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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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— Ele acha a Silúria um tédio. Não posso censurá-lo por isso, mas irá<br />

procurar os confortos <strong>de</strong> Dumnónia e será uma serpente no seio <strong>de</strong> Artur.<br />

— Sorriu. — Vós, senhora, <strong>de</strong>veríeis ter sido o seu brinquedo.<br />

— Prefi ro estar aqui — disse Ceinwyn, indicando com um gesto as<br />

nossas toscas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pedra e o travejamento do teto manchado pelo<br />

fumo.<br />

— Mas ele tentará atingir-vos — preveniu-a Merlim. — O seu orgulho<br />

voa mais alto do que a águia <strong>de</strong> Lleullaw, senhora, e Guinevere amaldiçoou-vos.<br />

Matou um cão no templo <strong>de</strong> Ísis e forrou uma ca<strong>de</strong>la estropiada<br />

com a sua pele, dando-lhe <strong>de</strong>pois o vosso nome.<br />

Ceinwyn empali<strong>de</strong>ceu, fez o sinal para afastar o mal e cuspiu para o<br />

fogo.<br />

Merlim encolheu os ombros.<br />

— Eu contra-ataquei essa maldição, senhora — disse ele, esticando<br />

<strong>de</strong>pois os longos braços e inclinando a cabeça para trás, <strong>de</strong> modo que as<br />

tranças adornadas por fi tas quase tocaram o chão coberto <strong>de</strong> juncos. — Ísis<br />

é uma Deusa estrangeira — disse — e o seu po<strong>de</strong>r é fraco nestas paragens.<br />

— Tornou a puxar a cabeça para a frente e esfregou os olhos com as mãos<br />

compridas. — Voltei <strong>de</strong> mãos vazias — disse, tristemente. — Não houve um<br />

só homem em Elmet que tivesse dado um passo em frente, ninguém que o<br />

tivesse feito em lado nenhum. As suas lanças, dizem eles, estão guardadas<br />

para as barrigas saxãs. Não lhes ofereci ouro, nem prata, apenas um combate<br />

em nome dos Deuses. Em troca, eles ofereceram-me as suas preces<br />

e <strong>de</strong>ram ouvidos às mulheres, que lhes falaram <strong>de</strong> fi lhos, cantos <strong>de</strong> fogão<br />

e cabeças <strong>de</strong> gado e eles afastaram-se, furtivos e envergonhados. Oitenta<br />

homens! Era tudo o que eu queria. Diwrnach é capaz <strong>de</strong> juntar duzentos,<br />

talvez uns quantos mais, mas oitenta seriam sufi cientes. No entanto, nem<br />

oito se mostraram dispostos a acompanhar-me. Os seus senhores prestam<br />

agora vassalagem a Artur. O Cal<strong>de</strong>irão, dizem eles, po<strong>de</strong> esperar até que<br />

Lloegyr seja <strong>de</strong> novo nossa. Querem as terras saxãs e o ouro saxão e eu nada<br />

mais lhes ofereci a não ser sangue e frio na Estrada Sombria.<br />

Seguiu-se um silêncio. Um toro <strong>de</strong>smoronou-se na lareira e lançou<br />

uma constelação <strong>de</strong> faíscas na direção do teto escurecido.<br />

— Não houve um só homem que tivesse colocado a sua lança à disposição?<br />

— perguntei, pasmado com as notícias.<br />

— Alguns — disse ele, com <strong>de</strong>sdém, — mas ninguém em quem eu<br />

pu<strong>de</strong>sse confi ar. Ninguém que fosse digno do Cal<strong>de</strong>irão. — Fez um pausa,<br />

parecendo <strong>de</strong> novo cansado. — Luto contra o engodo do ouro saxão e contra<br />

Morgana. Ela está contra mim.<br />

— Morgana! — Não consegui escon<strong>de</strong>r o meu espanto. Morgana, a<br />

irmã mais velha <strong>de</strong> Artur, fora a companheira mais próxima <strong>de</strong> Merlim até<br />

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