A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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o dos jornalistas das grandes mídias. Serão contemporâneos, e não mais o primeiro<br />
subordinado ao segundo.<br />
149<br />
Daí a preferência por transformá-lo em objeto do ‘conhecimento’ que se lhe<br />
impõe. Daí este afã de fazê-lo dócil e paciente recebedor de ‘comunicados’,<br />
que se lhe introjetam, quando o ato de conhecer, de aprender, exige do<br />
homem uma postura impaciente, inquieta, indócil. <strong>Um</strong>a busca que, por ser<br />
busca, não pode conciliar-se com a atitude estática de quem simplesmente se<br />
comporta como depositário do saber. Essa descrença no homem simples<br />
revela, por sua vez, um outro equívoco: a absolutização de sua ignorância.<br />
(FREIRE, 2002, p. 46)<br />
Na área dos padrões de transformação social, Boaventura (2005, p. 335) analisa a<br />
conflitualidade entre dois grandes paradigmas de desenvolvimento social: capitalexpansionista<br />
e paradigma eco-socialista. As quatro áreas de conflito tem relações entre si,<br />
mas esta área funciona como um eixo central em relação as outras três, sobretudo com a<br />
terceira área, o poder e a política. O capital-expansionista é o paradigma dominante.<br />
[...] O desenvolvimento social é medido essencialmente pelo crescimento<br />
econômico; o crescimento econômico é contínuo e assenta na<br />
industrialização e no desenvolvimento tecnológico virtualmente infinitos; é<br />
total a descontinuidade entre a natureza e a sociedade: a natureza é matéria,<br />
valorizável apenas enquanto condição de produção; a produção que garante a<br />
continuidade da transformação social assenta na propriedade privada e<br />
especialmente na propriedade privada dos bens de produção, a qual justifica<br />
que o controlo sobre a força de trabalho não tenha de estar sujeito a regras<br />
democráticas. (SANTOS, 2005, p. 336)<br />
A utopia da comunicação moderna é a maior sustentabilidade desse paradigma, mais<br />
ainda, serviu como assentamento para a mensuração do desenvolvimento social,<br />
impulsionando, através dos rápidos avanços tecnológicos (TIC), a consolidação de megas<br />
indústrias da cultura, da informação e da comunicação (a propriedade privada), que por sua<br />
vez são o termômetro do atual crescimento econômico. Os bens de produção tornaram-se<br />
imateriais, com fluxo livre, mas controlado por um capital também imaterial.<br />
Saído vitorioso das últimas confrontações, do conflito mundial e da guerra<br />
fria, o liberalismo e os seus valores sofreram apesar de tudo uma pesada<br />
perda de credibilidade. A recuperação dos grandes temas da comunicação<br />
asseguram-lhe, assim, um terceiro fôlego, depois da tentativa de instalar<br />
algum veneno junto dos valores de uma efêmera ‘sociedade de consumo’. A<br />
‘sociedade de consumo’ e sociedade liberal são, decerto, imperativos em<br />
parte convergentes, mas também, em certos pontos essenciais, largamente