12.04.2013 Views

A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

de imprensa, voltou a reforçar que é um direito do qual depende o bem-estar objetivo de<br />

todos os seres humanos.<br />

Haja esperança de ter já passado a altura de ser necessário defender a<br />

liberdade de imprensa como uma das medidas de segurança num governo de<br />

tirania e corrupção. [...] Quando se encontram pessoas que formam uma<br />

exceção à aparente unanimidade do mundo sobre qualquer assunto, mesmo<br />

se o mundo estivar na razão, é sempre provável que os dissidentes tenham<br />

alguma coisa que mereça a pena escutar e que a verdade perca algo pelo seu<br />

silêncio. [...] Reconhecemos agora a necessidade para o bem-estar mental da<br />

humanidade (de que o seu outro bem-estar depende) da liberdade de<br />

expressão de opinião, [...]. (MILL, 1976, p. 9 - 77)<br />

No entanto, segundo Habermas, o ideal de uma esfera pública ampliada, formada por<br />

uma sociedade crítica e política, aconteceu com o advento dos meios massivos de<br />

comunicação, mas deixou de ser esfera pública. “A esfera pública burguesa se rege e cai com<br />

o princípio do acesso a todos” (HABERMAS, 2003, p. 105). A imprensa virou empresa<br />

comercializadora dos produtos e serviços de informação e de bens culturais; o espaço do<br />

jornal vendia notícias e mercadorias; e o pensador de cultura se transformou em consumidor<br />

de cultura; enfim, o Estado garantia as liberdades e a sociedade as comercializava, enterrando<br />

o debate político e os últimos resquícios de uma esfera pública burguesa ou mesmo socialista.<br />

Estas são uma das complexas engenharias do projeto de comunicação da era moderna,<br />

o exercício pleno do diálogo; a garantia unilateral da liberdade e igualdade; e o mero uso, para<br />

fins econômicos e políticos, da comunicação através do desenvolvimento técnico dos seus<br />

instrumentos. A observação de Foucault (FOUCAULT, 1987, p.177), - “É visto, mas não vê;<br />

objeto de uma informação, nunca sujeito em uma comunicação” - sobre a função do<br />

panóptico 4 , nas sociedades de massa, representa bem o caráter extencionista da<br />

industrialização dos meios de comunicação. Para ele, o dispositivo de poder mantenedor dos<br />

paradigmas modernos era o segredo, a vigilância e a punição. <strong>Um</strong>a obra anterior que marca<br />

uma visão apocalíptica dos meios de comunicação de massa é 1984, de George Orwel,<br />

publicada em 1949, onde as pessoas são vigiadas por um modelo de panóptico eletrônico<br />

audiovisual.<br />

4 O Panóptico de Bentham é a figura arquitetural que organiza unidades espaciais onde pessoas trancafiadas em<br />

prisões, hospitais, manicômios etc. não podem visualizar uma possível vigilância, enquanto quem vigia tem<br />

todos presos visíveis. O sentimento de vigilância constante seria um inibidor da violência e tentativas de fuga.<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!