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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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Era Nimue, cujo olho dourado refl etia as chamas que brilhavam no<br />

salão estupefacto.<br />

O olhar <strong>de</strong> Ceinwyn <strong>de</strong>ixou Lancelote para se fi xar em Nimue. Em<br />

seguida, muito lentamente, ergueu um braço envolto numa manga branca.<br />

Nimue segurou na mão <strong>de</strong>la e olhou para a princesa com uma expressão<br />

zombeteira. Ceinwyn parou por uma fração <strong>de</strong> segundo, <strong>de</strong>pois fez um aceno<br />

<strong>de</strong> consentimento quase impercetível. De súbito, o som <strong>de</strong> vozes encheu<br />

o salão, quando Ceinwyn virou as costas ao estrado e, guiada por Nimue,<br />

<strong>de</strong>sapareceu por entre a multidão.<br />

As conversas morreram, pois ninguém conseguia encontrar uma explicação<br />

para o que estava a acontecer. Lancelote, que fora abandonado em<br />

pé no estrado, limitava-se a olhar. A boca <strong>de</strong> Artur permanecera aberta enquanto<br />

Cuneglas, meio erguido no seu assento, olhava incrédulo enquanto<br />

a irmã abria caminho através da multidão que se afastava perante o rosto feroz,<br />

marcado e irónico <strong>de</strong> Nimue. Guinevere parecia estar disposta a matar.<br />

Foi então que o olhar <strong>de</strong> Nimue se cruzou com o meu e ela sorriu<br />

fazendo com que eu sentisse o meu coração bater como o <strong>de</strong> um animal<br />

selvagem enjaulado. Nesse momento, Ceinwyn sorriu para mim e eu <strong>de</strong>ixei<br />

<strong>de</strong> ter olhos para Nimue, apenas conseguia ver Ceinwyn, a doce Ceinwyn,<br />

que transportava o cabresto <strong>de</strong> boi através da multidão <strong>de</strong> homens na direção<br />

do lugar que eu ocupava no salão. Os guerreiros abriram alas, mas<br />

eu parecia feito <strong>de</strong> pedra, incapaz <strong>de</strong> me mexer ou <strong>de</strong> falar à medida que<br />

Ceinwyn, com os olhos marejados <strong>de</strong> lágrimas, avançava para mim. Ela<br />

nada disse, limitando-se a segurar o cabresto e a estendê-lo na minha direção.<br />

Um murmúrio <strong>de</strong> espanto cresceu à nossa volta, mas eu ignorei as<br />

vozes. Em vez disso, caí <strong>de</strong> joelhos e aceitei o cabresto. Depois segurei as<br />

mãos <strong>de</strong> Ceinwyn e pressionei-as <strong>de</strong> encontro ao meu rosto que, tal como<br />

o <strong>de</strong>la, estava lavado em lágrimas.<br />

O salão explodiu numa manifestação <strong>de</strong> fúria, protesto e estupefação,<br />

mas Issa permanecia atrás <strong>de</strong> mim erguendo o meu escudo. Nenhum homem<br />

trazia uma arma <strong>de</strong> lâmina afi ada para <strong>de</strong>ntro do palácio <strong>de</strong> um rei,<br />

mas Issa segurava o escudo com a sua estrela <strong>de</strong> cinco pontas como se estivesse<br />

pronto a abater qualquer um que ousasse <strong>de</strong>safi ar aquele momento<br />

espantoso. No outro lado, Nimue rogava pragas a todo o salão num tom <strong>de</strong><br />

voz sibilino, instigando qualquer um dos presentes a <strong>de</strong>safi ar a escolha da<br />

princesa.<br />

Ceinwyn estava ajoelhada e o seu rosto estava próximo do meu.<br />

— Fizestes um juramento, senhor — sussurrou ela, — em como me<br />

protegeríeis.<br />

— Sim, senhora.<br />

— Liberto-vos <strong>de</strong>sse juramento, se é esse o vosso <strong>de</strong>sejo.<br />

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