A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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dominação, era fundamentada uma ordem política, cuja base social não<br />
fazia com que dominação ora fosse bem supérflua. (HABERMAS, 2003, p.<br />
109)<br />
A liberdade e igualdade de dizer a palavra não estavam, na esfera privada e pública, ao<br />
alcance de todas as pessoas. Conhecer os caminhos para desvelar o mundo era um privilégio<br />
da minoria. De igual maneira, os instrumentos criados para proporcionarem a mediação da<br />
troca de saberes, de idéias, de informação, enfim de conhecimento, facilitando à humanidade<br />
a cada dia estreitar as distâncias do tempo e do espaço, não foram socializados com todos os<br />
sujeitos. As mulheres, os escravos e mesmo os considerados homens livres, estes ao<br />
discordarem da ordem estabelecida, tiveram de enfrentar a negação de dizer e ter acesso à<br />
palavra, sobretudo na esfera pública literária e depois na política. A grande massa de<br />
analfabetos e pobres da Europa moderna estavam excluídos do público pensante. E mesmo os<br />
considerados homens letrados e proprietários tiveram que enfrentar o instituto da censura,<br />
como na Inglaterra da primeira metade do século XVII. Os Lordes e Comuns reunidos no<br />
parlamento, em 1643, conceberam a ordenação instauradors da censura prévia contra os<br />
materiais impressos.<br />
[...]visando suprimir os grandes abusos e as freqüentes desordens na<br />
impressão de muitos documentos, panfletos e livros falsos, forjados,<br />
escandalosos, sediciosos [...]Está portanto decidido pelos Lordes e Comuns<br />
no Parlamento que nenhuma Ordenação ou Declaração de ambas ou alguma<br />
Casa do Parlamento será impressa por alguém sem a permissão de uma ou<br />
ambas as referidas Casas; nenhum livro, panfleto, estudo, nem parte de<br />
qualquer livro, panfleto, ou estudo será a partir de agora impresso,<br />
encadernado, costurado ou posto à venda por qualquer pessoa ou pessoas, a<br />
menos que o mesmo seja primeiramente aprovado ou licenciado pelas mãos<br />
de representante ou representantes de ambas ou uma das Casas<br />
[...](MILTON, 1999, p. 191-192)<br />
Em 1644, o puritano John Milton leu no parlamento Inglês, posteriormente publicou, o<br />
panfleto Areopagitíca, um manifesto político contra a censura prévia e em defesa da liberdade<br />
de pensamento, expressão e da tolerância religiosa. Milton evocou a possibilidade de<br />
livremente se expor o controverso como sendo a última fronteira da liberdade civil; ressaltou<br />
a ineficácia de proibir os livros considerados sediciosos por desencorajar a busca por<br />
conhecimento e congelar a verdade; e acusou a prática da censura como sendo uma herança<br />
da Inquisição, algo inconcebível numa Inglaterra protestante. Para ele, uma vida em liberdade<br />
prescindia de uma imprensa também livre.<br />
Se temos a intenção de regular a imprensa com o intuito, por esse meio, de<br />
corrigir costumes, então devemos regulamentar todas as recreações e<br />
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