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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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direção <strong>de</strong> Diwrnach, quais dois talismãs <strong>de</strong>stinados a manter a infl uência<br />

maléfi ca <strong>de</strong>ste do outro lado das montanhas. Vi Merlim tocar um amuleto<br />

<strong>de</strong> ferro que trazia pendurado ao pescoço no momento em que passávamos<br />

entre os dois crânios e recor<strong>de</strong>i a terrível promessa segundo a qual<br />

ele começaria a morrer no instante em que pisasse a Estrada Sombria. No<br />

momento em que as nossas botas calcaram a imaculada camada <strong>de</strong> neve<br />

que cobria a estrada, eu soube que aquele juramento <strong>de</strong> morte começara<br />

a funcionar. Fitei-o, mas não vi sinais <strong>de</strong> angústia ao longo <strong>de</strong> todo aquele<br />

dia à medida que escalávamos as colinas, <strong>de</strong>slizando na neve e caminhando<br />

penosamente, envoltos na nuvem <strong>de</strong> neblina formada pela nossa própria<br />

respiração. Nessa noite pernoitámos na cabana abandonada <strong>de</strong> um pastor<br />

que, ditosamente, ainda conservava um telhado grosseiro feito <strong>de</strong> tábuas<br />

velhas e palha podre com a qual ateámos uma fogueira que tremeluzia <strong>de</strong>bilmente<br />

na escuridão nívea.<br />

Na manhã seguinte, ainda não tínhamos percorrido uns duzentos<br />

e cinquenta metros quando um corno soou nas nossas costas. Parámos,<br />

virámo-nos e fazendo uma pala com as mãos para proteger os olhos, vimos<br />

uma fi la <strong>de</strong> homens formando uma linha escura no cume <strong>de</strong> uma colina<br />

ao longo da qual tínhamos <strong>de</strong>slizado na tar<strong>de</strong> do dia anterior. Eram quinze,<br />

todos armados com escudos, espadas e lanças, e quando viram que tinham<br />

atraído as nossas atenções, iniciaram a <strong>de</strong>scida da traiçoeira colina coberta<br />

<strong>de</strong> neve, ora correndo, ora escorregando ao longo da encosta. À medida<br />

que avançavam, produziam gran<strong>de</strong>s nuvens turvas que o vento empurrava<br />

para oeste.<br />

Sem esperarem pelas minhas or<strong>de</strong>ns, os meus homens formaram uma<br />

linha, <strong>de</strong>sapertaram os escudos e baixaram as lanças para constituir um escudo<br />

<strong>de</strong>fensivo que atravessava a estrada. Eu atribuíra as responsabilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Cavan a Issa e ele gritou-lhes que se mantivessem fi rmes. No entanto,<br />

mal ele acabara <strong>de</strong> falar quando eu reconheci a curiosa insígnia pintada<br />

num dos escudos agora cada vez mais próximos. Era uma cruz, e eu só conhecia<br />

um único homem que usasse aquele símbolo cristão. Galaad.<br />

— Companheiros! — gritei para Issa e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>satei a correr. Naquele<br />

momento conseguia ver claramente os homens que se aproximavam.<br />

Todos eles faziam parte do grupo <strong>de</strong> soldados que eu <strong>de</strong>ixara na Silúria,<br />

forçados a servir na guarda palaciana <strong>de</strong> Lancelote. Os seus escudos ainda<br />

ostentavam a máscara <strong>de</strong> urso que era a insígnia <strong>de</strong> Artur, embora fossem<br />

comandados pela cruz <strong>de</strong> Galaad. Tal como eu, Galaad acenava e gritava,<br />

pelo que nenhum <strong>de</strong> nós ouviu uma só palavra do que o outro disse até<br />

termos caído nos braços um do outro.<br />

— Meu Príncipe — sau<strong>de</strong>i-o e tornei a abraçá-lo, pois ele foi <strong>de</strong> facto o<br />

melhor <strong>de</strong> todos os amigos que alguma vez tive.<br />

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