A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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constituir uma ameaça a paz, uma violação a paz, ou um ato de agressão ou<br />
que esteja a caminho de favorecer-las;<br />
[...]adotar as medidas necessárias para assegurar a liberdade de<br />
expressão e eliminar os obstáculos que se opõem a livre circulação das<br />
informações não deturpadas entre os Estados membros,[...] (UNESCO,<br />
1954, p.40, tradução nossa)<br />
O fantasma do uso das mídias com fins militares e ideológicos é outro ponto<br />
importante a ser destacado, embora nesse momento o foco de atenção estivesse todo ele<br />
voltado para as experiências das duas grandes guerras. Outras discussões passaram ao largo, a<br />
exemplo do tema da indústria cultural como ferramenta de expansão do modelo capitalista.<br />
Em relação aos direitos humanos, até aqui, a UNESCO apenas reproduz os direitos já<br />
consagrados em documentos da ONU, como o direito à informação e à liberdade de<br />
expressão, a saber, difusão de idéias e notícias por qualquer meio, sem restrição de qualquer<br />
ordem. A palavra comunicação, expressada como um processo maior que a livre circulação da<br />
informação por meios massivos, desvinculada da definição apenas instrumental, novamente<br />
não se fez presente. O rumo dos debates começou a mudar substancialmente no decênio<br />
seguinte, com a entrada significativa dos países não-alinhados e do Terceiro Mundo.<br />
1.3 Resoluções da década de 1960<br />
Com a entrada massiva de outros Estados no sistema das Nações Unidas, resultado do<br />
processo de descolonização e do subdesenvolvimento econômico, os assuntos debatidos<br />
sofreram, senão uma mudança de ordem temática, uma inversão de objetivos. Na Assembléia<br />
Geral de 1960 figurou na pauta, como meta prioritária das questões relacionadas ao<br />
desenvolvimento, a situação dos países do Terceiro Mundo. Esse novo foco de atenção<br />
estabeleceu uma nova correlação de forças, proporcionando aos países considerados<br />
subdesenvolvidos um papel decisivo no desenho das novas estratégias econômicas.<br />
[...]as novas estratégias defendidas pelos Países descolonizados vinham<br />
marcadas no campo econômico pelo ‘Grupo dos 77”, formado por ocasião<br />
da primeira [ ] Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o<br />
Desenvolvimento (a UNCTAD, segundo suas siglas em inglês), em 1964.<br />
No entanto, a estratégia política global era desenhada e coordenada pelo<br />
Movimento dos Países Não-Alinhados [...]. (GIFREU, 1986, p.64)<br />
É no campo dos problemas relacionados com a informação, uma das principais<br />
contribuições desse Movimento, que reescreveu novas diretrizes contrapostas a doutrina do<br />
free flow. A UNESCO assumiu esse discurso e até avançou nos planteamentos teóricos e<br />
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