30.04.2013 Views

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

conseqüências, tanto para a coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> quanto para os indivíduos. Os esforços<br />

para <strong>de</strong>ter a rachadura <strong>da</strong> cordilheira, a repercussão do caso entre o povo e as<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> outros países, o êxodo dos turistas e <strong>de</strong> parte <strong>da</strong> população <strong>da</strong><br />

península, as invasões dos hotéis <strong>em</strong> Portugal, os fatos inusitados ocorridos com as<br />

personagens principais, na<strong>da</strong> escapa a essa enti<strong>da</strong><strong>de</strong> quase onipresente na<br />

narrativa, que por várias vezes exerce a função <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar movimentos.<br />

É, por ex<strong>em</strong>plo, por meio <strong>da</strong> televisão que Joaquim Sassa fica sabendo que a<br />

terra tr<strong>em</strong>e sob os pés <strong>de</strong> um farmacêutico espanhol. É pelo rádio do automóvel que<br />

toma conhecimento <strong>de</strong> que está sendo procurado pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s. É também por<br />

meio dos veículos <strong>de</strong> comunicação que Joana Car<strong>da</strong> fica sabendo <strong>da</strong> existência <strong>de</strong><br />

<strong>José</strong> Anaiço, Joaquim Sassa e Pedro Orce. No interior <strong>da</strong> Galícia, Maria Guavaira<br />

sabe do que se passa no mundo pelo rádio que t<strong>em</strong> na cozinha. Um aparelho <strong>de</strong><br />

rádio, aliás, viaja s<strong>em</strong>pre com as personagens. Enfim, a importância do papel<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado pela imprensa é tal, que sua voz chega a ser confundi<strong>da</strong> com o<br />

próprio silêncio. Como diz o narrador:<br />

4.9 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong><br />

122<br />

[...] Neste momento <strong>de</strong>ve haver na península um silêncio geral,<br />

as notícias ouv<strong>em</strong>-se nas casas e nas praças (p.191). 285<br />

A Península Ibérica <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha, como se viu, os papéis actanciais <strong>de</strong> sujeito<br />

<strong>de</strong> estado e <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong> fazer dos programas narrativos <strong>de</strong> uso e <strong>de</strong> base. Vejam-<br />

se alguns percursos figurativos que lhe são reportados:<br />

285 Ibid<strong>em</strong>, p. 291.<br />

286 Ibid<strong>em</strong>, p. 43.<br />

[...] massa <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> e terra coberta <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, al<strong>de</strong>ias, rios,<br />

bosques, fábricas, matos bravios, campos cultivados, com a sua gente e os<br />

seus animais, começou a mover-se barca que se afasta do porto e aponta<br />

ao mar outra vez <strong>de</strong>sconhecido. 286

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!