Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência
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Ajustei a espada na sua posição habitual e <strong>de</strong>pois tornei a meter o osso<br />
intacto <strong>de</strong>ntro da bolsa.<br />
— Quero que transmitas uma mensagem aos homens — disse eu a<br />
Issa. — Não a Cavan, pois com ele falarei pessoalmente, mas quero que lhes<br />
digas que se algo <strong>de</strong> estranho suce<strong>de</strong>r esta noite, eles estão <strong>de</strong>sobrigados do<br />
juramento que me fi zeram.<br />
Ele olhou-me, franzindo o sobrolho.<br />
— Desobrigados dos nossos juramentos? — perguntou e <strong>de</strong>pois abanou<br />
a cabeça energicamente. — Eu não, senhor.<br />
Fiz sinal para que se calasse.<br />
— Diz-lhes também — prossegui — que se algo <strong>de</strong> estranho acontecer<br />
<strong>de</strong> facto, e po<strong>de</strong> ser que não aconteça, a lealda<strong>de</strong> ao meu juramento po<strong>de</strong>rá<br />
ter como signifi cado lutar contra Diwrnach.<br />
— Diwrnach! — disse Issa. Cuspiu e fez o símbolo para afastar o mal<br />
com a mão direita.<br />
— Diz-lhes isto, Issa — disse eu.<br />
— E o que po<strong>de</strong>rá acontecer esta noite, então? — perguntou ele, ansiosamente.<br />
— Nada, talvez — disse eu, — absolutamente nada. — Pois os Deuses<br />
não me tinham revelado qualquer sinal no bosque e eu ainda não sabia qual<br />
seria a minha escolha. Or<strong>de</strong>m ou caos. Ou nenhum dos dois, pois talvez o<br />
osso mais não fosse do que um resto <strong>de</strong> comida cozinhada e o facto <strong>de</strong> o<br />
partir fosse apenas o símbolo da <strong>de</strong>struição do amor que eu próprio sentia<br />
por Ceinwyn. Contudo, havia apenas uma forma <strong>de</strong> o saber, e essa era partir<br />
o osso. Se eu ousasse tal feito.<br />
Na festa <strong>de</strong> noivado <strong>de</strong> Ceinwyn.<br />
De todas as festas que marcaram aquelas noites <strong>de</strong> fi m <strong>de</strong> verão, a festa<br />
<strong>de</strong> noivado <strong>de</strong> Lancelote e Ceinwyn foi a mais sumptuosa. Até os Deuses<br />
pareciam favorecê-la, pois a Lua surgiu cheia e clara, o que era um presságio<br />
maravilhoso para um noivado. A Lua subiu pouco <strong>de</strong>pois do pôr-do-sol,<br />
uma orbe <strong>de</strong> prata crescente, imensa, sobre os cumes on<strong>de</strong> fi cava Dolforwyn.<br />
Perguntara a mim mesmo se a festa <strong>de</strong>correria no castelo <strong>de</strong> Dolforwyn,<br />
mas Cuneglas, ao ver o elevado número <strong>de</strong> bocas que havia para<br />
alimentar, <strong>de</strong>cidira circunscrever as celebrações ao interior <strong>de</strong> Caer Sws.<br />
Havia <strong>de</strong>masiados convidados para que todos coubessem <strong>de</strong>ntro do<br />
salão do rei, pelo que apenas os mais privilegiados foram autorizados a instalar-se<br />
entre as suas grossas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Os restantes sentaram-se<br />
no exterior, dando graças aos Deuses por aquela noite seca. O solo ainda<br />
estava húmido da chuva que caíra no início da semana, mas havia gran-<br />
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