13.04.2013 Views

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

Tradução de Ana Faria e Isabel Andrade - Saída de Emergência

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Nunca — prometi eu.<br />

Ela afastou-se ligeiramente.<br />

— Não me casarei com nenhum homem, Derfel — preveniu-me suavemente,<br />

os olhos fi xos nos meus. — Dar-vos-ei tudo, exceto o casamento.<br />

— Então dais-me tudo o que eu po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>sejar, senhora — disse eu,<br />

com um nó na garganta e os olhos toldados por lágrimas <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>. Sorri<br />

e <strong>de</strong>volvi-lhe o cabresto. — É vosso — disse.<br />

Ela sorriu perante o meu gesto, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ixou cair o cabresto sobre a<br />

palha e beijou-me suavemente numa das faces.<br />

— Acho — murmurou-me ao ouvido, maliciosamente — que esta festa<br />

correrá melhor sem a nossa presença.<br />

Nesse momento levantámo-nos e, <strong>de</strong> mãos dadas, ignorando perguntas,<br />

protestos e até alguns vivas, encaminhámo-nos para a noite enluarada.<br />

Atrás <strong>de</strong> nós cresceu a confusão e a fúria e à nossa frente estendia-se uma<br />

multidão <strong>de</strong> pessoas perplexas que atravessámos lado a lado.<br />

— A casa por baixo <strong>de</strong> Dolforwyn — disse Ceinwyn — está à nossa<br />

espera.<br />

— A casa que tem as macieiras? — perguntei, recordando o que me<br />

dissera sobre a pequena casa com que sonhava quando era criança.<br />

— Essa mesmo — disse ela. Para trás fi cara a multidão aglomerada às<br />

portas do salão e caminhávamos agora na direção do portão <strong>de</strong> Caer Sws,<br />

iluminado por tochas. Issa juntara-se a mim <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter ido buscar as<br />

nossas espadas e lanças, e Nimue seguia ao lado <strong>de</strong> Ceinwyn. Três das servas<br />

<strong>de</strong> Ceinwyn corriam atrás <strong>de</strong> nós, assim como uma vintena dos meus<br />

homens.<br />

— Ten<strong>de</strong>s a certeza disto? — perguntei a Ceinwyn como se <strong>de</strong> alguma<br />

maneira ela pu<strong>de</strong>sse inverter o curso dos últimos minutos e <strong>de</strong>volver o cabresto<br />

a Lancelote.<br />

— Estou mais certa disto — disse Ceinwyn calmamente — do que <strong>de</strong><br />

qualquer coisa que tenha feito até aqui. — Lançou-me um olhar divertido.<br />

— Alguma vez duvidaste <strong>de</strong> mim, Derfel?<br />

— Duvi<strong>de</strong>i <strong>de</strong> mim mesmo — disse eu.<br />

Ela apertou a minha mão.<br />

— Não pertenço a homem nenhum — disse ela, — sou apenas senhora<br />

<strong>de</strong> mim mesma. — Depois riu <strong>de</strong>liciada, largou a minha mão e <strong>de</strong>satou<br />

a correr. As violetas soltavam-se dos seus cabelos à medida que ela<br />

corria através da erva, impelida por uma alegria genuína. Corri atrás <strong>de</strong>la,<br />

enquanto nas nossas costas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a estupefacta entrada do palácio, Artur<br />

chamava por nós pedindo-nos que regressássemos.<br />

Mas nós continuámos a correr. Direitos ao caos.<br />

77

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!