A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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Diversidade nada tem a ver com os prazeres sensoriais proporcionados pela<br />
Disney ou com o gáudio da Sony ao anunciar o lançamento de cinco mil<br />
itens por ano. Diversidade pressupõe revitalizar manifestações do<br />
contraditório, confrontar pontos de vista, debater as interseções entre<br />
progresso, técnicas e tecnologias. Diversidade se assegura com intercâmbio e<br />
cooperação horizontal entre as culturas de povos, cidades e países.<br />
(MORAES, 2006, p. 46)<br />
Acredita-se que a pergunta crucial a ser feita não é se um dos alicerces para o<br />
reconhecimento e efetivação do Direito Humano à comunicação é a diversidade cultural ou o<br />
multiculturalismo, mas se é possível a conquista desse direito em meio ao globalismo. E<br />
novamente Zizek (2005, p. 35):<br />
De fato, já que o horizonte da imaginação social não mais permite que<br />
alimentemos a idéia de que o capitalismo um dia desaparecerá – pois, como<br />
se poderia dizer, todos aceitam tacitamente que o capitalismo está aqui para<br />
ficar -, é como se a energia crítica tivesse encontrado uma saída substitutiva<br />
na luta pelas diferenças culturais que deixa intacta a homogeneidade básica<br />
do sistema mundial capitalista. Assim, estamos lutando via PCs pelos<br />
direitos das minorias étnicas, de gays e lésbicas, de diferentes estilos de vida,<br />
etc, enquanto o capitalismo prossegue em sua marcha triunfante – e a teoria<br />
crítica de hoje, sob as vestes de ‘estudos culturais’, está prestando o serviço<br />
definitivo ao desenvolvimento irrestrito do capitalismo ao participar<br />
ativamente do esforço ideológico que visa tornar invisível a sua presença<br />
maciça: em uma ‘crítica cultural’ pós-moderna típica, a mera menção de<br />
capitalismo como sistema mundial tende a suscitar a acusação de<br />
‘essencialismo’, ‘fundamentalismo’ e outros crimes.<br />
É importante, não perder de vista, que a seta não vai em uma linha reta, em um só<br />
sentido, seja ele descendente ou ascendente, o percurso não é linear. O poder, mesmo<br />
desigual, circula. O que temos posto aqui é uma correlação de forças econômicas, políticas e<br />
ideológicas que podem aparentar, em um olhar mais desatento, como algo já definido, com<br />
regras já sedimentadas e uma lógica imutável. Não é bem assim. O objetivo não é impedir o<br />
desenvolvimento tecnológico e industrial da comunicação e da cultura, mas sim resolver a<br />
quem ou a que vai servir esse progresso. Enfim, o que se pode ter, diante desse quadro, é um<br />
encontro dialético entre o Direito Humano à Comunicação e as indústrias culturais, ambos<br />
inseridos no ambiente da globalização, da globalidade e do globalismo.<br />
Ainda são muitos os preconceitos que nos impedem de perguntar quanto do<br />
viver cotidiano das pessoas, expulso do âmbito da educação e da cultura com<br />
maiúsculas, encontrou expressão na indústria comunicativa e cultural. <strong>Um</strong>a<br />
expressão interessada e deformada, com certeza, mas capaz de proporcionar<br />
ao comum das pessoas uma experiência moderna de identidade e<br />
reconhecimento social. Assumir as contradições dessa experiência exige que<br />
pensemos as contradições que a atravessam: o duplo movimento que