30.04.2013 Views

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Joaquim Sassa, outro ex<strong>em</strong>plo, pertencia “à arraia-miú<strong>da</strong> dos <strong>em</strong>pregados <strong>de</strong><br />

escritório”. Levava vi<strong>da</strong> meio tranqüila na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Porto até que, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<br />

lançado uma pesa<strong>da</strong> <strong>pedra</strong> ao mar, interrompe suas férias, <strong>de</strong>ixa sua casa e vai à<br />

Espanha, ao encontro <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong> que diz sentir a terra tr<strong>em</strong>er. Logo, abandonará<br />

também o <strong>em</strong>prego. Nesse t<strong>em</strong>po já haverá conhecido Maria Guavaira. Esta, por<br />

sua vez, <strong>de</strong>stramou o fio que foi buscar este hom<strong>em</strong>, com qu<strong>em</strong> manterá um<br />

relacionamento amoroso. Já o professor <strong>José</strong> Anaiço, por conta <strong>de</strong> um bando <strong>de</strong><br />

estorninhos que lhe segu<strong>em</strong> o t<strong>em</strong>po todo, é levado a largar ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e escola. Mas é<br />

por conta <strong>de</strong>sses mesmos passarinhos que Joana Car<strong>da</strong> v<strong>em</strong> a seu encontro, para<br />

viver uma história <strong>de</strong> amor. Na lista <strong>de</strong> personagens principais, po<strong>de</strong>-se incluir ain<strong>da</strong><br />

o cão Ar<strong>de</strong>nt e Roque Lozano. O cão, <strong>em</strong>u<strong>de</strong>cido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo <strong>da</strong> narrativa, dá<br />

um uivo por ocasião <strong>da</strong> morte <strong>de</strong> Pedro Orce. Roque, montado num burro, viaja<br />

rumo aos Pireneus: quer ver a rachadura pelos próprios olhos.<br />

Já os enunciados <strong>de</strong> fazer são os que mostram as transformações, isto é, os<br />

que correspond<strong>em</strong> à passag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um enunciado <strong>de</strong> estado a outro. Neste caso, o<br />

objeto já não é mais uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong>, como ocorre no caso dos enunciados <strong>de</strong><br />

estados, mas sim uma relação, seja ela conjuntiva ou disjuntiva, a ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong>s que<br />

se acaba <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver. Em outras palavras, o sujeito <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> enunciado é<br />

aquele que transforma um estado <strong>da</strong>do <strong>em</strong> outro estado. Se, por um lado, os<br />

enunciados <strong>de</strong> estados colocam <strong>em</strong> jogo os dois actantes sujeito e objeto, por outro,<br />

os enunciados <strong>de</strong> fazer não pressupõ<strong>em</strong> somente dois estados sucessivos e<br />

diferentes, mas também um sujeito do fazer (= S1), assim chamado na s<strong>em</strong>iótica<br />

para se diferenciar do sujeito dito <strong>de</strong> estado (= S2), <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />

investimento s<strong>em</strong>ântico S1 e S2 possam ser o mesmo.<br />

Aqui vale l<strong>em</strong>brar, junto com Courtés, 22 que o enunciado <strong>de</strong> fazer é<br />

constituído por dois enunciados <strong>de</strong> base compl<strong>em</strong>entares: o próprio enunciado <strong>de</strong><br />

fazer, que rege um enunciado <strong>de</strong> estado pressuposto. Isto é, o sujeito do fazer faz<br />

com que o sujeito <strong>de</strong> estado, anteriormente <strong>em</strong> disjunção, entre <strong>em</strong> conjunção com<br />

<strong>de</strong>terminado objeto <strong>de</strong> valor, ou vice-versa. É esta a formulação que se configura<br />

como a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> base à qual se dá o nome <strong>de</strong> programa narrativo (PN). Têm-se<br />

assim duas formulações possíveis. Uma indica do estado conjuntivo alcançado.<br />

22 COURTÉS, Joseph. Analyse sémiotique du discours: <strong>de</strong> l’énoncé à l’noncioacion. Paris,<br />

Hachette, 1991, pp. 79-82.<br />

19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!