13.04.2013 Views

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Não exatamente — admitiu Nimue. — Mas enquanto vocês dois<br />

arranjavam a vossa casinha — fez esta observação num tom sarcástico,<br />

— nós fomos até Cadair Idris. Fizemos um sacrifício, o sacrifício antigo, e<br />

Merlim ofereceu a sua vida como garantia, não ao Cal<strong>de</strong>irão, mas à <strong>de</strong>manda.<br />

Se encontrarmos o Cal<strong>de</strong>irão, ele viverá, mas se fracassarmos, morrerá<br />

e a alma-sombra do sacrifício po<strong>de</strong>rá reclamar a alma <strong>de</strong> Merlim para toda<br />

a eternida<strong>de</strong>.<br />

Eu sabia o que era o sacrifício antigo, embora nunca tivesse ouvido<br />

dizer que continuava a ser praticado no nosso tempo.<br />

— Quem foi o sacrifício? — perguntei.<br />

— Ninguém que conheças. Ninguém que nós conhecêssemos. Um<br />

homem, apenas. — Nimue falou com <strong>de</strong>sdém. — Mas a sua alma-sombra<br />

está aqui, observando-nos, e quer que fracassemos. Quer a vida <strong>de</strong> Merlim.<br />

— E se Merlim acabar por morrer? — perguntei.<br />

— Não morrerá, louco! Não, se encontrarmos o Cal<strong>de</strong>irão.<br />

— Se eu o encontrar — disse Ceinwyn, nervosa.<br />

— Encontrarás — retorquiu Nimue, confi ante.<br />

— Como?<br />

— Sonharás — disse Nimue — e o sonho conduzir-nos-á até ao Cal<strong>de</strong>irão.<br />

E Diwrnach, compreendi quando chegámos aos estreitos que separavam<br />

o continente da ilha, queria que o encontrássemos. A fogueira fora<br />

o sinal <strong>de</strong> que estávamos a ser vigiados pelos seus homens, mas estes não<br />

se tinham mostrado nem tentado impedir a nossa viagem, o que sugeria<br />

que Diwrnach estava ao corrente da nossa <strong>de</strong>manda e queria que a mesma<br />

fosse bem-sucedida para que ele próprio pu<strong>de</strong>sse apo<strong>de</strong>rar-se do Cal<strong>de</strong>irão.<br />

Não havia outra explicação para o facto <strong>de</strong> não estar a levantar obstáculos à<br />

nossa viagem até Ynys Mon.<br />

Os estreitos não eram largos, mas a água cinzenta rodopiava, sugava<br />

e formava espuma à medida que varria impetuosamente o canal. O mar<br />

corria veloz por entre aquelas passagens estreitas, formando perigosos re<strong>de</strong>moinhos<br />

ou quebrando-se em vagas <strong>de</strong> espuma branca contra rochedos<br />

escondidos. O mar, porém, não era tão assustador como a costa distante,<br />

que se erguia perante os nossos olhos absolutamente vazia, escura e <strong>de</strong>sabrigada,<br />

quase como se esperasse a oportunida<strong>de</strong> certa para sugar as nossas<br />

almas. Estremeci ao observar a colina coberta <strong>de</strong> erva, perdida na distância,<br />

sem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> pensar naquele longínquo Dia Negro em que os Romanos<br />

chegaram a esta mesma costa rochosa e em que a distante margem<br />

oposta se enchera <strong>de</strong> druidas, que lançavam as suas temíveis maldições na<br />

direção dos soldados estrangeiros. As maldições tinham falhado, os Romanos<br />

tinham feito a travessia até à outra margem e Ynys Mon perecera.<br />

112

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!