Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência
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ido pelo vento oeste. Gwilym apontou na direção do fogo com a lâmina da<br />
espada e <strong>de</strong>pois cuspiu para afastar o mal que <strong>de</strong>la po<strong>de</strong>ria advir.<br />
Galaad veio ao meu encontro.<br />
— Um sinal? — perguntou.<br />
— Provavelmente.<br />
— Então eles sabem que estamos aqui? — Benzeu-se.<br />
— Sabem. — Nimue juntou-se a nós. Carregava o pesado bastão negro<br />
<strong>de</strong> Merlim e era a única que parecia transbordar <strong>de</strong> energia naquele<br />
lugar frio e morto. Merlim estava doente, nós estávamos paralizados pelo<br />
medo, mas quanto mais penetrávamos nas terras sombrias <strong>de</strong> Diwrnach,<br />
mais feroz Nimue se tornava. Estava a aproximar-se do Cal<strong>de</strong>irão, e a atração<br />
que este exercia infl amava-lhe os ossos. — Estamos a ser observados.<br />
— Po<strong>de</strong>s escon<strong>de</strong>r-nos? — perguntei, <strong>de</strong>sejoso <strong>de</strong> um dos seus feitiços<br />
<strong>de</strong> dissimulação.<br />
Abanou a cabeça.<br />
— Estamos no país <strong>de</strong>les, Derfel, on<strong>de</strong> os Deuses <strong>de</strong>les são po<strong>de</strong>rosos.<br />
Esboçou um sorriso escarninho quando Galaad fez o sinal da cruz<br />
pela segunda vez.<br />
— O vosso Deus crucifi cado não <strong>de</strong>rrotará Crom Dubh — disse.<br />
— Ele está aqui? — perguntei, receoso.<br />
— Ou alguém como ele — disse ela.<br />
Crom Dubh era o Deus Negro, um horror estropiado e malévolo que<br />
provocava pesa<strong>de</strong>los aterradores. Os outros Deuses, dizia-se, evitavam<br />
Crom Dubh, o que indicava que estávamos sós, à mercê do seu po<strong>de</strong>r.<br />
— Nesse caso estamos con<strong>de</strong>nados — disse Gwilym, num tom categórico.<br />
— Louco! — invetivou Nimue. — Só estaremos con<strong>de</strong>nados se não<br />
conseguirmos encontrar o Cal<strong>de</strong>irão. Então, sim, estaremos todos irremediavelmente<br />
perdidos. Vais fi car a olhar para aquele fumo o dia inteiro? —<br />
perguntou-me ela.<br />
Afastámo-nos. Merlim já não conseguia falar e os seus <strong>de</strong>ntes tiritavam,<br />
ainda que amontoássemos peles sobre ele.<br />
— Ele está a morrer — disse Nimue, calmamente.<br />
— Nesse caso <strong>de</strong>veríamos procurar um abrigo — disse eu — e acen<strong>de</strong>r<br />
uma fogueira.<br />
— Para que todos possamos estar quentes quando formos massacrados<br />
pelos soldados <strong>de</strong> Diwrnach? — escarneceu ela. — Ele está a morrer,<br />
Derfel — explicou — porque está perto do seu sonho e porque fez um acordo<br />
com os Deuses.<br />
— A vida <strong>de</strong>le em troca do Cal<strong>de</strong>irão? — perguntou Ceinwyn, aproximando-se<br />
do lado oposto.<br />
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