30.04.2013 Views

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

para estas não retornarão. Ao contrário, estabelecerão novos laços <strong>de</strong> afeto e<br />

amiza<strong>de</strong>, <strong>em</strong> lugares diferentes. Afirma-se <strong>de</strong>sta forma que houve performance, a<br />

qual faz pressupor <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> competência do sujeito do fazer. Mas o que<br />

possibilita à península e às personagens realizar – /po<strong>de</strong>r fazer/ – a performance?<br />

Já foi visto que a busca <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> união só é viável a partir <strong>da</strong><br />

ruptura, compreendi<strong>da</strong> aqui como programa narrativo <strong>de</strong> uso, o qual coloca <strong>em</strong> jogo<br />

valores mo<strong>da</strong>is relativos à aquisição <strong>de</strong> competência. Procura-se saber agora o que<br />

(ou qu<strong>em</strong>) torna factível essa ruptura e o que (ou qu<strong>em</strong>) torna factível a busca <strong>de</strong><br />

novos caminhos. No texto <strong>em</strong> estudo, levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração por enquanto<br />

apenas a leitura que <strong>de</strong>ste se po<strong>de</strong> fazer no plano do fantástico, é o sobrenatural 27<br />

que se apresenta como <strong>de</strong>stinador-manipulador do programa narrativo <strong>de</strong> uso que<br />

<strong>de</strong>screve a primeira transformação <strong>de</strong> estado dos sujeitos, isto é, o rompimento,<br />

tanto no plano coletivo quanto no individual, conforme formulações abaixo.<br />

No plano coletivo:<br />

PN2 - F1 { sobrenatural → F2 { Península → (Península ∪ Europa)}}<br />

No pano individual:<br />

PN2 - F1 { sobrenatural → F2 { personagens → (personagens ∪ valores tradicionais)}}<br />

Leia-se o que afirma o narrador:<br />

Sabido é que todo efeito t<strong>em</strong> sua causa, e esta é uma universal<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém, não é possível evitar alguns erros <strong>de</strong> juízo, ou <strong>de</strong> simples<br />

i<strong>de</strong>ntificação, pois acontece consi<strong>de</strong>rarmos que este efeito provém <strong>da</strong>quela<br />

causa, quando afinal ela foi outra, muito fora do alcance do<br />

entendimento que t<strong>em</strong>os e <strong>da</strong> ciência que julgávamos ter. 28<br />

27 O termo sobrenatural, neste contexto, é utilizado no sentido <strong>de</strong> algo que é superior à natureza<br />

humana, uma vez que, no enredo <strong>de</strong> A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, tudo faz crer que o rompimento dos<br />

Pirineus esteja relacionado com fatos inusitados.<br />

28 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p.12.<br />

24

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!