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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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lhantes a um conjunto <strong>de</strong> afl oramentos rochosos por que passáramos nessa<br />

manhã. Merlim parecia morto. Tive <strong>de</strong> me ajoelhar ao seu lado e encostar<br />

o meu ouvido ao seu rosto para po<strong>de</strong>r ouvir o arranhar quase inaudível <strong>de</strong><br />

cada uma das suas penosas exalações. Pus a minha mão sobre a testa <strong>de</strong>le e<br />

senti-a fria. Beijei-lhe a face.<br />

— Vivei, senhor — sussurrei-lhe, — vivei.<br />

Nimue disse a um dos meus homens que enterrasse uma lança no<br />

solo. Ele pressionou a ponta da lança na terra rija, <strong>de</strong>pois Nimue pegou<br />

em meia dúzia <strong>de</strong> capas, pendurou-as no topo da lança, e pren<strong>de</strong>ndo as<br />

bainhas das capas com pedras, formou uma espécie <strong>de</strong> tenda. Os cavaleiros<br />

negros formaram um círculo à nossa volta, permanecendo no entanto a<br />

uma distância sufi ciente para não interferirem com a nossa ativida<strong>de</strong>, nem<br />

nós com a <strong>de</strong>les.<br />

Nimue remexeu <strong>de</strong>baixo das suas peles <strong>de</strong> lontra e tirou a taça prateada<br />

pela qual eu bebera no cimo do Dolforwyn e uma pequena garrafa <strong>de</strong><br />

barro vedada com cera. Agachou-se <strong>de</strong>baixo da tenda e fez sinal a Ceinwyn<br />

para que a seguisse.<br />

Enquanto esperava, contemplei as pregas escuras que o vento <strong>de</strong>senhava<br />

na superfície do lago. Foi então que Ceinwyn soltou um grito inesperado.<br />

Tornou a soltar um grito terrível e eu precipitei-me para a tenda,<br />

mas fui <strong>de</strong>tido pela lança <strong>de</strong> Issa. Galaad, que como cristão que era, não era<br />

suposto acreditar em nada do que se estava a passar, colocou-se ao lado <strong>de</strong><br />

Issa e encolheu os ombros.<br />

— Agora que chegámos até aqui — disse ele, — <strong>de</strong>vemos ir até ao fi m.<br />

Ceinwyn gritou <strong>de</strong> novo, e <strong>de</strong>sta vez Merlim ecoou o grito <strong>de</strong>la soltando<br />

um gemido fraco e patético. Ajoelhei a seu lado e tentei não pensar nos<br />

horrores que Ceinwyn estaria a sonhar no interior da tenda negra.<br />

— Senhor — chamou Issa.<br />

Virei-me para ver que ele estava a olhar para sul, para o sítio on<strong>de</strong> um<br />

grupo <strong>de</strong> guerreiros acabava <strong>de</strong> se juntar ao círculo formado pelos Escudos<br />

Sanguinários. A maioria dos recém-chegados vinha montada em póneis,<br />

embora um dos homens montasse um esquálido cavalo negro. O homem,<br />

sabia-o, tinha <strong>de</strong> ser Diwrnach. O seu estandarte esvoaçava atrás <strong>de</strong>le: um<br />

mastro, no cimo do qual estava encaixada uma cruz on<strong>de</strong> estavam pendurados<br />

dois crânios e um conjunto <strong>de</strong> fi tas negras. O rei estava envolto numa<br />

capa preta e sobre o dorso do seu cavalo preto fora colocado um teliz negro.<br />

Empunhava uma enorme lança negra que endireitou no ar antes <strong>de</strong> começar<br />

a avançar num trote lento. Estava sozinho, e quando fi cou a cinquenta<br />

passos <strong>de</strong> distância <strong>de</strong> nós, <strong>de</strong>sapertou o escudo redondo e, com aparato,<br />

virou-o mostrando que não vinha à procura <strong>de</strong> confronto.<br />

Caminhei ao encontro <strong>de</strong>le. Nas minhas costas, Ceinwyn arfava e ge-<br />

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