A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...
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homens imaginários”. Se, como diz Oliveira Martins 291 , o Sebastianismo foi “uma<br />
explosão simples <strong>da</strong> <strong>de</strong>sesperança, uma manifestação do génio natural íntimo <strong>da</strong><br />
raça, e uma abdicação <strong>da</strong> história”, A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> propõe, ain<strong>da</strong> que por meio<br />
do mito, do sobrenatural e <strong>da</strong> escrita, uma retoma<strong>da</strong> ativa <strong>da</strong> história pelos povos<br />
ibéricos.<br />
4.10 T<strong>em</strong>po, caos e amor<br />
Ain<strong>da</strong> no que se refere às figuras, sabe-se que diferentes percursos<br />
figurativos pod<strong>em</strong> concretizar o mesmo “t<strong>em</strong>a”. Em outras palavras, um <strong>de</strong>terminado<br />
“t<strong>em</strong>a” po<strong>de</strong> ser explicitado por diferentes percursos t<strong>em</strong>áticos, que<br />
conseqüent<strong>em</strong>ente serão revestidos por percursos figurativos também diferentes. A<br />
esse “t<strong>em</strong>a genérico” que aparece como um conjunto <strong>de</strong> significações virtuais<br />
suscetíveis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> realiza<strong>da</strong>s por formas discursivas diversas dá-se o nome <strong>de</strong><br />
configuração discursiva. Uma configuração discursiva é um lex<strong>em</strong>a do discurso que<br />
engloba várias transformações narrativas, diversos percursos t<strong>em</strong>áticos e diferentes<br />
percursos figurativos. No texto <strong>em</strong> estudo, realizam-se como configurações<br />
discursivas os lex<strong>em</strong>as t<strong>em</strong>po, caos e amor.<br />
Leiam-se primeiramente os fragmentos abaixo:<br />
124<br />
[...] Quantas vezes, para mu<strong>da</strong>r a vi<strong>da</strong>, precisamos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> inteira,<br />
pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, <strong>de</strong>pois voltamos ao<br />
princípio, tornamos a pensar e a pensar, <strong>de</strong>slocamo-nos nas calhas do<br />
t<strong>em</strong>po com um movimento circular [...] Outras vezes uma palavra é<br />
quanto basta . 292<br />
[...] Pedro Orce disse, Vamos, era t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o passado<br />
entregue à sua inquieta paz. 293<br />
[...] Pedro Orce [...] voltou-se para os companheiros, Há<br />
momentos que avisam quando chegam, a terra tr<strong>em</strong>e <strong>de</strong>baixo <strong>da</strong>s<br />
patas <strong>de</strong>ste cão. 294<br />
291 MARTINS, Oliveira. História <strong>de</strong> Portugal. Lisboa, Guimarães Editores. 1987, p.287.<br />
292 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 80.<br />
293 Ibid<strong>em</strong>, p. 82.