arte estava possibilitando às massas o acesso aos bens culturais.<br />

A distância empreendida pela tradição estava sendo percorrida rapidamente e substituída por<br />

uma interação rápida, de efeitos efêmeros, mas contundente na concretização do seu objetivo,<br />

que seria tão somente divertir. A grande questão criticada por Benjamim era, justamente, o<br />

fato de muitos críticos reduzirem suas análises à relação de poder ou não conciliar arte e<br />

diversão. E o que não se percebia era a mudança, apenas, no modelo de diversão, quando<br />

então ampliava e admitia a presença de novos “atores”. O importante seria perceber a riqueza<br />

social e cultural decorrente desse câmbio do indivíduo pelo coletivo.<br />

Vê-se bem que reencontramos, no fim das contas, a velha recriminação: as<br />

massas procuram a diversão, mas a arte exige a concentração. Trata-se de<br />

um lugar comum; resta perguntar se ele oferece uma boa perspectiva para se<br />

entender o cinema. Necessário, assim, esmiuçar o assunto. A fim de traduzir<br />

a oposição entre diversão e concentração, poder-se-ia dizer isto: aquele que<br />

se concentra diante de uma obra de arte, mergulha dentro dela, penetra-a<br />

como aquele pintor chinês cuja lenda narra haver-se perdido dentro da<br />

paisagem que acabara de pintar. Pelo contrário, no caso da diversão, é a obra<br />

de arte que penetra na massa. Nada de mais significativo com relação a isso<br />

do que um edifício. Em todos os tempos, a arquitetura nos apresentou<br />

modelos de obra de arte que só são acolhidos pela diversão coletiva. As leis<br />

de tal acolhida são das mais ricas em ensinamentos. (BENJAMIM, 1980, p.<br />

26)<br />

Onze anos depois, em 1947, divergindo diretamente com Benjamim, Adorno e<br />

Horkheimer construiram a tese da indústria cultural forjada nos interesses ideológicos do<br />

capitalismo, comercializando a comunicação e a cultura, como ferramenta para estar se<br />

legitimando junto às massas. Embora distintas, as duas visões reconheceram que, para melhor<br />

ou pior, as estruturas jamais seriam as mesmas e os olhares não poderiam mais permanecer<br />

condicionados a compreensão da comunicação, da arte e da cultura como de outrora. E para<br />

Adorno e Horkheimer as conseqüências dessa transformação mostravam-se desastrosas para a<br />

humanidade. Já de início, eles eliminaram qualquer possibilidade emancipatória na afirmativa<br />

de que “O cinema e o rádio não precisam mais se apresentarem como arte. A verdade de que<br />

não passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo<br />

que propositadamente produzem.” (ADORNO, HORKHEIMER, 1985, p.114)<br />

Não precisaria mais falsear a realidade do grande negócio capitalista do século XX,<br />

tendo nos meios cinema e rádio seus melhores representantes. O funcionamento harmônico de<br />

todas as peças dispensava argumentos contrários ao fato do cinema, por exemplo, não passar<br />

de um grande empreendimento comercial. A engrenagem também era estruturada para<br />

transformar os espectadores em meros consumidores, o ponto nevrálgico da crítica de Adorno<br />

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