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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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passámos a nossa segunda noite na estrada. Era um conjunto <strong>de</strong> cabanas <strong>de</strong><br />

pedra redondas, amontoadas no interior <strong>de</strong> uma muralha com a altura <strong>de</strong><br />

um homem, sobre a qual colocámos três homens <strong>de</strong> guarda às encostas que<br />

reluziam sob a clarida<strong>de</strong> brilhante da Lua. Não tínhamos com que atear uma<br />

fogueira, pelo que nos sentámos muito juntos entoando melodias, contando<br />

histórias e tentando não pensar nos Escudos Sanguinários. Naquela noite,<br />

Galaad contou-nos novida<strong>de</strong>s da Silúria. O irmão, disse ele, recusara-se a<br />

ocupar a antiga capital <strong>de</strong> Gundleus em Nidum, pois era muito distante <strong>de</strong><br />

Dumnónia e não tinha outros confortos para além <strong>de</strong> um aquartelamento<br />

romano em ruínas. Assim, mudara a se<strong>de</strong> do governo da Silúria para Isca,<br />

a enorme fortaleza romana que se erguia nas margens do Usk, no extremo<br />

mais remoto do território da Silúria e muito próximo <strong>de</strong> Gwent. Era o mais<br />

perto que Lancelote conseguia chegar <strong>de</strong> Dumnónia, sem sair da Silúria.<br />

— Ele gosta <strong>de</strong> pavimentos <strong>de</strong> mosaico e pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mármore — disse<br />

Galaad — e em Isca há-os em quantida<strong>de</strong>s sufi cientes para o manter satisfeito.<br />

Juntou todos os druidas da Silúria à sua volta.<br />

— Não há druidas na Silúria — rugiu Merlim. — Nenhum que seja<br />

bom, em todo o caso.<br />

— Aqueles que se autointitulam druidas, então — disse Galaad, pacientemente.<br />

— Há dois que ele estima particularmente e paga-lhes para<br />

que lancem maldições.<br />

— Sobre mim? — perguntei, tocando o ferro que cobria o punho <strong>de</strong><br />

Hywelbane.<br />

— Entre outros — disse Galaad, olhando <strong>de</strong> soslaio para Ceinwyn e<br />

fazendo o sinal da cruz. — Com o tempo, ele acabará por esquecer — acrescentou,<br />

tentando tranquilizar-nos.<br />

— Esquecerá quando estiver morto — disse Merlim — e mesmo assim,<br />

continuará a guardar ressentimento quando atravessar a ponte das<br />

espadas. — Estremeceu, não por temer a inimiza<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lancelote, mas<br />

porque estava com frio. — Quem são esses supostos druidas que ele tanto<br />

estima?<br />

— Os netos <strong>de</strong> Tanaburs — disse Galaad, e eu senti uma mão gelada<br />

apertar-se em redor do meu coração. Eu matara Tanaburs, e embora tivesse<br />

o direito <strong>de</strong> roubar a sua alma, sabia que aquele que ousava matar um<br />

druida não <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ser um louco corajoso. A maldição lançada por um<br />

Tanaburs moribundo ainda me perseguia.<br />

No dia seguinte avançámos <strong>de</strong>vagar, acertando o passo pelo <strong>de</strong> Merlim.<br />

Ele insistia em dizer que se sentia bem e recusava a minha ajuda, mas<br />

cambaleava com frequência, o rosto tornara-se amarelado e macilento e<br />

respirava com difi culda<strong>de</strong>. Julgávamos que ao anoitecer já teríamos ultrapassado<br />

o último <strong>de</strong>sfi la<strong>de</strong>iro, mas à hora em que a clarida<strong>de</strong> diurna entra-<br />

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