A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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durante toda a década de 1970, com os inúmeros encontros, seminários, conferências, estudos<br />
e pesquisas da UNESCO, culminando com a aprovação da publicação do Relatório “<strong>Um</strong><br />
Mundo e Muitas Vozes – Comunicação e Informação na Nossa Época”, vulgarmente<br />
conhecido como Relatório MacBride 38 , em 1980.<br />
Nesse momento, o desequilíbrio das correntes de noticias e da informação<br />
entre os países industrializados e os países em desenvolvimento tinha<br />
passado a ser um tema importante nas reuniões internacionais e um dos<br />
aspectos do debate sobre os problemas políticos e econômicos fundamentais<br />
do mundo atual. Hoje em dia, não há praticamente ninguém que negue a<br />
realidade desse desequilíbrio. Mas não existe um acordo geral sobre as<br />
aplicações concretas do conceito, e menos ainda sobre as soluções possíveis<br />
do problema e as políticas que conviria aplicar para resolvê-los. Por esse<br />
motivo, os conceitos de circulação e de corrente de sentido único, de<br />
equilíbrio e de desequilíbrio passaram a ser elementos do debate e do<br />
confrontação internacional. (UNESCO, 1983, p. 57-58)<br />
O discurso da UNESCO mostrava-se mais claramente definido. O campo central<br />
estruturou-se em cima de sete pilares inter-relacionados: a cooperação à reivindicação de uma<br />
nova ordem econômica internacional; as aplicações concretas e definição do conceito de uma<br />
Nova Ordem Mundial da Informação e Comunicação (NOMIC); uma deontologia dos meios<br />
de comunicação social; o aprofundamento e redefinição do papel que desempenhavam os<br />
meios e os processos de comunicação nas sociedades contemporâneas; a proposta, definição e<br />
articulação da complementaridade entre cultura e comunicação; a formulação de políticas e<br />
planos de comunicação no âmbito nacional, regional e internacional; e a emergência da<br />
investigação sobre o direito à comunicação.<br />
Na 16° reunião da Conferência Geral de 1970, os “[...] vários países em<br />
desenvolvimento solicitaram explicitamente, o que caberia qualificar de problemática da<br />
distribuição desigual dos meios de informação” (UNESCO, 1988, p. 81-82). A resposta, direta<br />
e precisa, veio no discurso da Declaração sobre os princípios vetores do emprego das<br />
transmissões por satélite, em 1972. A afirmação categórica de que “as freqüências<br />
radioelétricas são um recurso natural limitado pertencentes a todas as nações [...]” deixou<br />
claro que, para respeitar o direito de todas as pessoas “[...] a investigar e receber informações<br />
e opiniões, e a difundir-las, sem limitação de fronteiras [...]”, era necessário colocar em<br />
prática um sistema de cooperação, não de concorrência tecnológica.<br />
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Em homenagem ao prêmio Nobel da Paz e prêmio Lênin da Paz, Sean MacBride, presidente da comissão<br />
responsável por elaborar o relatório.<br />
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