A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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estão em declínio, mas novas identidades – híbridas – estão tomando seu<br />
lugar.<br />
Hall explicita três formas de relação/tensão entre o global e o local, que terminam por<br />
evidenciar nos encontros entre o universalismo e particularismo; centralização e<br />
descentralização; conflito e conciliação; uma dialética das identidades na globalização.<br />
Nenhuma dessas conseqüências citadas acima pode ser descartada ou mesmo imposta como<br />
realidade predominante.<br />
Como conclusão provisória, parece então que a globalização tem, sim, o<br />
efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e ‘fechadas’ de uma<br />
cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as identidades,<br />
produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de<br />
identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas,<br />
mais plurais e diversas; menos fixas, unificadas ou trans-históricas.<br />
Entretanto, seu efeito geral permanece contraditório. Algumas identidades<br />
gravitam ao redor daquilo que Robins chama de ‘Tradição’, tentando<br />
recuperar sua pureza anterior e recobrir as unidades e certezas que são<br />
sentidas como tendo sido perdidas. Outras aceitam que as identidades estão<br />
sujeitas ao plano da história, da política, da representação e da diferença e,<br />
assim, é improvável que elas sejam outra vez unitárias ou ‘puras’; e essas,<br />
consequentemente, gravitam ao redor daquilo que Robins (seguindo Homi<br />
Bhabha) chama de ‘Tradução’. (HALL, 2005, p. 87)<br />
Os processos migratórios voluntários ou forçados com saídas dos países periféricos ao<br />
centro; a mercantilização da etnia e da alteridade pelo globalismo; a reação das identidades<br />
locais dominantes à diferença, a diversidade cultural; a desterritorialização da mobilidade<br />
cultural através das indústrias de cultura e mídia, potencializadas pelas novas tecnologias de<br />
informação e comunicação; a universalização dos direitos humanos em contraponto ao<br />
relativismo cultural; são alguns dos fenômenos gerados a partir das conseqüências<br />
contraditórias da globalização. Nesse universo de mais dissensos que consensos, em meio ao<br />
que pode ou não ser negociado, nascem alternativas emancipatórias. Surgem alguns caminhos<br />
como o multiculturalismo, termo muito utilizado nas duas últimas décadas do século XX, e a<br />
diversidade cultural, expressão que estrutura um dos alicerces conceituais do Direito Humano<br />
à comunicação, no atual debate internacional. Como outros inúmeros conceitos, estes também<br />
“[...] procuram jogar com as tensões entre a diferença e a igualdade, entre a exigência de<br />
reconhecimento da diferença e de redistribuição que permita a realização da igualdade”<br />
(SANTOS; NUNES, 2003, p.25). É o caso dos conceitos de homogeneidade,<br />
heterogeneidade, multicomunitarismo, sociedade policultural, tradução intercultural, tradição<br />
cultural, interculturalidade, enfim algumas tentativas de respostas aos paradoxos modernos.<br />
Especificamente no caso do multiculturalismo e da diversidade cultural, como possíveis