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A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...

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Nesse ponto do enredo, o conteúdo do discurso narrado anteriormente já é do<br />

conhecimento não só do narrador e do narratário como também <strong>da</strong>s personagens,<br />

que haviam escutado a fala do primeiro-ministro <strong>de</strong> Portugal através do rádio.<br />

Já o nós exclusivo, ou seja, aquele que não inclui o interlocutor (o leitor), é<br />

utilizado, <strong>em</strong> 6,28% <strong>da</strong>s vezes, <strong>de</strong> modo a causar a impressão <strong>de</strong> que o narrador<br />

está junto <strong>da</strong>s personagens, isto é, que se encontra no mesmo local, participando<br />

dos mesmos acontecimentos. Leiam-se os ex<strong>em</strong>plos:<br />

[...] Se Micena não foi nome <strong>de</strong> mulher [...] talvez que a estas<br />

r<strong>em</strong>otíssimas paragens tenham chegado uns gregos <strong>de</strong> Micenas [...] <strong>em</strong><br />

algum sítio haveriam eles <strong>de</strong> replantar o toponímico pátrio, calhou ser aqui,<br />

b<strong>em</strong> mais longe que <strong>de</strong> Cerbère, no coração do inferno, e nunca tão longe<br />

como agora, que vamos navegando. 129<br />

[...] mas a apregoa<strong>da</strong> rotação significaria que a península estaria a<br />

torcer-se sobre o seu próprio eixo [...] o resultado seria partir-se o núcleo<br />

central mais tar<strong>de</strong> ou mais cedo, e então, sim, ficaríamos à <strong>de</strong>riva s<strong>em</strong><br />

amarras, entregues aos baldões <strong>da</strong> sorte. 130<br />

É ain<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong> utilização do nós exclusivo que o narrador <strong>de</strong>ixa<br />

transparecer sua nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

[...] Portugal e Espanha terão <strong>de</strong> resolver os seus probl<strong>em</strong>as locais,<br />

menos os espanhóis do que nós, que a eles s<strong>em</strong>pre a história e o <strong>de</strong>stino<br />

trataram com mais do que evi<strong>de</strong>nte parciali<strong>da</strong><strong>de</strong>. 131<br />

Além dos pronomes pessoais do caso reto, outros conjuntos gramaticais<br />

serv<strong>em</strong> para expressar a pessoa. Trata-se dos pronomes oblíquos, dos pronomes<br />

possessivos adjetivos, dos pronomes substantivos e <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sinências número-<br />

pessoais dos verbos. 132<br />

129 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 75.<br />

130 Ibid<strong>em</strong>, p. 287.<br />

131 Ibid<strong>em</strong>, p. 203.<br />

132 Apenas se constituíram objeto do presente estudo as <strong>de</strong>sinências número-pessoais <strong>da</strong> primeira do<br />

plural.<br />

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