13.04.2013 Views

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Tinha cabelos louros e um rosto tão largo e vigoroso quanto o <strong>de</strong> Lancelote,<br />

seu meio-irmão, era estreito e <strong>de</strong>licado. Tal como Artur, a sua fi gura<br />

inspirava confi ança e se todos os Cristãos tivessem sido como Galaad, creio<br />

que teria abraçado o culto da cruz naqueles dias longínquos.<br />

— Passámos a noite do outro lado da montanha — indicou com um<br />

gesto a estrada atrás <strong>de</strong> nós — e meta<strong>de</strong> dos homens fi caram enregelados;<br />

vocês, no entanto, <strong>de</strong>vem ter <strong>de</strong>scansado ali, não? — Apontou para a coluna<br />

<strong>de</strong> fumo que ainda se <strong>de</strong>sprendia da nossa fogueira.<br />

— Quentes e secos — disse eu, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> os recém-chegados terem<br />

saudado os seus velhos camaradas, eu próprio os abracei a todos e disse a<br />

Ceinwyn como se chamavam. Um por um ajoelharam e juraram-lhe lealda<strong>de</strong>.<br />

Todos sabiam que ela se escapulira da sua festa <strong>de</strong> noivado para se<br />

juntar a mim, e amavam-na por isso, erguendo agora as lâminas <strong>de</strong>scobertas<br />

das espadas para que as mesmas pu<strong>de</strong>ssem ser agraciadas com o seu<br />

toque real. — E que é feito dos outros homens? — perguntei a Galaad.<br />

— Foram juntar-se a Artur. — Fez uma careta. — Nenhum dos cristãos<br />

veio comigo, infelizmente. Exceto eu.<br />

— Achas que um Cal<strong>de</strong>irão pagão compensa tudo isto? — perguntei<br />

eu, indicando com um gesto a estrada gelada que se estendia à nossa frente.<br />

— Diwrnach espera-nos no fi m da estrada, meu amigo — disse Galaad<br />

— e segundo oiço dizer, a sua cruelda<strong>de</strong> iguala tudo o que alguma<br />

vez possa ter saído <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do covil do diabo. A missão <strong>de</strong> um cristão é<br />

combater o mal e por isso aqui estou.<br />

Saudou Merlim e Nimue e, em seguida, enquanto príncipe com a<br />

mesma condição social <strong>de</strong> Ceinwyn, abraçou-a.<br />

— Sois uma mulher afortunada — ouvi-o sussurrar.<br />

Ela sorriu e beijou-lhe a face.<br />

— E agora mais ainda, meu Príncipe, pois estais aqui connosco.<br />

— Isso é verda<strong>de</strong>, claro. — Galaad <strong>de</strong>u um passo atrás e o seu olhar<br />

pousou em cada um <strong>de</strong> nós, alternadamente. — Toda a Bretanha fala <strong>de</strong><br />

vocês os dois.<br />

— Porque toda a Bretanha está cheia <strong>de</strong> línguas ociosas — interveio<br />

Merlim, num surpreen<strong>de</strong>nte acesso <strong>de</strong> mau génio — e temos uma viagem<br />

pela frente quando os dois tiverem dado por terminada a tagarelice.<br />

O seu rosto estava tenso e o seu humor irritadiço. Atribuí-o à ida<strong>de</strong> e<br />

ao caminho árduo que percorríamos em tempo frio e fi z por não pensar no<br />

seu juramento <strong>de</strong> morte.<br />

A travessia das montanhas <strong>de</strong>morou outros dois dias. A Estrada Sombria<br />

não era longa, mas era aci<strong>de</strong>ntada, seguindo por colinas íngremes e<br />

furando vales profundos on<strong>de</strong> o mais ínfi mo dos sons ressoava cavernoso<br />

e frio nas pare<strong>de</strong>s geladas. Encontrámos um povoado abandonado on<strong>de</strong><br />

106

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!