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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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uma vez para pegar em Hywelbane, que estava pendurada num gancho<br />

suspenso da trave principal do teto, e vi-a sorrir quando reconheceu os dois<br />

fragmentos <strong>de</strong> osso incrustados no punho da espada. Desembainhou a lâmina,<br />

aproximando-a em seguida da zona da lareira on<strong>de</strong> havia mais fumo.<br />

Quando o metal fi cou coberto <strong>de</strong> fuligem, rabiscou com cuidado uma inscrição<br />

com um pedaço <strong>de</strong> palha. As letras eram diferentes <strong>de</strong>stas com que<br />

eu agora escrevo, e que são empregues tanto por nós como pelos Saxões;<br />

eram carateres mágicos e antigos, simples traços cortados por barras que só<br />

os druidas e os feiticeiros utilizavam. Apoiou a bainha da espada contra a<br />

pare<strong>de</strong> e tornou a pendurar a espada no gancho respetivo, mas não adiantou<br />

qualquer explicação sobre o signifi cado do que tinha estado a escrever.<br />

Merlim ignorou-a.<br />

Abriu os olhos subitamente e a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> que aparentara foi substituída<br />

por uma terrível ferocida<strong>de</strong>.<br />

— Lanço uma maldição — disse, lentamente — sobre as criaturas da<br />

Silúria. — Estalou os <strong>de</strong>dos na direção do fogo e uma língua <strong>de</strong> chamas<br />

mais vivas fez estalar a ma<strong>de</strong>ira. — Que as suas colheitas mirrem — rugiu,<br />

— o seu gado se torne estéril, os fi lhos aleijados, as lâminas das suas espadas<br />

se partam e os seus inimigos saiam vitoriosos.<br />

Para ele, tratava-se <strong>de</strong> uma maldição suave, mas a sua voz <strong>de</strong>ixava<br />

transparecer uma malevolência sibilante.<br />

— E quanto a Gwent — continuou, — or<strong>de</strong>no que sobre ela se abata a<br />

peste, que caiam geadas no verão e que os ventres mirrem até se tornarem<br />

ocos. — Cuspiu para as chamas. — Em Elmet — disse ele, — as lágrimas<br />

formarão lagos, as pragas encherão as sepulturas e os ratos tomarão conta<br />

dos lares. — Tornou a cuspir. — Quantos homens levarás contigo, Derfel?<br />

— Todos os que tenho, senhor. — Hesitei em admitir quão reduzido<br />

era o seu número, mas por fi m respondi: — Vinte escudos.<br />

— E os teus homens que ainda estão com Galaad? — Lançou-me um<br />

rápido olhar <strong>de</strong> relance, os olhos escondidos <strong>de</strong>baixo das farfalhudas sobrancelhas<br />

brancas. — Quantos são?<br />

— Não tive notícias <strong>de</strong>les, senhor.<br />

Esboçou um sorriso <strong>de</strong> escárnio.<br />

— Formaram uma guarda palaciana para Lancelote. Ele insistiu nisso.<br />

Transformou o irmão em porteiro.<br />

Galaad era meio-irmão <strong>de</strong> Lancelote e o mais diferente <strong>de</strong>le que se<br />

possa imaginar.<br />

— Ainda bem — Merlim olhou para Ceinwyn — que não haveis <strong>de</strong>sposado<br />

Lancelote, senhora.<br />

Ela sorriu-me.<br />

— Também penso assim, senhor.<br />

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