A COMUNICAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: Um ... - DHnet
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faz a seguinte crítica a instrumentalização do saber, o pensar os instrumentos tecnológicos em<br />
detrimento das questões teóricas:<br />
<strong>Um</strong>a concepção instrumental do saber está progredindo, fazendo com que se<br />
perca de vista que a tarefa da universidade é proporcionar ao estudante um<br />
ensino que lhe dê a possibilidade de formar sua autonomia intelectual. O<br />
positivismo gerencial é alérgico a todo distanciamento, a pôr em duvida o<br />
‘bom senso’. Daí a aversão pelas ‘teorias’, a alergia à reflexão, assimilada a<br />
‘teoricismos’. Ao não se resistir às tendências que visam à<br />
‘profissionalização’, à transmissão de habilidades técnicas, a escamotear a<br />
questão da ‘profissionalidade’ como inserção na sociedade, não só como<br />
profissional, mas também como cidadão, corre-se o risco de não se poder<br />
aproveitar o potencial virtual desse fabuloso arsenal de novas tecnologias e<br />
de orientar os usos sociais das ferramentas das futuras sociedades do saber<br />
em direção aos mesmos becos sem saída da sociedade industrial. Numa<br />
palavra, corre-se o risco de se ficar sem ‘imaginação sociológica’.<br />
Venício Lima (2004, p. 35), fala sobre a pesquisa brasileira no campo da comunicação<br />
com a seguinte obordagem:<br />
[...] ao adotar o modelo comercial para organizar nossa mídia, ao adotar o<br />
ensino instrumental para habilitar os profissionais da área, ao desvincular a<br />
pesquisa, já dispersa e fragmentada, das profissões e de sua responsabilidade<br />
pública, estamos também contribuindo para o enfraquecimento e a confusão<br />
teórica do campo de estudos das comunicações.<br />
Para ilustrar melhor o levantamento sobre os modelos teóricos incorporados ao estudo<br />
das comunicações, no Brasil, ele criou um quadro auto-explicativo (LIMA, 2004, p. 35 - 38),<br />
onde se pode visualizar melhor os temas e suas diversas definições. É interessante observar<br />
que um único modelo teórico tem a definição da comunicação como questão básica de<br />
pesquisa, o elaborado por Paulo Freire, no final da década de 1960, denominado por Venício<br />
de Diálogo.<br />
No Brasil dos anos 70, as novas tecnologias da época – o gravador cassete, a<br />
câmera de vídeo, o videocassete – anunciavam uma potencialidade de<br />
democratização das comunicações, desde que controladas pelos movimentos<br />
e grupos populares. Foram muitos os experimentos do período que tomaram<br />
como referência as obras de Freire e de Antonio Gramsci, sendo os mais<br />
conhecidos aqueles nomeados como ‘comunicação das classes subalternas’,<br />
‘comunicação alternativa’ e/ou ‘comunicação popular’. Obras como as de<br />
Melo (1980), Lins da Silva (1982) e Festa e Lins da Silva (1986) expressam,<br />
embora de perspectivas diferenciadas, as preocupações aqui apontadas. Mais<br />
recentemente, perspectivas abertas pela Lei do Cabo (Lei. 8977/95) fizeram<br />
emergir estudos sobre ‘mídia comunitária’ que podem também ser<br />
enquadradas nessa perspectiva. Ver, por exemplo, Peruzzo (1998). (LIMA,<br />
2004, p. 49)<br />
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