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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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E Ceinwyn, jurei a mim mesmo, estaria um passo ou dois à nossa<br />

frente, pois eu próprio a mataria antes que um dos homens <strong>de</strong> Diwrnach<br />

pu<strong>de</strong>sse tocar-lhe. Saquei Hywelbane, cuja lâmina estava ainda manchada<br />

pela fuligem sobre a qual Nimue escrevera o seu feitiço, e encostei a ponta<br />

ao rosto <strong>de</strong> Issa.<br />

— Jura — or<strong>de</strong>nei-lhe.<br />

Apoiou-se sobre um dos joelhos.<br />

— Dizei, senhor.<br />

— Se eu morrer, Issa, e Ceinwyn ainda viver, <strong>de</strong>ves matá-la com um<br />

golpe <strong>de</strong> espada antes que os homens <strong>de</strong> Diwrnach possam capturá-la.<br />

Ele beijou a ponta da espada.<br />

— Juro, senhor.<br />

À hora da maré-alta, o re<strong>de</strong>moinho <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong>sapareceram e o<br />

mar fi cou calmo à exceção das ondas batidas pelo vento, que faziam fl utuar<br />

os dois barcos, elevando-os acima dos seixos da praia. Colocámos<br />

os póneis a bordo e em seguida ocupámos os nossos lugares. Os barcos<br />

eram compridos e estreitos e, mal nos tínhamos instalado entre as pegajosas<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca, os barqueiros fi zeram-nos sinal para que tirássemos a<br />

água que se infi ltrara através das tábuas revestidas <strong>de</strong> alcatrão. Usámos os<br />

nossos elmos para vazar o mar gelado e mandá-lo <strong>de</strong> volta ao seu <strong>de</strong>vido<br />

lugar, e eu rezei a Manawydan, o Deus do mar, para que ele nos poupasse<br />

enquanto os barqueiros enfi avam os remos compridos entre os toletes.<br />

Merlim tremia. Nunca até aí vira o seu rosto tão pálido, ainda que tingido<br />

por um amarelo repugnante e salpicado da espuma que escorria dos<br />

cantos do lábios. Não estava consciente e murmurava coisas estranhas no<br />

meio do seu <strong>de</strong>lírio.<br />

Os barqueiros entoavam um estranho cântico à medida que manejavam<br />

os remos, mas fi caram em silêncio quando chegaram à zona central<br />

dos estreitos. Pararam, e um homem em cada um dos barcos gesticulou na<br />

direção do continente, que fi cara para trás.<br />

Virámo-nos. De início, só consegui distinguir a faixa escura da costa,<br />

sob a sombra das montanhas alva como a neve e negra como ardósia. Depois<br />

vi uma forma negra e andrajosa movendo-se logo <strong>de</strong>pois da praia <strong>de</strong><br />

seixos. Era um estandarte, simples faixas <strong>de</strong> trapos fl utuantes amarradas<br />

a um mastro. Instantes <strong>de</strong>pois, porém, uma fi la <strong>de</strong> guerreiros perfi lou-se<br />

acima da margem do estreito. Riam-se na nossa direção, e as suas gargalhadas<br />

sonoras furavam o vento gelado e sobrepunham-se ao rumorejar<br />

das ondas. Todos eles montavam póneis felpudos e todos estavam vestidos<br />

com o que pareciam ser tiras <strong>de</strong> um pano preto andrajoso que, agitadas pela<br />

brisa, fl utuavam como fl âmulas. Estavam armados com escudos e empunhavam<br />

as lanças <strong>de</strong> guerra extremamente compridas <strong>de</strong> que os Irlan<strong>de</strong>ses<br />

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