Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência
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Apontei um <strong>de</strong>do trémulo na direção da cavida<strong>de</strong>.<br />
— O Cal<strong>de</strong>irão, senhor. — Queria saber se o Cal<strong>de</strong>irão tinha operado<br />
um milagre, mas estava <strong>de</strong>masiado confuso pela estupefação e o alívio para<br />
que pu<strong>de</strong>sse ser coerente.<br />
— E que belo Cal<strong>de</strong>irão este, Derfel. Espaçoso, fundo, dotado <strong>de</strong> todas<br />
as qualida<strong>de</strong>s que se exige a um Cal<strong>de</strong>irão. — Deu uma <strong>de</strong>ntada no queijo.<br />
— Estou esfomeado! — Deu nova <strong>de</strong>ntada, em seguida recostou-se nos rochedos<br />
e sorriu para todos nós. — Inferiores em número e cercados! Bem,<br />
bem!! Que virá a seguir? — Enfi ou o resto do pedaço <strong>de</strong> queijo na boca e<br />
sacudiu as migalhas das mãos. Dedicou um sorriso especial a Ceinwyn e<br />
<strong>de</strong>pois esten<strong>de</strong>u um dos seus longos braços na direção <strong>de</strong> Nimue. — Está<br />
tudo bem? — perguntou-lhe.<br />
— Tudo bem — disse ela calmamente enquanto se aninhava entre os<br />
braços <strong>de</strong>le. Era a única que não parecia surpreendida com o aparecimento<br />
<strong>de</strong>le ou com o seu evi<strong>de</strong>nte estado <strong>de</strong> boa saú<strong>de</strong>.<br />
— A não ser que estamos cercados e somos inferiores em número! —<br />
disse ele em tom zombeteiro. — O que é que vamos fazer? Normalmente,<br />
o melhor que há a fazer numa situação <strong>de</strong> emergência é sacrifi car alguém.<br />
— Lançou um olhar expectante pelo círculo <strong>de</strong> homens atónitos. O seu<br />
rosto tinha recuperado as cores e toda a sua energia perversa regressara. —<br />
Derfel, talvez?<br />
— Senhor! — protestou Ceinwyn.<br />
— Senhora! Vós não! Não, não, não, não, não. Já haveis feito o sufi -<br />
ciente.<br />
— Sacrifício, não, senhor — implorou Ceinwyn.<br />
Merlim sorriu. Nimue parecia ter adormecido nos braços <strong>de</strong>le, mas<br />
nenhum <strong>de</strong> nós que ali estávamos po<strong>de</strong>ria voltar a adormecer. Uma lança<br />
ressoou nas rochas mais baixas e o som fez com que Merlim me esten<strong>de</strong>sse<br />
o seu bastão.<br />
— Sobe até ao cimo, Derfel, e aponta para oeste com o meu bastão.<br />
Para oeste, não te esqueças, não para leste. Tenta fazer uma coisa como <strong>de</strong>ve<br />
ser por uma vez, está bem? É claro que quando se quer que uma tarefa seja<br />
executada corretamente, <strong>de</strong>vemos sempre fazê-la nós mesmos, mas eu não<br />
quero acordar Nimue. Vai.<br />
Empunhei o bastão e galguei as rochas até chegar ao ponto mais elevado<br />
do monte e aí, seguindo as instruções <strong>de</strong> Merlim, apontei-o na direção<br />
do oceano distante.<br />
— Não o abanes! — gritou Merlim. — Aponta-o! Sente o seu po<strong>de</strong>r!<br />
Não é um aguilhão para espicaçar bois, rapaz, é o bastão <strong>de</strong> um druida!<br />
Mantive o bastão apontado para oeste. Os cavaleiros negros <strong>de</strong> Diwrnach<br />
<strong>de</strong>vem ter pressentido a presença da magia, pois os seus feiticeiros<br />
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