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A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

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direito e indiferenciado sobre os indivíduos atomizados.”(MATTELART;<br />

MATTELART, p. 37)<br />

Os traumas de duas grandes guerras, com a utilização das descobertas científicas como<br />

armas fatais, assombraram a humanidade e muitos dos cientistas de outrora. Nunca o projeto<br />

de modernidade, apoiado pelos avanços tecnológicos, foi tão questionado, como após os<br />

ataques de Hiroshima e Nagazaki. Começou, então, uma escalada teórica, atribuindo aos<br />

veículos massivos de comunicação a responsabilidade de determinar a trajetória da<br />

humanidade, na transição da barbárie moderna para o que hoje se conhece, mais comumente,<br />

como pós-modernidade 5 . O ideal tecno-científico de Nobert Wiener, exemplo desse olhar,<br />

inaugurou o que Philippe Breton chama de “a utopia 6 da comunicação”. Segundo Breton, são<br />

as teorias salvacionistas que surgem sob os efeitos catastróficos da guerra, da corrida do<br />

desenvolvimento das tecnologias de comunicação, e colocam a comunicação como o início e<br />

o fim de todos os problemas da humanidade.<br />

Na análise de Breton (1992, p. 24) sobre a utopia de Wiener, este lançou mão da<br />

comunicação e do que considerava o seu principal elemento, a informação, como o elo<br />

fundamental entre a humanidade, aprisionada dentro de si, e o mundo externo representado<br />

pela máquina. A tecnologia permuta a livre informação e isso é comunicação, o fenômeno<br />

central de uma sociedade sem entropias. As máquinas de comunicar resolvem, objetivamente,<br />

os problemas da vida social, sem lançar mão da política e da ideologia. Essa nova utopia não<br />

tem inimigos, pois seu princípio de funcionamento é o consenso racional, promovido pelo<br />

progresso tecnológico da comunicação. É uma sociedade da comunicação que põe fim a<br />

dialética e a práxis humana. <strong>Um</strong>a sociedade de total harmonia e consenso.<br />

A garantia dessa realidade iria depender dos modelos de comunicação escolhidos, pois<br />

um modelo não efetivador da comunicação verdadeira aumentaria a entropia. O contrário<br />

seria permitir que a informação circulasse livre de enfrentar qualquer obstáculo. Daí, a divisão<br />

conceitual entre comunicação e informação ser um dos principais marcos teóricos dessa<br />

vertente técnica, desenvolvendo a teoria da informação “[...] incompatível com o embargo ou<br />

com a prática do segredo, com as desigualdades de acesso à informação e sua transformação<br />

em mercadoria. O avanço da entropia é diretamente proporcional ao recuo do progresso”<br />

(MATTELART; MATTELART, 2005, p. 66).<br />

5 Como não faz parte do escopo desse estudo discutir a melhor nomenclatura e conceitos a serem utilizados para<br />

designar o período que alguns chamam de segunda modernidade, modernidade tardia e pós-modernidade, optouse<br />

por adotar o termo mais usual: pós-modernidade.<br />

6 Breton utiliza o significado mais convencional da palavra utopia, do livro Utopia (1516), de Sir Thomas<br />

Moore. O que é irrealista, fantasioso ou ilusório, oferecendo uma descrição de um Estado ideal e imaginário. De<br />

uma sociedade perfeita. (EDGAR;SEDGWICK, 2003, p. 356)<br />

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