A reconstrução da identidade em A jangada de pedra, de José ...
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[...] Maria Guavaira disse <strong>em</strong> voz alta e clara, Há um t<strong>em</strong>po para<br />
estar e um t<strong>em</strong>po para partir, ain<strong>da</strong> não chegou o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> voltar, e<br />
Joaquim Sassa perguntou, Para on<strong>de</strong> quer<strong>em</strong>os ir, Por aí s<strong>em</strong> <strong>de</strong>stino,<br />
Vamos ao outro lado <strong>da</strong> península, propôs Pedro Orce, nunca vi os<br />
Pirenéus. 38<br />
Em muitas situações, é a percepção instintiva a respeito dos acontecimentos<br />
que move estas pessoas:<br />
Há um acordo entre este cão e estas pessoas, quatro seres<br />
racionais consent<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar-se conduzir pelo instinto animal,<br />
salvo se estão todos eles a ser atraídos por um íman colocado ao norte ou<br />
puxados pela outra ponta <strong>de</strong> um fio azul gémeo <strong>de</strong>ste que o cão não<br />
larga. 39<br />
Nota-se com isso que, se o <strong>de</strong>stinador-manipulador do programa narrativo <strong>de</strong><br />
uso (o sobrenatural) obriga, por meio <strong>da</strong> provocação, península e personagens a<br />
<strong>em</strong>preen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a separação, este /<strong>de</strong>ver fazer/ logo estará associado a um /querer<br />
fazer/ a transformação, viabilizado pelo <strong>de</strong>stinador-manipulador do programa<br />
narrativo <strong>de</strong> base, que é o espírito <strong>de</strong> aventura. Vejam-se as seguintes formulações:<br />
PN1 - F1{espírito <strong>de</strong> aventura → F2 { Península → (Península ∩ H<strong>em</strong>isfério Sul)}}<br />
PN1 - F1{espírito <strong>de</strong> aventura → F2 { personagens → (personagens ∩ novos valores)}}<br />
Uma vez <strong>de</strong>sgarra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Europa, a Península Ibérica se lança ao mar:<br />
38 A janga<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>pedra</strong>, p. 234.<br />
39 Ibid<strong>em</strong>, p. 168.<br />
[...] sentiu-se passar nos ares um gran<strong>de</strong> sopro, como a primeira<br />
respiração profun<strong>da</strong> <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> acor<strong>da</strong>, e a massa <strong>de</strong> <strong>pedra</strong> e terra, coberta<br />
<strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, al<strong>de</strong>ias, rios, bosques, fábricas, matos bravios, campos<br />
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