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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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Abanei a cabeça.<br />

— Ela é po<strong>de</strong>rosa — disse eu, — mas não tanto como ele. Nem como<br />

Nimue.<br />

Nimue e Merlim tinham sido ambos atingidos pelas Três Feridas da<br />

Sabedoria, enquanto Morgana sofrera apenas a ferida do corpo e nunca a<br />

ferida do espírito ou a ferida do orgulho. No entanto, a profecia <strong>de</strong> Morgana<br />

era uma história arguta, pois em certo sentido Merlim estava a <strong>de</strong>safi ar os<br />

Deuses. Queria domar os seus caprichos e, em troca, oferecer-lhes-ia a <strong>de</strong>voção<br />

<strong>de</strong> um país inteiro. Mas por que razão haveriam os Deuses <strong>de</strong> querer<br />

ser subjugados? Talvez tivessem escolhido os po<strong>de</strong>res menores <strong>de</strong> Morgana<br />

como instrumento contra as interferências <strong>de</strong> Merlim, pois que outra coisa<br />

po<strong>de</strong>ria explicar a hostilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Morgana? Ou talvez Morgana, tal como<br />

Artur, acreditasse que a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> Merlim era um disparate, a procura<br />

<strong>de</strong>sesperada <strong>de</strong> um velho por uma Bretanha que <strong>de</strong>saparecera com a chegada<br />

das Legiões. Para Artur, a luta era apenas uma: expulsar os reis saxões<br />

da Bretanha. E Artur teria dado cobertura aos rumores postos a circular<br />

pela irmã se isso signifi casse que nenhuma lança bretã seria <strong>de</strong>sperdiçada<br />

contra os escudos tingidos <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> Diwrnach. Talvez Artur estivesse<br />

a servir-se da irmã para se certifi car <strong>de</strong> que nenhuma das vidas preciosas<br />

<strong>de</strong> Dumnónia seria dissipada em Lleyn. À exceção da minha vida, da dos<br />

meus homens e da minha adorada Ceinwyn. Pois nós estávamos presos<br />

por um juramento.<br />

No entanto, Merlim <strong>de</strong>sobrigara-nos e eu fi z uma <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira tentativa<br />

para persuadir Ceinwyn a permanecer em Powys. Contei-lhe que Artur<br />

acreditava que o Cal<strong>de</strong>irão já não existia, que <strong>de</strong>via ter sido roubado pelos<br />

Romanos e transportado para a gran<strong>de</strong> arca <strong>de</strong> tesouros que era Roma, para<br />

ser <strong>de</strong>rretido e transformado em pentes para o cabelo, pregadores, moedas<br />

ou alfi netes. Disse-lhe tudo isto e quando me calei, ela sorriu e voltou a perguntar<br />

em qual dos dois eu acreditava: Merlim ou Artur.<br />

— Merlim — repeti.<br />

— Eu também — disse Ceinwyn. — E partirei.<br />

Cozemos pão, embalámos comida e afi ámos as nossas armas. E na<br />

noite seguinte, na véspera da nossa partida e do início da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> Merlim,<br />

caíram as primeiras neves.<br />

Cuneglas <strong>de</strong>u-nos dois póneis, que carregámos com a comida e as peles.<br />

Depois pusemos a tiracolo os escudos <strong>de</strong>corados com uma estrela <strong>de</strong><br />

cinco pontas e tomámos a estrada que seguia para norte. Iorweth abençoou-nos<br />

e os lanceiros <strong>de</strong> Cuneglas acompanharam-nos durante os primeiros<br />

quilómetros. Todavia, logo que passámos os vastos e gelados baldios<br />

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