A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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ponto destacado nos debates, no caso em Kuala Lumpur, foi a decisão do então Diretor Geral<br />
da UNESCO, Amadou-Mahtar M’Bow, que encomendou a uma Comissão Internacional da<br />
Comunicação 41 (CIC), presidida por Sean MacBride (Irlanda), um estudo global dos<br />
problemas da comunicação na sociedade da época. Esse estudo durou dois anos e o resultado<br />
preliminar foi apresentado para aprovação na Conferência Geral de 1978.<br />
No campo governamental, as articulações do Movimento dos Países Não-Alinhados<br />
deram a largada inicial para definir as bases políticas em torno do que denominaram de Nova<br />
Ordem Internacional da Informação (NOII). <strong>Um</strong> dos momentos mais inspiradores desse<br />
processo, corroborando com Gosep Gifreu, foram as palavras da então Primeira Ministra da<br />
Índia, Indira Ghandi, na seção de abertura da Conferência de Nova Delhi, em 1976:<br />
Apesar da soberania política, a maior parte de nós, que saímos de um<br />
passado colonial ou semicolonial, seguimos mantendo relações econômicas e<br />
culturais desiguais com nossos respectivos antigos colonizadores. Eles<br />
seguem sendo a fonte principal de equipamentos industriais e de orientação<br />
tecnológica. A própria língua européia em que nos expressamos chega a ser<br />
um elemento condicionador. A inadequação dos materiais educativos<br />
indígenas nos faz dependentes dos Países dominantes, especialmente no<br />
nível universitário. Nós bebemos seus prejuízos. Até a imagem que temos de<br />
nós mesmos, para não falar da que temos de outros Países, tende a<br />
conformar-se com a que eles têm. (ESCOBAR, 1978, p.321 apud GIFREU,<br />
1986, p. 74, tradução nossa)<br />
Este diagnóstico estava expresso nas resoluções da UNESCO, nesse mesmo ano,<br />
quando fez uma mudança com grande significado simbólico. Ao tópico comunicação foi<br />
acrescida a palavra cultura., promovendo uma unidade programática para essas duas questões<br />
e reafirmando, agora de forma mais explícita, a relação profundamente estreita entre os dois<br />
conceitos. E admite: “A interdependência da cultura e da comunicação é maior que a desta<br />
com a educação [...]”(UNESCO, 1988, p. 64)<br />
4. Cultura e Comunicação 42<br />
4. 11 Estudos e Difusão<br />
4.111 A Conferência Geral<br />
41<br />
A Comissão Internacional para o Estudo dos Problemas da Comunicação iniciou seu trabalho em 1977 e foi<br />
integrada por 16 pessoas: Elie Abel (EUA), Hubert Beuve-Méry (França), Elebe Ma Ekonzo (Zaire), Gabriel<br />
Garcia Mérquez (Colômbia), Sergei Losev (URSS), Mochtar Lubis (Indonesia), Mustapha Masmoudi (Tunis),<br />
Michio Nagai (Japão), Fred Isaac Akporuaro Omu (Nigéria), Bogdan Osolnik (Yugoslavia), Gamal El Oteifi<br />
(Egito), Johannes Pieter Pronk (Países Baixos), Juan Somavia (Chile), Boobli George Verghese (Índia), Betty<br />
Zimmerman (Canadá). Mais informações sobre a Comissão podem ser encontradas no Relatório – (UNESCO,<br />
1988, pp. 493 – 494).<br />
42<br />
Ata da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – 19ª<br />
reunião, Nairobi, 1976 – resoluções<br />
95