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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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queres saber qual era o meu pressentimento? Que para Lancelote eu seria<br />

apenas mais uma das suas possessões, e ele parece já ter tantas. No entanto,<br />

ainda não tinha a certeza do que iria fazer. Então Merlim apareceu e conversou<br />

comigo. Deixou fi car Nimue, que falou, falou, falou. Eu, porém, já sabia<br />

que não queria pertencer a homem nenhum. Toda a minha vida pertenci<br />

a homens. Então, Nimue e eu fi zemos um juramento a Don e eu Jurei-Lhe<br />

que se Ela me conce<strong>de</strong>sse as forças <strong>de</strong> que precisava para conquistar a minha<br />

liberda<strong>de</strong>, nunca me casaria. Amar-te-ei — prometeu-me, erguendo os<br />

olhos para fi tar o meu rosto — mas nunca pertencerei a homem nenhum.<br />

Talvez não, pensei, mas ela, tal como eu, era ainda um joguete nas<br />

mãos <strong>de</strong> Merlim. Como se tinham afadigado, ele e Nimue. No entanto, nada<br />

adiantei sobre isso, nem sobre a Estrada Sombria.<br />

— A partir <strong>de</strong> agora, serás inimiga <strong>de</strong> Guinevere — adverti Ceinwyn.<br />

— Sim — disse ela, — mas sempre fui, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que<br />

ela <strong>de</strong>cidiu roubar-me Artur. Nessa altura, porém, eu não passava <strong>de</strong> uma<br />

criança e não sabia como havia <strong>de</strong> lutar contra ela. A noite passada ripostei,<br />

embora daqui para o futuro pretenda apenas manter-me discreta. — Sorriu.<br />

— E tu <strong>de</strong>verias ter casado com Gwenhwyvach?<br />

— Pois <strong>de</strong>via — confessei.<br />

— Pobre Gwenhwyvach — disse Ceinwyn. — Ela foi sempre muito<br />

boa para mim enquanto elas viveram aqui, mas lembro-me que sempre que<br />

a irmã entrava no quarto, ela fugia. Era como se ela fosse um rato enorme e<br />

anafado e a irmã fosse o gato.<br />

Artur veio até ao vale nessa tar<strong>de</strong>. O gru<strong>de</strong> que segurava os fragmentos<br />

<strong>de</strong> osso secava no punho <strong>de</strong> Hywelbane quando os seus guerreiros surgiram<br />

entre as árvores que cobriam a encosta sul <strong>de</strong> Cwm Isaf, em frente à<br />

nossa casa. Os lanceiros não vinham para nos ameaçar, apenas tinham feito<br />

um <strong>de</strong>svio na longa marcha <strong>de</strong> regresso a casa, a aprazível Dumnónia. Não<br />

vimos sinais <strong>de</strong> Lancelote, nem <strong>de</strong> Guinevere, à medida que Artur atravessava<br />

sozinho o ribeiro. Não trazia nem a espada nem o escudo.<br />

Recebêmo-lo à porta <strong>de</strong> nossa casa. Ele cumprimentou Ceinwyn com<br />

uma vénia e <strong>de</strong>pois sorriu-lhe.<br />

— Querida senhora — disse simplesmente.<br />

— Estais zangado comigo, senhor? — perguntou-lhe ela, ansiosa.<br />

Ele fez uma careta.<br />

— A minha mulher julga que sim, mas não estou. Como posso eu<br />

estar zangado? Apenas fi zestes o mesmo que eu fi z outrora, e vós tivestes a<br />

gentileza <strong>de</strong> o fazer antes do juramento. — Tornou a sorrir-lhe. — Talvez<br />

tenhais causado um certo contratempo, mas eu mereci-o. Posso caminhar<br />

um pouco com Derfel?<br />

Metemos pelo mesmo caminho que eu percorrera com Ceinwyn nes-<br />

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