13.04.2013 Views

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— É uma honra <strong>de</strong>masiado elevada para mim, senhor — disse eu,<br />

cauteloso. — Além do mais, o paladino <strong>de</strong> Mordred sois vós.<br />

— O Príncipe Artur — disse Guinevere, pois gostava <strong>de</strong> o tratar por<br />

Príncipe, ainda que ele fosse fi lho bastardo — já presi<strong>de</strong> ao Conselho. Não<br />

po<strong>de</strong> ser paladino em simultâneo, a não ser que se espere que seja ele a fazer<br />

tudo o que há a fazer em Dumnónia.<br />

— É certo, senhora — disse eu. Não era avesso à honra, pois a mesma<br />

era elevada, embora tivesse um preço. Em caso <strong>de</strong> batalha, teria <strong>de</strong> lutar<br />

contra todo e qualquer paladino que se apresentasse para um combate individual,<br />

mas em tempo <strong>de</strong> paz, essa honra traduzir-se-ia em riquezas e<br />

num estatuto muito acima da minha condição presente. Já tinha o título <strong>de</strong><br />

Lor<strong>de</strong>, bem como os homens condizentes com esse tipo <strong>de</strong> título e o direito<br />

<strong>de</strong> pintar a minha própria divisa nos escudos <strong>de</strong>sses homens. No entanto<br />

estas honrarias eram partilhadas com outros quarenta senhores da guerra<br />

<strong>de</strong> Dumnónia. Como paladino do rei, tornar-me-ia o principal guerreiro<br />

<strong>de</strong> Dumnónia, embora eu não conseguisse ver <strong>de</strong> que modo é que um homem,<br />

fosse ele quem fosse, po<strong>de</strong>ria reclamar esse estatuto enquanto Artur<br />

fosse vivo. Ou enquanto Sagramor fosse vivo, <strong>de</strong> facto.<br />

— Sagramor — disse, cauteloso — é melhor guerreiro do que eu, meu<br />

Príncipe. — Na presença <strong>de</strong> Guinevere não podia esquecer-me <strong>de</strong> o tratar<br />

ocasionalmente por Príncipe, embora este título lhe <strong>de</strong>sagradasse.<br />

Artur <strong>de</strong>moliu a minha objeção.<br />

— Vou nomear Sagramor Senhor das Pedras — disse ele. — É tudo o<br />

que ele quer. — A tutela das Pedras transformaria Sagramor no responsável<br />

pela fronteira saxónica e não me era difícil acreditar que o negro Sagramor,<br />

pele e olhos escuros, fi caria bem satisfeito com uma nomeação <strong>de</strong> características<br />

tão bélicas. — Tu, Derfel — bateu-me no peito, — serás o paladino.<br />

— E quem — perguntei num tom seco — será a esposa do paladino?<br />

— A minha irmã, Gwenhwyvach — disse Guinevere, olhando-me fi -<br />

xamente.<br />

Senti-me agra<strong>de</strong>cido por ter sido prevenido por Merlim.<br />

— Conce<strong>de</strong>is-me uma honra <strong>de</strong>masiado elevada, senhora — disse eu,<br />

suavemente.<br />

Guinevere sorriu, satisfeita pelo facto <strong>de</strong> as minhas palavras implicarem<br />

aceitação.<br />

— Alguma vez pensaste vir a casar com uma princesa, Derfel?<br />

— Não, senhora — disse eu. Gwenhwyvach, tal como Guinevere,<br />

era <strong>de</strong> facto uma princesa, uma princesa <strong>de</strong> Henis Wyren, embora Henis<br />

Wyren já não existisse. O infeliz reino chamava-se agora Lleyn e era governado<br />

pelo tenebroso invasor irlandês, o rei Diwrnach.<br />

Guinevere <strong>de</strong>u um puxão nas trelas para conter a excitação dos cães.<br />

57

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!