13.04.2013 Views

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

darmos, só ocasionalmente ele fará o mesmo connosco. Os seus homens<br />

vêm para fazer escravos, mas já há poucas pessoas no Norte, e os homens<br />

<strong>de</strong>le não viajam para muito longe. No entanto, se o seu bando <strong>de</strong> guerreiros<br />

for superior às colheitas <strong>de</strong> Lleyn, ele partirá em busca <strong>de</strong> novas terras,<br />

fi quem elas on<strong>de</strong> fi carem.<br />

— Ynys Mon é famosa pelas suas colheitas — disse Merlim. Ynys Mon<br />

era a gran<strong>de</strong> ilha que fi cava ao largo da costa norte <strong>de</strong> Lleyn.<br />

— Ynys Mon produz o sufi ciente para alimentar um milhar <strong>de</strong> bocas<br />

— concordou Cadwallon, — mas só se houver pessoas em número sufi -<br />

ciente para semear e ceifar, e as vidas dos seus habitantes não são poupadas.<br />

Ninguém escapa. Todos os bretões <strong>de</strong> bom senso <strong>de</strong>ixaram Lleyn há muitos<br />

anos e os que fi caram estão subjugados pelo terror. O mesmo fariam<br />

vocês, se Diwrnach vos fi zesse uma visita à procura do que lhe interessa.<br />

— Que é? — perguntei eu.<br />

Cadwallon olhou-me, fez uma pausa e <strong>de</strong>pois encolheu os ombros.<br />

— Escravos — disse.<br />

— E vocês — inquiriu Merlim, num tom <strong>de</strong> voz insinuante — pagam-lhe<br />

o tributo exigido?<br />

— É um pequeno preço a pagar, a bem da paz. — Cadwallon rejeitou<br />

a acusação.<br />

— Quantos? — quis saber Merlim.<br />

— Quarenta por ano — admitiu fi nalmente Cadwallon. — A maior<br />

parte são crianças órfãs e, por vezes, alguns prisioneiros. As raparigas, no<br />

entanto, são o que o <strong>de</strong>ixam mais satisfeito. — Lançou um olhar pensativo<br />

a Ceinwyn. — Ele tem uma queda por raparigas.<br />

— Muitos homens têm, meu Rei — respon<strong>de</strong>u Ceinwyn, secamente.<br />

— Não como Diwrnach — advertiu-a Cadwallon. — Os feiticeiros<br />

<strong>de</strong>le disseram-lhe que um escudo forrado com a pele curtida <strong>de</strong> uma virgem<br />

seria invencível numa batalha. — Encolheu os ombros. — Quanto a<br />

mim, não posso dizer que alguma vez o tenha experimentado.<br />

— Envia-lhe crianças, então? — disse Ceinwyn, num tom acusatório.<br />

— Conheceis outro tipo <strong>de</strong> virgens? — retorquiu Cadwallon.<br />

— Nós pensamos que ele foi tocado pelos Deuses — disse Byrthig,<br />

como se isso explicasse o apetite <strong>de</strong> Diwrnach por escravas virgens, — pois<br />

parece louco. Um dos seus olhos é vermelho — interrompeu-se para triturar<br />

um pedaço <strong>de</strong> carneiro cinzento com o <strong>de</strong>nte da frente. — Ele forra os<br />

escudos com pele — continuou, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter reduzido a carne a uma película<br />

fi na — e <strong>de</strong>pois pinta-os com sangue. Por isso é que os seus homens<br />

chamam a si mesmos Escudos Sanguinários.<br />

Cadwallon fez o sinal para afastar os espíritos maléfi cos.<br />

— E alguns homens dizem que ele come a carne das raparigas — pros-<br />

102

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!