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A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet

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sobretudo, construir e legitimar ideologias. O uso da palavra, por vezes, é mais importante<br />

que o saber, pois o conhecimento silenciado está fadado à morte. Como instrumento máximo<br />

da linguagem e, tendo a possibilidade de trafegar por todos os campos do conhecimento<br />

humano, a palavra logo foi identificada como uma relevante aliada nas correlações e disputas<br />

de poder, seja para mantê-lo, criticá-lo, ou mesmo destituí-lo.<br />

Buscar entender o significado da palavra na vida social passou a ser uma forma de<br />

conhecer as sociedades, suas culturas, ideologias e o próprio poder. Como um signo<br />

construído socialmente, a palavra é um dos grandes pilares da saga humana em busca de<br />

conhecer as verdades da existência, do mundo, e das relações entre os indivíduos e o mundo.<br />

Quando Bakhtin (2004, p. 41) diz:<br />

Tanto é verdade, que a palavra penetra literalmente em todas as relações<br />

entre indivíduos, nas relações de colaboração, nas de base ideológica, nos<br />

encontros fortuitos da vida cotidiana, nas relações de caráter político, etc. As<br />

palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de<br />

trama a todas as relações sociais em todos os domínios. É portanto claro, que<br />

a palavra será sempre o indicador mais sensível de todas as transformações<br />

sociais, mesmo daquelas que apenas despontam, que ainda não tomaram<br />

forma, que ainda não abriram caminho para sistemas ideológicos<br />

estruturados e bem formados.<br />

Ele não só aponta a relevância da palavra como construtora das relações sociais, como<br />

deixa claro que a palavra é também fruto dessas relações, já que “são tecidas a partir de uma<br />

multidão de fios ideológicos”. E são justamente as relações sociais, a forma como acontecem<br />

– se através da práxis, só da ação ou somente da reflexão, se por meio do diálogo ou do<br />

monólogo 2 , se por contato ou comunicação – um dos fatores que determinam as diferentes,<br />

desiguais, e contraditórias realidades e caminhos tomados pela humanidade. O caminho da<br />

palavra enquanto práxis, que se faz diálogo e permite a interação entre os indivíduos e<br />

coletivos, o respeito à alteridade dos que falam/escutam e dos que escutam/falam, é o que<br />

chega à comunicação. Para Bakhtin, “uma só voz nada termina e nada resolve. Duas vozes<br />

são o mínimo de vida, o mínimo de existência” (BAKHTIN, 2005, p. 257). E ainda destaca<br />

que:<br />

Dominar o homem interior, ver e entendê-lo é impossível fazendo dele<br />

objeto de análise neutra indiferente, assim como não se pode dominá-lo<br />

fundindo-se com ele, penetrando em seu íntimo. Podemos focalizá-lo e<br />

podemos revelá-lo – somente através da comunicação com ele, por via<br />

2 Monólogo aqui funciona como uma ação antidialógica, baseada na conquista, opressão, manipulação e<br />

desrespeito a alteridade. É ausência da dialética nas relações sociais.<br />

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