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Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

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Puxou a pele <strong>de</strong> urso <strong>de</strong> Merlim para cima dos ombros e curvou-se para a<br />

frente.<br />

— Os Tesouros — disse ela — foram-nos <strong>de</strong>ixados pelos Deuses. Foi<br />

há muito tempo, quando a Bretanha estava completamente sozinha no<br />

mundo. Não havia outros países; apenas a Bretanha e um vasto mar coberto<br />

por uma espessa neblina. Nesse tempo havia doze tribos na Bretanha e<br />

doze reis e doze salões <strong>de</strong> consagração e apenas doze Deuses. Estes Deuses<br />

caminhavam pela terra tal como nós, e Bel, um <strong>de</strong>les, chegou a casar com<br />

uma humana; e esta senhora — fez um gesto na direção <strong>de</strong> Ceinwyn, que<br />

a escutava com uma atenção tão ávida como qualquer um dos soldados —<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse casamento.<br />

Calou-se quando um grito soou no círculo <strong>de</strong> fogueiras. Esse grito,<br />

porém, não pressagiava qualquer ameaça e o silêncio tornou a cair sobre a<br />

noite enquanto Nimue prosseguia o seu relato.<br />

— Outros Deuses, no entanto, que sentiam inveja dos doze que governavam<br />

a Bretanha, <strong>de</strong>sceram das estrelas e tentaram roubar a Bretanha<br />

aos doze Deuses, e as doze tribos sofreram durante as batalhas. Uma lança<br />

arremessada por um Deus podia matar uma centena <strong>de</strong> pessoas e nenhum<br />

escudo terreno era capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>ter a espada <strong>de</strong> um Deus; por isso, os doze<br />

Deuses, em virtu<strong>de</strong> do amor que sentiam pela Bretanha, <strong>de</strong>ram às doze<br />

tribos doze Tesouros. Cada Tesouro <strong>de</strong>via ser guardado num castelo real<br />

e a presença do Tesouro impediria que as lanças dos Deuses atingissem o<br />

castelo ou qualquer um dos seus habitantes. Não eram coisas grandiosas. Se<br />

os doze Deuses nos tivessem oferecido coisas esplêndidas, os outros Deuses<br />

tê-las-iam visto, adivinhado a sua fi nalida<strong>de</strong> e tê-los-iam roubado para sua<br />

própria proteção. Por isso, as doze oferendas eram apenas objetos comuns:<br />

uma espada, um cesto, um corno, um carro, um cabresto, uma faca, uma<br />

pedra <strong>de</strong> amolar, um casaco com mangas, uma capa, um prato, um escudo<br />

e um anel <strong>de</strong> guerreiro. Doze objetos comuns, e tudo o que os Deuses nos<br />

pediram foi que preservássemos os doze Tesouros, que os guardássemos<br />

em local seguro e que os venerássemos. Em troca, para além <strong>de</strong> ter a proteção<br />

dos Tesouros, cada tribo podia usar o seu presente para convocar o seu<br />

Deus. Tinham direito a uma convocação por ano, e apenas uma, mas essa<br />

convocação conferia às tribos algum po<strong>de</strong>r na terrível guerra dos Deuses.<br />

Interrompeu o relato e aconchegou ainda mais as peles em torno dos<br />

ombros magros.<br />

— As tribos possuíam então os seus Tesouros — prosseguiu, — mas<br />

graças ao gran<strong>de</strong> amor que Bel sentia por essa rapariga terrena, presenteou-a<br />

com um décimo terceiro Tesouro. Ofereceu-lhe o Cal<strong>de</strong>irão e disse-lhe<br />

que sempre que começasse a envelhecer, apenas tinha <strong>de</strong> encher o<br />

Cal<strong>de</strong>irão com água e mergulhar lá <strong>de</strong>ntro para recuperar a juventu<strong>de</strong>.<br />

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