Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência
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esmaguei-os <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> pedras, queimei-os, enterrei-os vivos, <strong>de</strong>itei-os juntamente<br />
com víboras, afoguei-os, matei-os à fome, cheguei até a matá-los<br />
<strong>de</strong> susto. Tantas formas interessantes; mas entregai-me a princesa Ceinwyn,<br />
Lor<strong>de</strong> Derfel, e eu prometo-vos uma morte tão lesta como a queda <strong>de</strong> uma<br />
estrela brilhante.<br />
Ceinwyn começara a caminhar na minha direção e os meus homens<br />
tinham agarrado subitamente a padiola <strong>de</strong> Merlim, as suas capas, armas e<br />
fardos, para se juntarem a ela. Ergui os olhos para Diwrnach.<br />
— Um dia, senhor — disse eu, — atirarei a vossa cabeça para <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> um fosso e soterrá-la-ei em excrementos <strong>de</strong> escravos. — Afastei-me <strong>de</strong>le.<br />
Ele riu.<br />
— Sangue, Lor<strong>de</strong> Derfel! — gritou atrás <strong>de</strong> mim. — Sangue!! É disso<br />
que os Deuses se alimentam, e o vosso dará um néctar excelente! Obrigarei<br />
a vossa mulher a bebê-lo na minha cama! — E, dito isso, picou os fl ancos do<br />
cavalo com as esporas e virou-o na direção dos seus homens.<br />
— São setenta e quatro — disse-me Galaad, quando cheguei junto<br />
<strong>de</strong>le. — Setenta e quatro homens e outras tantas lanças. Nós somos trinta e<br />
seis lanças, um homem moribundo e duas mulheres.<br />
— Eles não vão atacar já — tranquilizei-o. — Esperarão até que tenhamos<br />
<strong>de</strong>scoberto o Cal<strong>de</strong>irão.<br />
Ceinwyn <strong>de</strong>via estar gelada sob o vestido fi no e sem botas, mas em<br />
vez disso transpirava como se estivéssemos num dia <strong>de</strong> verão, enquanto<br />
cambaleava sobre as ervas. Tinha difi culda<strong>de</strong> em manter-se <strong>de</strong> pé, e ainda<br />
mais em caminhar, e contorcia-se da mesma forma que eu me contorcera<br />
no cume do Dolforwyn, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter ingerido o líquido que estava <strong>de</strong>ntro<br />
da taça prateada. Nimue, porém, estava ao seu lado, falando-lhe e reconfortando-a,<br />
embora também lutasse para a <strong>de</strong>sviar da direção que ela queria<br />
tomar. Os cavaleiros negros <strong>de</strong> Diwrnach seguiam-nos <strong>de</strong> perto, um anel<br />
móvel <strong>de</strong> Escudos Sanguinários que avançava através da ilha, formando<br />
um círculo amplo que tinha como centro o nosso reduzido grupo.<br />
Apesar do seu estado <strong>de</strong>lirante, Ceinwyn quase corria agora. Parecia<br />
estar no limiar da consciência e balbuciava palavras que eu não conseguia<br />
enten<strong>de</strong>r. O seu olhar parecia vazio. Nimue não parava <strong>de</strong> a arrastar para<br />
um lado, obrigando-a a seguir um carreiro <strong>de</strong> ovelhas que serpenteava para<br />
norte, perto <strong>de</strong> um pequeno monte coroado por pedras cinzentas. No entanto,<br />
quanto mais nos aproximávamos <strong>de</strong>sses rochedos altos e cobertos<br />
<strong>de</strong> líquenes, maior era a resistência que Ceinwyn oferecia, até que Nimue<br />
se viu obrigada a recorrer a todas as suas forças para a manter <strong>de</strong>ntro dos<br />
limites do carreiro estreito. A fi la da frente do círculo formado pelos cavaleiros<br />
negros já tinha passado o pequeno e íngreme monte <strong>de</strong> terra, e este,<br />
tal como nós, estava agora no interior do círculo. Ceinwyn choramingava<br />
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