Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência
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— Agora — advertiu os seus seguidores, — marchamos lado a lado<br />
com os homens <strong>de</strong> Gwent e ao lado dos lanceiros <strong>de</strong> Dumnónia. Eram os<br />
inimigos <strong>de</strong> meu pai, mas são meus amigos, e é por esse motivo que Lor<strong>de</strong><br />
Derfel está aqui presente. — Sorriu para mim. — E é por esse motivo —<br />
continuou — que na próxima Lua cheia, a minha querida irmã assumirá<br />
o seu noivado com Lancelote. Será rainha na Silúria e os homens naturais<br />
<strong>de</strong>ste país marcharão connosco, e com Artur e com Tewdric, para expulsar<br />
os Saxões. Destruiremos o nosso verda<strong>de</strong>iro inimigo. Destruiremos<br />
os Sais!<br />
Desta vez, a aclamação elevou-se sem entraves. Conquistara-os. Oferecia-lhes<br />
a riqueza e o po<strong>de</strong>r da velha Bretanha e eles aplaudiam e batiam os<br />
pés para <strong>de</strong>monstrar a sua aprovação. Cuneglas permaneceu <strong>de</strong> pé durante<br />
algum tempo, <strong>de</strong>ixando que a aclamação continuasse, <strong>de</strong>pois sentou-se e<br />
sorriu para mim como se reconhecesse que Artur teria aprovado as palavras<br />
que acabara <strong>de</strong> proferir.<br />
Não fi quei em Dolforwyn para o festim que se prolongaria pela noite<br />
fora. Em vez disso regressei a Caer Sws atrás da carroça puxada por bois<br />
que transportava a rainha Helledd, as suas duas tias e Ceinwyn. As nobres<br />
damas <strong>de</strong>sejavam estar <strong>de</strong> volta a Caer Sws à hora do crepúsculo e eu acompanhei-as,<br />
não porque me sentisse hostilizado na companhia dos homens<br />
<strong>de</strong> Cuneglas mas sim porque não tivera qualquer oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar<br />
com Ceinwyn. Assim, como um vitelo aluado, juntei-me ao reduzido grupo<br />
<strong>de</strong> soldados que escoltava a carroça até ao seu <strong>de</strong>stino. Vestira-me com<br />
esmero nesse dia, <strong>de</strong>sejando impressionar Ceinwyn. Limpara a minha cota<br />
<strong>de</strong> malha, escovara a lama que manchava as minhas botas e a minha capa e<br />
<strong>de</strong>pois pren<strong>de</strong>ra os meus longos cabelos louros numa longa trança que caía<br />
ao longo das minhas costas. Usava o pregador <strong>de</strong>la na minha capa, em sinal<br />
da minha vassalagem para com ela.<br />
Pensei que ela iria ignorar-me, pois durante a longa caminhada <strong>de</strong> volta<br />
a Caer Sws, seguiu sentada na carroça sem olhar para mim. Finalmente,<br />
porém, <strong>de</strong>pois da curva e quando a fortaleza se tornou visível, virou-se e<br />
apeou-se esperando por mim na berma da estrada. Os soldados que a escoltavam<br />
afastaram-se para me <strong>de</strong>ixar caminhar ao lado <strong>de</strong>la. Ela sorriu ao<br />
reconhecer o pregador, mas não fez qualquer referência ao mesmo.<br />
— Estávamos curiosas, Lor<strong>de</strong> Derfel — disse ela, em vez disso, — por<br />
conhecer os motivos que o trouxeram até aqui.<br />
— Artur queria que alguém <strong>de</strong> Dumnónia testemunhasse a aclamação<br />
do seu irmão, senhora — respondi.<br />
— Ou será que Artur queria certifi car-se <strong>de</strong> que ele iria ser aclamado?<br />
— perguntou ela, sagazmente.<br />
— Também — admiti eu.<br />
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